O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) realiza operação Erasure na manhã desta quinta-feira (25) para investigar denúncia de obstrução à Justiça no contexto da Operação Turn Off, que identificou grupo que fraudou R$ 68 milhões em contratos da Saúde e Educação com o governo do Estado.
Conforme nota oficial divulgada pelo Gaeco, equipes foram às ruas de Campo Grande para cumprir mandados de busca e apreensão para apurar se investigados teriam alterado e formatado aparelhos celulares às vésperas da deflagração da Operação Turn Off, no ano passado.
Com isso, prejudicaram as investigações e podem responder por obstrução da Justiça, caso o crime seja comprovado pelo Gaeco.
À reportagem, o advogado Fábio Trad, que defende o empresário Sérgio Duarte Coutinho informou que o cliente dele não é um dos alvos dessa operação.
Esquema implicou ex-secretário adjunto da Educação, servidores e empresários
São investigados por fraudes em contratos no contexto da Operação Turn Off: os irmãos empresários Sérgio e Lucas Andrade Coutinho, o ex-secretário estadual de educação, Édio António Resende de Castro Broch, ex-servidor estadual, Thiago Haruo Mishima, e primo dos empresários, Victor Leite de Andrade.
Os irmãos Sérgio e Lucas foram presos na 2ª fase da Operação Turn Off, em que são acusados de comandar esquema de fraudes em licitações e propinas em esquema criminoso que atingiu contratos na saúde e educação com o governo do Estado que ultrapassam os R$ 68 milhões. No entanto, foram soltos e estão sob monitoramento eletrônico desde semana passada.
Na Operação Parasita, deflagrada em dezembro de 2022, os celulares de Lucas e Sérgio foram apreendidos. A partir dos dados extraídos, foi descoberta a rede de fraudes em licitações e corrupção, que chegou até os órgãos estaduais por participação de servidores.
Um dos contratos foi para fornecimento de ar-condicionado para a SED (Secretaria Estadual de Educação), no valor de R$ 13 milhões. A licitação teria sido direcionada e contado com participação da servidora da educação, Andréa Cristina Souza Lima.
Servidores membros da organização criminosa
Na peça a que a reportagem teve acesso, o MPMS aponta Thiago Mishima, então servidor estadual e gestor de contratos, como uma das pontes até os empresários. Sérgio e Victor teriam conversado com Thiago para combinar o pagamento de propina, para a contratação da Isomed Diagnósticos.
A atuação de Thiago não teria sido restrita a um único pregão. Ele ainda teria dado outras orientações a Sérgio, segundo a investigação, para nova abertura de licitação. Essas informações foram repassadas a partir de uma servidora da SES, de Thiago para Sérgio.
Também consta na denúncia a participação do coordenador técnico do Centro Especializado em Reabilitação e Oficina Ortopédica da Apae, Paulo Henrique Muleta Andrade.
Paulo receberia, conforme as mensagens trocadas entre os investigados, 4% das vendas efetuadas pelas empresas para a Apae. O recebimento de propina teria acontecido por ao menos três anos, entre 2019 e 2022.
Em uma das conversas flagradas pela investigação, os empresários teriam enviado um áudio, sugerindo a compra de certos produtos. “A descartável eles não pediram nenhuma, e… cara, você consegue ver isso aí porque, nossa, tô abarrotado de descartável” (sic).
O empresário dá a entender que empurrava os produtos que estavam parados para as vendas fraudadas.
Fonte:MM