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Grupo Unidos Serra da Bodoquena responde ao Secretário do Meio Ambiente do MS: Mudança de comportamento da Comunidade

mudança de comportamento da Comunidade

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Durante a recente Feira Socioambiental, o representante do governo de Eduardo Riedel sugeriu
que a solução para os problemas ambientais de Bonito seria uma “mudança de mentalidade da
comunidade bonitense”. No entanto, esta resposta se exclusa de tecer quaisquer comentários
sobre os maiores problemas enfrentados pela região.

A questão sobre a regularização dos ranchos e da expansão urbana, apontada como grande vilã
da conservação do Rio Formoso, embora pertinente, não aborda os principais fatores que
impactam a qualidade da água e o regime hídrico do rio Formoso. Enquanto o governo culpa a
comunidade local, ignora-se o impacto do déficit de mais de 2080,35 hectares das áreas de
matas ciliares do rio formoso e seus afluentes, dos 1500 hectares de áreas de Mata Atlântica e
Cerrado desmatados anualmente, do uso indiscriminado de agrotóxicos, já detectados nas
águas superficiais, de consumo e das chuvas, dos milhares de quilômetros de drenos que
afetam as nascentes difusas dos rios da Prata, Formoso e Perdido e da expansão da mineração
em áreas contíguas aos rios de maior importância.

Enquanto trabalhadores locais lutam para sobreviver em meio a condições exaustivas, gestores
públicos desfrutam de privilégios e falham em implementar políticas eficazes de proteção
ambiental. A culpabilização da comunidade é uma tentativa falha de desviar a atenção da
verdadeira negligência do governo em relação ao meio ambiente.

É hora do poder público assumir a responsabilidade e adotar medidas concretas para proteger
o meio ambiente de Bonito. A mudança de mentalidade deve começar nos corredores do
governo, onde políticas ambientais são enfraquecidas em prol de interesses econômicos
irresponsáveis, que ocupam a maior parte do território e alteram ecossistemas inteiros em
questão de semanas, sem os devidos Estudos de Impacto Ambiental. A Pasta Ambiental não
pode ser subjugada a interesses que visam somente os ganhos econômicos, mas deve ser
instrumento de proteção das garantias constitucionais de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado para as presentes e futuras gerações.

É imperativo que o governo reconheça a urgência da situação e tome medidas significativas
para preservar a beleza natural de Bonito e garantir um futuro sustentável para as gerações
futuras. A comunidade bonitense não é culpada, mas sim vítima da negligência do poder
público. É hora de uma mudança real.

Quantas manchetes nos alertam diariamente sobre o caos causado pelo desmatamento do
Pantanal? Pelo abuso de agrotóxicos? Quantos estudos científicos já confirmaram os efeitos
nefastos desses venenos nos recursos hídricos e na saúde humana e animal?

As florestas da Serra da Bodoquena estão sendo devastadas e ocupadas em um ritmo
acelerado, caro secretário. Não estamos falando de agricultura sustentável, mas sim de
milhares de hectares de monoculturas dependentes de fertilizantes químicos e agrotóxicos em
áreas contíguas aos nossos mais importantes cursos dágua, impulsionando uma indústria que
perpetua a destruição ambiental que Mato Grosso do Sul negligenciou durante décadas.

A culpa recai sobre a comunidade, esta depende do emprego onde muitas vezes precisa se
calar para sobreviver, se vê coagida a votar em em representantes equivocados e espera o
momento de participar da tomada de decisão? Na fala do secretário, sim, enquanto é
completamente excursada a influência de setores econômicos que se beneficiam com lucros
extraordinários às custas do uso dos recursos naturais e da destruição ambiental.

A evidência disso é clara: é completamente encoberto o aumento do desmatamento para
expansão da monocultura e dos agrotóxicos, além da expansão das mineradoras, que causam
danos irreparáveis ao solo sensível da região de Bonito.

A inação do poder público se torna latente ao analisarmos casos como a liberação irregular de
autorizações de desmatamento em áreas de Mata Atlântica, o despejo sem punição de esgoto
sem o devido tratamento no córrego Bonito e a falta da implementação das medidas de
mitigação dos atropelamentos da fauna silvestre nas rodovias. Catástrofes alertadas pela
comunidade local a anos e sempre ignoradas nos momentos de decisão.

Mato Grosso do Sul já foi um dos estados mais ricos em biodiversidade do Brasil, mas hoje
restam apenas fragmentos de florestas, resistindo diante de leis frágeis. E ainda assim, os
senhores insistem que a mudança de mentalidade deve vir da comunidade bonitense?

É hora de os gestores entenderem que a Pasta Ambiental deve servir primariamente à
proteção do meio ambiente de acordo com os princípios da precaução, da prevenção e do uso
racional dos recursos naturais, devendo se afastar do lobby de grupos econômicos que se
apossaram do território e dos espaços de decisão. É hora de assumirem sua responsabilidade e
agirem em prol da conservação do meio ambiente de Bonito e de todo o Estado.

 

Fonte:Asscom

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