Reeleito com 81,3% dos votos no dia 6 de outubro, o prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), que se diz o “mais louco do Brasil”, foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta terça-feira (22) por conta de suposto superfaturamento na compra de merenda escolar.
Agentes da Polícia Federal, que ainda não haviam divulgado informações oficiais até a publicação desta reportagem, recolheram documentos na sede da prefeitura em busca de evidências que possam comprovar supostas irregularidades apontadas por um relatório da Controladoria Geral da União (CGU).
A operação foi acompanhada por auditores da CGU e uma sala da Polícia Civil foi requisitada para que os agentes da PF tomassem o depoimento de servidores que tiveram relação com a licitação que está sob suspeita.
De acordo com esse relatório, o superfaturamento ocorreu na compra de itens como carne bovina, carne de frango, ovos, pão, leite e outros alimentos destinados à merenda escolar. O sobrepreço chega à casa dos R$ 225 mil.
Enquanto os supermercados de Ivinhema consultados pela CGU cobravam, em média, R$ 33,99 pelo quilo da carne bovina nas especificações contidas no edital, o município pagou R$ 44,90 pelo produto, resultando em uma diferença de R$ 10,91 por quilo.
Como foram adquiridos 9 mil quilos de carne durante o período analisado, o sobrepreço na compra de carne bovina foi de R$ 98.190,00.
Além disso, houve sobrepreço, com posterior superfaturamento, na compra de pão francês. A prefeitura pagou R$ 16,20 pelo quilo do pão, enquanto o preço estipulado no Diário Oficial, que deveria ser seguido, era de R$ 10,61, gerando uma diferença de R$ 61.490,00 em recursos públicos repassados pelo governo federal.
“Houve prática de superfaturamento decorrente de sobrepreço contratual no Pregão Eletrônico nº 21/2022 no valor apurado de R$ 224.955,00 (R$ 155.515,00 em favor da C E G de Matos EIRELI e R$ 69.440,00 em favor da B A Marques LTDA), o equivalente a 20% do valor da amostra (10 itens de maior materialidade financeira — 81,03% do valor total adjudicado)”, apontou trecho do relatório da CGU.
A prefeitura de Ivinhema não ofereceu qualquer explicação ao órgão federal de controle sobre as inconsistências encontradas.
O sobrepreço foi identificado nos seguintes itens:
• 12 mil quilos de frango: sobrepreço de R$ 14,1 mil;
• 12 mil litros de leite pasteurizado: sobrepreço de R$ 17,4 mil;
• 3 mil litros de óleo de soja refinado: sobrepreço de R$ 12,4 mil;
• 3 mil quilos de feijão carioquinha tipo 1: sobrepreço de R$ 2,1 mil;
• 3 mil dúzias de ovos de galinha brancos: sobrepreço de R$ 1,4 mil;
• 2 mil quilos de cenoura: sobrepreço de R$ 15,3 mil;
• 2,5 mil quilos de repolho: sobrepreço de R$ 10,025 mil;
• 9 mil quilos de carne bovina: sobrepreço de R$ 98,1 mil;
• 11 mil pães franceses: sobrepreço de R$ 14,1 mil.
Em contrapartida, o município pagou um item com preço abaixo da média de mercado: R$ 7,6 mil pela compra de 6 mil quilos de coxa e sobrecoxa de frango.
Digital influencer
Nas redes sociais, Juliano Ferro é conhecido como “o prefeito mais louco do Brasil”. No Instagram, por exemplo, tem 767 mil seguidores.
Esta não foi a primeira vez a ser alvo da Polícia Federal. No último dia 3 de setembro, prestou depoimento em uma investigação por suposta omissão de informações à Justiça Eleitoral.
Nas redes sociais ostentava a posse de duas caminhonhetes, avaliadas em R$ 800 mil, mas na declaração de bens à Justiça Eleitoral elas não apareciam. Em seu depoimento, Juliano Ferro declarou que não estavam em seu nome por isso não as declarou.
Uma destas caminhonetes, uma Silverado avaliada em R$ 519 mil, ele comprou em janeiro do ano passado de Luiz Carlos Honório, comerciante preso em 8 de agosto por envolvimento com o narcotráfico internacional de drogas.
Juliano Ferro estava com a caminhonete fazia quase um ano, mas até agora ela não estava paga. Em depoimento à PF disse que quitaria um cheque de R$ 380 mil em janeiro de 2025. O dinheiro para isso viria da venda de rifas. Atualmente o digital influencer está oferecendo números para sortear um Landau antigo.
Em uma segunda operação da PF, no dia 15 de outubro, esta caminhonete acabou sendo apreendida. O “mais louco do Brasil”, porém, informou que já havia vendida e a apreensão não ocorreu em sua residência.
Esta residência à qual ele se referiu também foi comprada do mesmo traficante e foi apreedida na operação da PF dia 8 de agosto. A casa foi comprada em fevereiro de 2021 e até agora não havia sido registrada em nome do prefeito. Por conta disso, foi apreendida porque, em tese, ainda pertencia ao homem preso por tráfico.
(Colaborou Eduardo Miranda) Fonte:CE