Há 19 anos, Fabiano da Silva Pereira via televisão pela primeira vez. Na zona rural de Ponta Porã, o recurso chegou tarde, assim como a energia elétrica. Com as cores vieram também as primeiras competições de corrida de rua, transmitidas na época pelos canais abertos. Foi aí que Fabiano, hoje corredor profissional, assistiu o atleta Franck Caldeira ganhar a maratona de São Silvestre de 2006. O homem se tornou ídolo para o jovem e anos depois o sonho de correr com ele virou realidade.
Em uma das vindas de Franck para Bonito, cidade onde Fabiano mora, o encontro aconteceu e o treino finalmente saiu do imaginário.
“Minha história com a corrida começou na região de assentamento. Foi a primeira vez que vi televisão, quando acompanhei a corrida foi justamente quando ele ganhou. Ali já peguei gosto pelo esporte. Nesse período passei a acompanhar mais. É um cara que viveu e vive o esporte por muitos anos. Para gente como atleta da cidade, que está tentando construir uma história no esporte é muito gratificante correr com ele”.
Há 14 anos no meio, o atleta sul-mato-grossense conta que a influência do ídolo ajudou o processo de descobrimento dele como corredor e que o treino juntos foi a realização de um sonho de menino.
“Em um dia você tem 15 anos, está sentado vendo tudo, vendo ele ser campeão e no outro, tanto tempo depois, 19 anos depois, ter a oportunidade de treinar com ele é muito gratificante e satisfatório. Espero que eu tenha mais oportunidades de treinar com ele”.
A corrida ganhou espaço definitivo no coração de Fabiano em 2016, durante o tempo em que serviu ao exército. Antes, o que era para manter a saúde e um bom condicionamento físico virou coisa séria é sinônimo de várias conquistas. Algumas delas são a Maratona de Campo Grande, Bonito 21k, Trail Run Serra da Bodoquena e La Misión Brasil.
“Sempre tive muita admiração e vejo que no nosso pais não tem muita valorização dos atletas que construíram a história do esporte. O que eu faço corrida influencia muito outras partes da minha vida. Pra mim ela é mais que competição e performance. Corrida é qualidade de vida e válvula de escape do estresse, da rotina.
Sem conseguir viver apenas do esporte, Fabiano divide o tempo entre os treinos e o serviço de almoxarifado em um hotel da cidade. Aos 33 anos o corredor comenta que recebe mensagens de incentivo e relatos que pessoas que começaram a correr por causa dele.
“Através do esporte consegui ajudar muitas pessoas, fui instrutor de artes marciais também. Saber que tinham algumas que nunca praticaram atividade física e hoje correm é incrível. Acho que a coisa mais gratificante é receber uma mensagem da pessoa falando que começou a correr por causa de você”.
Fonte:Campo Grande News