Nos últimos 38 anos, entre 1985 e 2023, o cultivo de soja na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda, em Mato Grosso do Sul, teve um crescimento expressivo e passou a ocupar 300 mil hectares do solo na região. Durante esse período, a área dedicada à soja aumentou de 0,4% para 7%, enquanto a cobertura florestal foi reduzida de 39% para 26%, com a perda de 562 mil hectares de vegetação nativa.
Esses dados fazem parte de uma nota técnica divulgada ontem (17), elaborada pelo Instituto SOS Pantanal em parceria com outras quatro organizações ambientais: Fundação Neotrópica do Brasil, Instituto Libio, SOS Mata Atlântica e Instituto Tamanduá.
O estudo destaca que a expansão da monocultura da soja em áreas sensíveis tem causado perda de vegetação nativa, degradação da qualidade da água e riscos à biodiversidade. O ecoturismo, uma das principais atividades econômicas da região, também foi impactado.
A metodologia utilizada para a nota técnica baseou-se em dados da Coleção 9 do MapBiomas, plataforma que oferece informações detalhadas sobre mudanças no uso e cobertura do solo. O período analisado vai de 1985 a 2023, com comparações específicas para 2005.
O estudo abrange uma área de 42 mil km² na Bacia do Rio Miranda, que ocupa cerca de 12% do território de Mato Grosso do Sul e atravessa 23 municípios. Um desses municípios é Bonito, a 297 km da Capital, onde a bacia oferece benefícios ecossistêmicos essenciais tanto para a conservação ambiental da região quanto para a economia local.
Importante mencionar que a Bacia do Rio Miranda conta com vários rios afluentes, entre eles o Rio Aquidauana, Rio Nioaque, Rio Salobra, Rio Formoso, Rio da Prata, Rio Chapena e Rio do Peixe, além de outros de menor extensão.
Entre os impactos analisado nestes 38 anos, o estudo aponta que a utilização do solo para pastagem apresentou uma leve redução em comparação com 2005, caindo de 45% para 38% em 2023, mas ainda acima dos 24% registrados em 1985. Isso indica a substituição de mais de 600 mil hectares de vegetação nativa, especialmente para a pecuária.
O diretor-executivo do SOS Pantanal, Leonardo Gomes, reforça a importância de práticas agrícolas sustentáveis e da preservação da vegetação nativa. “A implementação de um zoneamento ecológico-econômico, a proteção rigorosa das Áreas de Preservação Permanente e o monitoramento contínuo de agrotóxicos e metais pesados são essenciais para garantir a sustentabilidade ambiental e econômica da região”, afirma.
Meio ambiente e eleições – A nota técnica será enviada aos candidatos a prefeito dos municípios citados no estudo, como parte da campanha “Cidade Amiga do Pantanal”, que visa comprometer os gestores municipais com ações sustentáveis. A iniciativa, lançada em 13 de setembro, envolve 26 municípios que fazem parte do Pantanal e busca alinhar os candidatos com os objetivos da Agenda 2030 da ONU.
Entre as sete recomendações da nota, destacam-se: o cumprimento das leis ambientais, a regularização de unidades de conservação, a criação de novas áreas protegidas, a implementação do zoneamento ecológico-econômico e o monitoramento de substâncias tóxicas. Também são sugeridas ações de educação ambiental, proteção da fauna e flora, além da fiscalização de práticas ilegais.
O público poderá acompanhar as propostas dos candidatos até 30 de setembro no site do SOS Pantanal. Para mais informações, acesse o relatório completo por meio deste link.
Fonte:CGN