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Exposição imersiva sobre Van Gogh chega a Campo Grande no dia 27

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Da sarjeta para a celebridade, quase tudo em Vincent van Gogh (1853-1890) é impressionante. O artista holandês, mais conhecido apenas pelo sobrenome, produziu mais de duas mil obras em pouco mais de uma década, muitas já na fase final de sua vida curta.

Enfrentou a depressão e outros problemas de saúde antes de começar a pintar para valer, somente aos 28 anos, e, ainda antes de ficar famoso pela excelência de suas criações, brigou feio com Paul Gauguin (1848-1903), outro gênio das cores, seu amigo e influenciador.

Foi nessa briga, em meio a um surto, que Van Gogh decepou parte de sua orelha esquerda com uma lâmina. A essa altura, ele já apresentava quadros psicóticos e comportamentos delirantes há tempos, uma ciclotimia que está diretamente relacionada à tentativa de suicídio do pintor, que deu um tiro de revólver no peito em 27 de julho de 1890, falecendo dois dias depois em decorrência do disparo.

Casou-se com uma prostituta, que também daria fim à própria vida, em 1904, e que, como ele, era alcoólatra. Esse casamento recrudesceu a postura dos pais, então já bastante rigorosa, com Van Gogh.

Eles queriam que o pintor, seguindo a vocação do pai, que era pastor, seguisse os protocolos da religião protestante e de uma ascensão social mais pertinente à origem de sua mãe, que vinha de uma família rica. Mesmo com uma vida pessoal tão atribulada e cheia de pressão, o talento com o pincel foi sendo lapidado.

Van Gogh estudou sua arte em vários lugares da Europa, como Bélgica, França e Holanda, onde um primo, Anton Mauve, artista bem sucedido, o fez experimentar materiais como o carvão e o pastel e também o apresentou à técnica da aquarela.

Outro mestre foi Gauguin. O francês pós-impressionista apurou-lhe o investimento em um cromatismo vivaz e, talvez, na alegoria e no uso de linhas que ajudavam a chamar o espectador para dentro da tela.

Sem falar no irmão mais novo e benfeitor, Theo, cuja célebre troca de correspondência com Vincent, além do rico aspecto autobiográfico, traz lances reveladores do processo criativo e do pensamento do pintor sobre a arte. Van Gogh tinha ainda três irmãs, Anna, Elisabeth e Willemien, que também trocaram cartas entre si.

Essas correspondências, toda em língua holandesa, só vieram à tona em 2021, quando teve a sua tradução em inglês publicada, e joga novas luzes sobre a trajetória de Van Gogh, dos internamentos à cotação de sua obra.

VAN GOGH NO SHOPPING?

Na textura das grossas pinceladas, no vigor das cores e na surpresa de suas composições, entre outros atributos, Van Gogh destila uma figuração singular, que abre o campo da imagem literal para os gradientes da abstração com muita força.

Mas todo esse reconhecimento é deflagrado somente após a sua morte, deixando a Van Gogh uma posteridade na mesma cepa de gênios malditos ou subjugados pelo establishment de quando ainda estavam vivos, como Baudelaire e Kafka.

Essa identidade underground do pintor só aumenta a intriga – e a surpresa – com o formato, altamente tecnológico e midiático, de “Van Gogh & Impressionistas”, a mais recente mostra com os seus trabalhos; ou melhor dizendo, a partir de suas telas originais.

Para completar, a exposição se passa dentro de um shopping, que os fundamentalistas gostam de chamar de catedral do consumo. Foi assim em São Paulo, em Salvador, entre outras dez cidades brasileiras, e assim será na Capital Morena, a partir do dia 27, no Shopping Campo Grande.

A exposição aplica efeitos e movimentos de videografismo em obras consagradas, misturando arte e tecnologia em superprojeções em 360º, de alta definição, em paredões e outras instalações, ocupando uma área de 1.500m².

A ideia é prover um ambiente high-tech para proporcionar uma viagem imersiva e epidérmica no universo do pintor holandês, com passagem por obras unânimes, como os autorretratos, “A Noite Estrelada” (1889), “Quarto em Arles” (1888/1889), os “Girassóis” (1888/1889), “Amendoeira em Flor” e “Retrato de Dr. Gachet”, ambas de 1890.

A exposição também traz uma incursão na obra de quatro artistas impressionistas e pós-impressionistas, todos franceses: Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Paul Gauguin e Paul Cézanne (1839-1906).

Um labirinto instagramável, curiosidades sobre a vida dos artistas, café temático, loja de suvenires e ateliê imersivo completam a mostra, que está sendo anunciada como de curta temporada em Campo Grande. A ideia é provocar a sensação de que o visitante está dentro das obras de arte.

“Exposições imersivas têm o poder de reinventar a experiência de apreciação artística, especialmente para aqueles menos familiarizados com arte, museus e galerias. Utilizando recursos tecnológicos e projeções em grande escala, essas exposições criam ambientes envolventes que tornam a arte mais acessível e emocionante”, explicou o artista visual e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Rafael Maldonado.

“Os espectadores não apenas observam as obras, mas se tornam parte delas, imergindo-se em cenários teatrais de luz, cores e formas. Essa abordagem amplia o alcance da arte, atraindo um público diversificado e proporcionando experiências sensoriais e emocionais únicas, mesmo disponibilizadas em espaços não convencionais”, completou Maldonado, que destaca a singularidade do trabalho do pintor holandês.

“Van Gogh é indiscutivelmente um dos artistas mais influentes e icônicos da história da arte. Sua vida tumultuada e sua incessante busca por expressão artística resultaram em uma obra inovadora, caracterizada por pinceladas intensas, cores vibrantes e temas emocionais profundos. Van Gogh não apenas revolucionou sua época, mas deixou um legado duradouro que continua a inspirar e fascinar pessoas em todo o mundo”, afirmou.

ENTENDENDO O GÊNIO

“É essencial que o público compreenda que Van Gogh não apenas retratava a realidade de forma objetiva, mas a interpretava de maneira emocional e subjetiva. Suas pinceladas e cores não são apenas elementos estilísticos, mas expressões de sua busca pela essência das coisas. Portanto, mesmo sem conhecimento prévio sobre história da arte ou técnicas artísticas, o público pode perceber que a arte de Van Gogh transcende a mera representação visual, refletindo a complexidade da condição humana”, propôs o artista e educador.

“O que distingue a pintura de Van Gogh é sua abordagem única para representar a realidade. Enquanto os impressionistas buscavam capturar a luz e os efeitos atmosféricos em suas obras, Van Gogh foi além, explorando as emoções por trás das paisagens e das figuras retratadas. Van Gogh desafiou as convenções artísticas de sua época e abriu novos caminhos para a expressão artística. Sua abordagem inovadora de pintura influenciou não apenas seus contemporâneos, mas também gerações futuras de artistas”, declarou Maldonado.

Organizada pela produtora Lightland, a exposição é um dos eventos que marcam os 35 anos do Shopping Campo Grande.

SERVIÇO

“Van Gogh & Impressionistas”

  • Data: a partir do dia 27, diariamente, exceto às terças-feiras.
  • Horário: de segunda a sábado, das 10h às 22h (último horário de entrada às 21h); Domingos e feriados, das 12h às 22h (último horário de entrada às 21h).
  • Local: 2º piso do Shopping Campo Grande.
  • Endereço: Avenida Afonso Pena, nº 4.909, Santa Fé.
  • Valores: de segunda a sexta – diurno (entrada até 17h30min): R$ 60 inteira/ R$ 30 meia-entrada; Noturno: R$ 80 inteira/R$ 40 meia-entrada; Fim de semana e feriados: R$ 95 inteira/R$ 47,50 meia-entrada; Gratuito para crianças até 4 anos.
  • Ingressos no site www.lightland.com.br e, em breve, também na bilheteria presencial no shopping. Pacote para grupos escolares: consulte preços especiais (escolas@lightland.com.br).

Fonte:CE

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