Quem anda por Bonito percebe uma variedade de murais espalhados por postes e prédios de órgãos públicos, reunindo animais e releituras de obras de arte. Responsável pela maior parte deles, Leo Liguori Lopes nasceu em Salvador, mas já morou até em Londres e hoje vive em Bonito. E, para Mato Grosso do Sul, trouxe o gosto pelos murais que começou lá em 1999.
Terapeuta com formação indiana, Leo aprendeu a fazer os murais de forma autodidata para decorar sua antiga choperia e, anos depois, o hobby se tornou o trabalho. Retornando para o período do aprendizado, ele explica que o início veio em um momento complicado.
Na década de 1990, ele morava em Pirenópolis, Goiás, e mantinha a loja de roupas indianas. Ao todo, foram seis anos com o comércio, inclusive com o proprietário viajando para a Índia comprar os produtos.
O problema é que durante uma das viagens, as regras de importação no Brasil mudaram e os itens adquiridos por Leo foram retidos. “Durante esse tempo, minha loja ficou sem mercadoria e eu tinha que pagar o ponto, funcionário, energia e, quando a mercadoria foi liberada, não consegui recuperar o que perdi”, explica.
Para não perder o ponto, a ideia foi transformar a loja em uma choperia e ali é que entraram os murais. Conforme os pedreiros iam descartando os restos de cerâmica e ardósia usadas na reforma, Leo resolveu decorar o espaço.
Apesar de ter iniciado com as artes no final do século passado, as obras só começaram a fazer parte de Bonito depois de 2018. Isso porque Leo já morou em vários lugares, indo desde São Paulo e Rio de Janeiro até Londres.
Na Índia, além das compras para a antiga loja, o artista também se especializou em diversas terapias. Teoricamente, essa é a profissão que seguiria por aqui, mas o desconhecimento do público sobre e a falta de valorização acabou fazendo com que ela ficasse em segundo plano.
Especificamente sobre a linha artística, ele detalha que o gosto foi sendo formado quando ainda era criança. “Meus pais eram atores, trabalharam no filme “Pagador de Promessas” e fizeram escola de teatro em Barcelona na década de 1950, mesma escola de Glauber Rocha”.
Por isso, a casa da família costumava receber uma variedade de artistas e a influência do cinema e fotografia era bastante presente.
“Eu tinha um laboratório de fotografia preto e branca na casa dos meus pais durante a adolescência, era meu hobby. Depois, passei a fazer serigrafia, tatuagem e depois é que mudei para o mosaico em 1999”, descreve.
Hoje, Leo segue trabalhando com os mosaicos de forma independente e novas dificuldades seguem aparecendo. Sem uso de refugo, as cerâmicas são compradas pelo artista devido à necessidade de cores, mas a oferta tem se tornado cada vez menor.
Por isso, outras alternativas como placas de computador, fios e cabos têm sido inseridas na produção. De toda forma, ele reforça que segue com o hobby que começou “sem querer” e nunca mais parou.
Para conhecer mais sobre o trabalho, a dica é pesquisar #bonitomosaico no Instagram.
Todas as peças são produzidas totalmente por Leo. (Foto: Arquivo pessoal)
Fonte:CGN