Desde que o Sistema Solar se desenvolveu, a Terra está localizada em um canto considerado perfeito para o desenvolvimento da vida como conhecemos; afinal, o Sol está na distância perfeita para iluminar o planeta e não nos queimar vivos. De acordo com alguns experimentos mentais realizados por diferentes cientistas, existe uma pequena possibilidade da Terra sair do Sistema Solar e se tornar um ‘planeta nômade’.
No conto The Wandering Earth, que ganhou uma adaptação cinematográfica homônima, o autor Liu Cixin retrata um mundo hipotético no qual o Sol morre e os cientistas devem criar propulsores para levar a Terra para outra região do espaço. Na história, além de o Sol ter deixado de funcionar, a humanidade teme que ocorrerá uma explosão solar que pode matar todas as pessoas que vivem no planeta.
Obviamente, trata-se de uma história de ficção científica, e não há nenhuma evidência de que isso possa acontecer nos próximos anos. Inclusive, a previsão da ciência é que o Sol só deve se apagar e morrer daqui a 5 bilhões de anos. Ou seja, é provável que a humanidade já tenha desaparecido há muito tempo, ou que nossa tecnologia tenha avançado o bastante para nos permitir viajar para outros planetas habitáveis fora do Sistema Solar.
“É muito improvável. A Terra poderia ser afastada de sua órbita através da ação de um objeto interestelar massivo, voando através do espaço interestelar e entrando no sistema solar e passando perto de nosso planeta. Neste encontro próximo, conhecido como ‘flyby’, a Terra e o objeto trocariam energia e momento, e a órbita da Terra seria interrompida. Se o objeto fosse rápido, massivo e próximo o suficiente, poderia projetar a Terra em um escapar da órbita direcionada para fora do Sistema Solar”, disse o engenheiro aeroespacial Matteo Ceriotti, associado Universidade de Glasgow, no Reino Unido, ao site Live Science.
Deixando toda a ficção científica de lado, será que a Terra poderia sair do Sistema Solar em algum momento no futuro? A reportagem reuniu informações de cientistas e especialistas da área para explicar mais sobre o assunto.
Terra à deriva? Não tão fácil!
Conforme os experimentos mentais descrevem, a Terra poderia lentamente se afastar de sua órbita por conta de um objeto interestelar massivo. A taxa de velocidade dessa movimentação poderia aumentar significativamente se esse objeto entrasse no Sistema Solar; caso ele passasse próximo da Terra, o planeta seria impulsionado para fora do nosso sistema estelar. A troca de energia entre o planeta e o objeto seria a responsável pela força cósmica que impulsionaria a Terra para fora.
Apesar de ser uma possibilidade improvável, os cientistas sugerem que não seria exatamente impossível. Segundo o professor sênior de física Timothy Davis, da universidade de Cardiff, no Reino Unido, a mesma situação também poderia acontecer devido à interação gravitacional de duas estrelas.
Já a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) explica que isso poderia acontecer se as galáxias Andrômeda e Via Láctea colidissem entre si, algo que realmente pode acontecer daqui a 4,5 bilhões de anos — em ambos os casos, seria impossível que os seres humanos sobrevivessem.
“Se a Terra deixasse o sistema solar, é muito provável que a grande maioria da vida como a conhecemos desapareceria. Quase toda a energia usada pelos organismos vivos da Terra se origina do Sol, seja diretamente (por exemplo, plantas que fotossintetizam), ou indiretamente (por exemplo, herbívoros que comem as plantas e carnívoros que comem os herbívoros). Neste cenário, quanto mais a Terra se afastasse do Sol, mais baixa se tornaria a sua temperatura. Acabaria por congelar completamente. A única fonte natural de calor que restaria seria a decomposição de elementos radioativos na crosta terrestre que sobraram da formação do Sistema Solar”, disse Davis.
Atualmente, os planetas estão em órbitas estáveis ao redor do Sol, então, fora as situações já mencionadas, seria bastante improvável que a Terra saísse do Sistema Solar. De qualquer forma, seria necessária uma força incrivelmente poderosa para expulsar nosso planeta da região onde ele está situado, seja em um futuro próximo ou daqui a bilhões de anos.
Ou seja, por mais que esse cenário não seja impossível, a atual humanidade não precisa se preocupar. Por isso, deixaremos para os humanos se preocuparem com essa situação daqui a 4 bilhões de anos, quando essas possibilidades estiverem mais próximas de se tornarem parte da realidade da civilização humana.
Fonte:TCM