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Fogo já queimou mais de 170 mil hectares em 60 dias no Pantanal

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As condições climáticas favoráveis para antecipar a temporada considerada mais grave de fogo em biomas como o Pantanal e o Cerrado foram reafirmadas em questão de política pública nacional nesta segunda-feira (29).

Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ) já indicaram que o segundo semestre, a partir de setembro, representa o maior risco para incêndios no Pantanal, após análise de dados entre 2013 e 2022.

Porém, a realidade nestes primeiros 60 dias de 2024 mostra que os incêndios já estão causando problemas.

Nesse período entre março e abril de 2024, 178 mil hectares foram queimados em 11 municípios no Pantanal, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, apontou o sistema Pantanal em Alerta, dos Bombeiros de MS.

O risco do fogo causar desmatamento, danos à biodiversidade, gerar emissões de gases poluentes e afetar comunidades e cidades aparenta estar cada vez mais presente.

Somente nesta segunda-feira, por exemplo, 186 focos de calor foram detectados em 8 municípios pantaneiros, apontou o Pantanal em Alerta, que contribui para acionamento de proprietários rurais e autoridades no trabalho de combate às chamas.

Foi também neste dia 29 que o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática reeditou e publicou uma nova portaria, de nº 1052, de 25 de abril, para atualizar a decretação de estado de emergência ambiental em risco de incêndios florestais tanto para o Pantanal como para outros biomas, com alcance nacional.

Nesse documento, o governo federal decidiu antecipar o período de risco de fogo.

A emergência ambiental está determinada para os meses de março a outubro deste ano com abrangência para as 8 sub-regiões do Pantanal em Mato Grosso do Sul (Paraguai, Paiaguás, Nhecolândia, Abobral, Aquidauana, Miranda, Nabileque e Porto Murtinho).

Também no Estado, o decreto alcança o Centro Norte, o Sudoeste e o Leste.

O Ministério já havia editado essa portaria em 8 de fevereiro deste ano, porém houve uma nova publicação para ampliar as áreas nacionais com cobertura da legislação.

O governo estadual de Mato Grosso do Sul também fez decreto de emergência ambiental em 10 de abril, válido por 180 dias, ou seja, até outubro deste ano.

Para tentar entender mais sobre como o fogo pode crescer ao ponto de se transformar em um incêndio florestal e se perder o controle no combate.

A coordenadora do Lasa/UFRJ, Renata Libonati, indicou que estudos referentes ao período de 2012 a 2017 no Pantanal mostraram que 5% dos casos tiveram como causa identificada o registro de raios. Em 95% dos casos estudados, o que causou os incêndios foram a ação humana.

“Durante os eventos de 2020, mas não só, muito se perguntou sobre a origem desses incêndios. Chegamos a realizar uma pesquisa relacionando dados de sensoriamento do fogo com dados de raios, e essa associação nos revelou que no período de 2012 a 2017, apenas 5% ocorreram por causas naturais. O restante foi por ação humana, seja por negligência ou não. Isso mostra que a fiscalização, mas principalmente a educação é primordial para tentar gerir e diminuir essas ignições em épocas inapropriadas”, detalhou a pesquisadora.

Tal qual o decreto que oficialmente antecipou o período de risco de incêndios, outras ações para tentar prevenir ocorrências de grandes proporções com o fogo estão sendo realizadas no Pantanal em Mato Grosso do Sul.

Com o uso de tecnologia de geoprocessamento e uso de plataforma desenvolvida pelo Lasa/UFRJ, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Wetlands, o Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul) mapeou 127 propriedades rurais no bioma que possuem grande volume de biomassa vegetal.

Caso o fogo alcance esses locais, o risco de incêndio florestal é maior por conta do combustível vegetal disponível e uma solução identificada envolve a realização da queima prescrita para reduzir o risco de propagação.

Essa medida é usada pelo próprio Estado, com o envolvido dos Bombeiros e o proprietário rural.

“O governo federal e os Estados atuando de forma conjunta dizem uma coisa para os que cometem ilegalidade: não haverá para onde ir. A melhor forma de combater a criminalidade é pela mudança no modelo de desenvolvimento. É quando governos, agentes financeiros, empresários e agricultores familiares começam a mudar suas práticas. Seja pela natureza ou pela compreensão de que, se não mudarmos, seremos muito prejudicados”, afirmou a ministra Marina Silva, em sua visita a Campo Grande, em 18 de abril.

SAIBA

Entre março e abril de 2024, 178 mil hectares foram queimados em 11 municípios no Pantanal, entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, apontou o sistema Pantanal em Alerta.

 

Fonte:CE

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