Mato Grosso do Sul tem área de 6,1 milhões de hectares de pastagens que podem ser convertidas em lavouras. Conforme o levantamento de Aptidão Agrícola feito de forma inédita pela Serasa Experian, o Estado é o primeiro no ranking nacional com a maior área disponível para a mudança.
O estudo aponta que entre as unidades federativas, o Pará, é o estado que dispõe da maior área de pastagens aptas ao plantio de soja sem degradação (1,7 milhão de hectares) e o Mato Grosso do Sul é o que possui a maior disponibilidade de pastos, com 6,1 milhões de hectares propícios à sojicultura. No entanto, é também no Estado em que se encontra a parcela mais expressiva de área degradada, proporcionalmente ao todo.
O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, explica que apesar de o estudo indicar que as áreas são propensas ao plantio, não só de soja quanto de outras culturas, nem todo o montante pode realmente ser aproveitado pela agricultura.
“Por mais que o relatório da Serasa aponte esses 6,1 milhões de hectares, a gente trabalha com um número um pouco abaixo disso. Temos uma estimativa interna com um potencial de agregar, em termos de área degradada, mais 4 milhões de hectares. Não seriam esses 6,1 milhões de hectares, e sim esses 4 milhões.
Porque tem áreas de pasto que não têm aptidão de solo para serem convertidas para a agricultura”, explica.
Ainda conforme o secretário, Mato Grosso do Sul que tem 17 milhões de hectares de pastagens, já dobrou a área destinada à agricultura nos últimos anos.
“Nos últimos oito anos aumentamos essa área em praticamente 100%. Eram 2 milhões e agora estão em 4 milhões de hectares. E essa área sai exatamente de pastagem degradada. A Serasa coloca a possibilidade de a gente ampliar a área de soja em cima de área de pasto degradado, principalmente ou não. Em algumas áreas não tinha pasto degradado e mesmo assim avançou a soja”, analisa Verruck.
O secretário ainda lembra que a agricultura avançava muito nessas áreas de pastagens degradadas, principalmente em arrendamento, aquisições, projetos agrícolas, devido aos altos preços pagos pelos grãos de soja e milho. Como os preços arrefeceram, houve uma redução no ritmo de ampliação de áreas de lavouras no Estado.
“Esse avanço parou um pouco, mas quando a gente olha em termos de política pública, nós vamos continuar com essa agregação. Então, o Mato Grosso do Sul aí, nos próximos cinco anos, ele tem potencial para agregar em torno de 4 milhões de hectares e poderá ser um estado de 8 milhões de hectares de agricultura”, finaliza Jaime Verruck.
NACIONAL
O estudo mostrou que, dentro de quatro dos biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pampa – existe um potencial de expansão para o plantio de soja de até 36,6 milhões de hectares apenas sobre pastagens aptas para a soja.
Segundo o diretor de novos negócios agro da Serasa Experian, Joel Risso, se as projeções do Ministério da Agricultura estiverem corretas, nos próximos 10 anos haverá um aumento de cerca de 12 milhões de hectares no plantio de soja no Brasil.
“Esse montante representa o consumo de apenas 1/3 de toda a disponibilidade de pastagens com alta aptidão para o cultivo de soja no Brasil, que é mais de 36 milhões de hectares. Essa é uma boa notícia, porque, apesar dessa disponibilidade de pastagens aptas não ser a mesma para todos os estados e regiões brasileiras, o levantamento indica que existem mais pastagens aptas que o necessário para suprir essa demanda seguindo os protocolos ambientais mais rígidos, como as recentes exigências do mercado comprador Europeu, que não deverá mais estar aberto à soja brasileira proveniente de áreas desmatadas”.
Risso também explica que, além da disponibilidade de pastagens aptas, olhar para o grau de degradação das áreas ajuda a definir a necessidade de investimentos para que esse processo de conversão ocorra.
“Ao juntarmos isso com a probabilidade de inadimplência de cada produtor, a informação se torna ainda mais estratégica para quem vai financiar esse processo. Queremos apoiar estrategicamente os bancos e todo o mercado financeiro a criar as melhores condições para permitir com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito e possam expandir suas áreas, viabilizando certa previsão da demanda por investimentos, necessário à conversão das áreas, preparo e correção do solo, plantio até a colheita”.
De acordo com os especialistas da Serasa Experian, para garantir a expansão de 12 milhões de hectares será demandado um investimento de cerca de R$ 60 bilhões, sendo grande parte desse volume proveniente de linhas de crédito.
“O valor médio necessário para converter 1 hectare de pastagem para o plantio de soja é de aproximadamente R$ 5 mil, podendo ser inferior em áreas menos degradadas ou até passar de R$ 6 mil em áreas mais severamente degradadas”, conclui Joel Risso.
Fonte:CE