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MS não deve criar impostos porque tem equilíbrio fiscal, defende Simone Tebet

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Durante quase meia hora por telefone, direto de Brasília, no intervalo entre uma agenda e outra, fizemos uma entrevista exclusiva com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB). A sul-mato-grossense que já foi senadora, vice-governadora, deputada estadual e prefeita de Três Lagoas, onde nasceu, está hoje no centro do poder após ganhar destaque na candidatura a presidente da República e declarar apoio a Luiz Inácio Lula da Siva (PT). Escolha que teve um preço, já que a maioria dos moradores do Estado da ministra seguiu com Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições. Pouco mais de um ano depois da difícil decisão, ele diz não se arrepender.

Minha preocupação não é com os eleitores, é a minha relação com a população de Mato Grosso do Sul como um todo, eleitor ou não. Passado um primeiro momento em que os ânimos estavam muito acirrados, qualquer decisão que tomaria diante de uma eleição tão polarizada iria sofrer críticas de um lado ou de outro”, declara Simone Tebet.

A ministra ressalta que talvez tenham estranhado a decisão dela porque nunca tinha estado ao lado do PT nas eleições estaduais ou federais. Sempre acompanhava as candidaturas à presidência da República do PSDB.

“Estou tranquila para dizer aos eleitores, e a história um dia vai contar este período que nós passamos, de que havia apenas um caminho porque o que estava se discutindo ali era a permanência da democracia. Se tivesse que tomar a decisão novamente, a faria de olhos fechados”, diz a ministra.

Ao ser questionada se ainda quer ser presidente da República, responde: “Eu não sei se algum dia eu quis. Todos os políticos quando estão na vida pública buscam obviamente estar no centro de poder para, dentro do que acreditam, fazer a diferença. Eu aceitei a candidatura não porque achava que conseguiria naquele momento me eleger presidente. Fui candidata porque entendi e entendo ainda que o extremismo, seja de direita ou esquerda, estava avançando. Partidos de centro do PSDB e MDB diminuíram um pouco seus espaços e isso deu margem a outras correntes ideológicas”.

Sobre as eleições municipais em 2024 “vai ser polarizada, não tenho dúvida disso, de fake news, de agressões, mas passado isso vamos caminhar para um processo de moderação e de voltar a ter aquele Brasil que todos nós gostamos, da alegria, do futebol e da união”, opina Simone Tebet.

A ministra avalia que processo da eleição de 2022 não terminou. “Estamos fortalecendo a democracia. Isso significa estar nos palanques num enfrentamento saudável e democrático em favor dos partidos centro, seja esquerda ou direita. Continuarei fazendo oposição ao extremismo”, adianta.

Para a Prefeitura de Campo Grande, Simone diz que vai apoiar o candidato ou candidata que o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) escolher. “Tive um partido só a vida inteira. Vinte anos de mandato consecutivo, nunca mudei de partido. Sou filiada a bem mais tempo que isso. Acredito no ideal da sigla. Vou seguir as orientações do partido, do diretório estadual. Acho que o partido ainda não tomou sua decisão, está cedo também. Vamos esperar virar o ano”, declara.

Defensora da Reforma Tributária, a ministra acha que Mato Grosso do Sul não deve criar impostos porque tem equilíbrio fiscal. Ela atribui a situação a gestões passadas e também ao governador Eduardo Riedel (PSDB).

O estado não vai perder, lembrando que a unificação de impostos será a partir de 2027 e a transição é tão ampla que quando verdadeiramente acontecer, o Brasil vai ter crescido tanto em função da reforma tributária permitindo a retomada de investimentos por parte das indústrias. Só pra ter uma ideia, dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) fazem uma análise de que mais de 95% dos municípios já começam a ganhar imediatamente.

Simone ainda defende que é a reforma da indústria, setor que mais gera empregos de qualidade no Brasil reduzindo a desigualdade social.

“É também a reforma dos pobres porque como é a reforma do consumo, e quem mais consome no Brasil são os mais pobres, quando ela diminui a carga, o mais pobre consome mais, come mais e melhor.”

A ministra diz que não há por que ter medo da reforma tributária, e sim agradecer porque, segundo ela, “é literalmente a salvação da lavoura para o Brasil voltar verdadeiramente a crescer depois de 40 anos de crescimento médio de 1%” .

Sobre investimentos para Mato Grosso do Sul, Simone Tebet ressalta o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Levamos ao conselho as demandas apresentadas pelo governador. O contorno viário de Três Lagoas para escoar a produção de fábricas, principalmente de Ribas do Rio Pardo. Tem aeroporto de Dourados. Tem a MS-267 que vai ser fundamental para Porto Murtinho, nossa integração regional com Chile, na Rota Bioceânica. Casas pelo Minha Casa Minha Vida. Creches. Investimentos em hospitais públicos como Regional de Campo Grande, Ponta Porã e Corumbá”, detalha.

Simone ainda comemora um avanço recente para a economia local que envolve a retomada das obras do UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) em Três Lagoas, paralisadas desde 2014. A decisão do Conselho Deliberativo da Petrobras foi um importante passo. Confirma a determinação do governo federal de ter um Plano Nacional de Fertilizantes no Brasil.

Quais são os próximos passos sobre a UFN3? Vamos levar um ano entre fazer a vistoria na obra, ainda em dezembro ou janeiro, depois a análise sobre em que pé está a fábrica para fazer novamente o plano de investimento, ver o que está deteriorado. Se está efetivamente 85% pronta ou caiu para 80% por conta do tempo parada. Provavelmente ainda no primeiro semestre se estude um edital de licitação a ser lançado em um segundo semestre. A perspectiva de retomada dessa obra é realmente a partir de 2025″, explica Simone Tebet.

A ministra reforça que a retomada da produção de fertilizantes, nitrogenados ou não no Brasil, voltando a ser prioridade é estratégica para o desenvolvimento e crescimento do país. “O Brasil é campeão de commodities, de produção de grãos e alimenta o mundo. Já produziu quase 50% dos seus fertilizantes, hoje não produz 15%. Isso causa uma insegurança para o agronegócio, encarece a produção porque paga em dólar quando vem o produto e não tem razão de ser diante das potencialidades de produzir e retomar as fábricas”, finaliza.

 

Fonte:CGN

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