O cantor, compositor e instrumentista Márcio de Camillo estreia amanhã, no Teatro Glauce Rocha, seu novo show, “Do Litoral Central do Brasil: Márcio de Camillo Canta Geraldo Roca”. Dirigido por Luiz André Cherubini, o espetáculo terá início às 20h, com ingressos gratuitos pelo Sympla, e é uma homenagem ao “cantautor” Geraldo Roca (1954-2015), um dos principais compositores da música de Mato Grosso do Sul.
Aproveitando a presença de Cherubini na cidade, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) vai promover um bate-papo sobre “o papel do diretor teatral nos espetáculos musicais” para o público em geral interessado em artes cênicas. Além do show e do bate-papo, também será realizada, como parte da programação de oficinas e palestras do Festival Mais Cultura, uma mesa-redonda com o tema “O Legado de Geraldo Roca”.
Geraldo Roca, nascido em 9 de junho de 1954, no Rio de Janeiro, é autor, em parceria com Paulo Simões, da música “Trem do Pantanal”, sucesso na voz de Almir Sater.
Considerado “maldito” por seus pares, era chamado de Príncipe por Arrigo Barnabé. Sua produção musical pode ser considerada pequena, se tomarmos como referência a quantidade de composições e a discografia, mas, quando analisada a fundo, sobressai um artista de voz potente e marcante, com composições inspiradas e profundas.
São polcas, rocks, chamamés, guarânias e até baladas. Admirador e amigo de Roca, Márcio de Camillo mergulhou na pesquisa para escolher um repertório primoroso, permitindo uma boa panorâmica desse artista reverenciado, cantado e gravado por amigos que, assim como ele, fizeram parte da “geração de ouro” da música pantaneira sul-mato-grossense: Paulo Simões, Alzira E, Geraldo Espíndola, Tetê Espíndola e Almir Sater, entre muitos outros nomes.
AMIZADE
“Além de um músico que eu admirava muito, não só como compositor, mas como violonista, violeiro e cantor, Roca influenciou muito a música da minha geração”, conta Márcio de Camillo. “Além disso, ele era meu vizinho, morava em frente à minha casa. A gente saía para jantar, para conversar, éramos amigos. Conheço a obra dele e vejo a obra dele na minha.
Compusemos uma canção juntos, em parceria com outros compositores, chamada ‘Hermanos Irmãos’”, diz Camillo.
“Também dividimos uma faixa no CD ‘Gerações MS’, chamada ‘Lá Vem Você de Novo’. Roca é referência e pedra fundamental na construção da moderna música sul-mato-grossense. Ele soube ler a música de fronteira, mesclando elementos do rock, do pop, do folk, criando um estilo único. Ele é um verdadeiro representante do folk brasileiro”, afirma o músico.
VENENO LIGHT
A arte visual do show, com fotos feitas por Lauro Medeiros, foi baseada no álbum “Veneno Light”, que Geraldo Roca lançou em 2006. A foto principal de divulgação do show faz referência direta à capa desse álbum, cuja foto original é assinada pelo cineasta Cândido Fonseca.
Esse será o terceiro espetáculo de Márcio de Camillo dirigido por Luiz André Cherubini, que integra e é um dos fundadores do Grupo Sobrevento (SP). A parceria iniciou-se em 2012, com o lançamento do espetáculo cênico-musical “Crianceiras Manoel de Barros”, e prosseguiu em 2018, com o “Crianceiras Mário Quintana”.
“Este show vai mostrar os muitos lados e a contradição que era o próprio Geraldo Roca, a riqueza, a variedade de personalidades que viviam dentro dele e que foram tão conflitivas ao longo de toda a sua vida”, explica Cherubini. “Ao mesmo tempo, um homem que representa aqueles que somos nós nas nossas fragilidades, inconstâncias, dúvidas, e com uma qualidade artística que vocês vão ficar surpresos de conhecer”, completa o diretor.
A banda que acompanha Márcio de Camillo reúne músicos experientes com formações muito ecléticas, desde orquestra sinfônica ao punk rock: Denise Ferrari (cello), Nath Calan (bateria e percussão) e Thiago Sormani (flauta, teclado e saxofone). Além do trio, haverá participações especiais que a produção do show está anunciando como surpresas. Márcio de Camillo, por sua vez, tocará violão, viola caipira e cantará as músicas de Roca, revelando as muitas facetas de sua personalidade musical.
Márcio de Camillo e Geraldo Roca foram amigos e companheiros de palco, e agora, ao homenagear Roca, Márcio nos dá pistas de suas influências musicais e nos convida para uma “reflexão sobre as raízes deste país ainda a ser descoberto, um Brasil musical e maravilhoso, que tantas vezes está de costas para o interior, um lugar pantaneiro, repleto de praias, no centro do País. A partir dali, abre-se para o mundo como quem está à beira-mar, ou melhor, à beira do Litoral Central”, filosofa Camillo.
Fonte:CE