Força-tarefa para evitar incêndios tão intensos quanto os que atingiram o Pantanal em 2020 – e produziram imagens desoladoras de animais carbonizados – tem ajudado a minimizar os impactos à fauna do bioma. Em relação a este mês, são poucos os registros até o momento.
A equipe da PMA (Polícia Militar Ambiental) de Mato Grosso do Sul encontrou apenas uma carcaça de jacaré no período. Outros destaques são o resgate de um tucano que fugia do fogo e uma sucuri aparentemente saudável encontrada em área já consumida por incêndio.
Áreas do Pantanal Sul são monitoradas pelos policiais ambientais agora. A Barra do Aquidauana e a região Touro Morto foram as duas últimas sobrevoadas até esta segunda-feira (20), quando chuvas haviam ajudado a conter incêndios no bioma.
Somente entre 13 e 19 de novembro, o BD Queimadas, sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especias), contabilizou 1.505 focos de incêndio no Pantanal de Mato Grosso do Sul e 2.142 no de Mato Grosso.
Rescaldo e prevenção – O Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal), que atua de forma voluntária no bioma, também faz monitoramentos. Técnicos percorrem a Serra do Amolar para ver o rescaldo deixado por incêndios contidos e já passaram pelo Nabileque e outras regiões pantaneiras entre as cidades de Miranda e Aquidauana.
Bióloga que é coordenadora operacional do Gretap, Paula Helena Santa afirma que o levantamento dos danos relacionados aos incêndios de 2023 será feito a longo prazo, mas antecipa que o pesar é bem menor do que o de 2020.
Veterinário do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), organização também voluntária no combate aos incêndios, Geovani Tonolli complementa sobre a cooperação com os pantaneiros e a prevenção.
“Há anos, nós associamos isso ao monitoramento com câmeras trap, para termos conhecimento das espécies que habitam lá e entender seu comportamento, Assim, conseguimos criar estratégias juntos e construir ferramentas para permitir a fuga dos animais e prevenir impactos maiores”, falou.
Quanto aos danos, Geovani ainda explica que a apuração envolve os diretos e indiretos. Os primeiros afetam fisicamente animais, como são as queimaduras ou efeitos da fumaça no organismo. Já os segundos afetam o habitat, tornando inviável sua busca por alimentação ou os empurrando para locais com risco de atropelamento, por exemplo.
Abelhas, peixes e jacarés – O fogo que atingiu a região em novembro também afetou a apicultura em propriedade localizada no Pantanal de Mato Grosso do Sul e fez guias de turismo e moradores presenciarem morte de peixes e comportamento atípico de jacarés.
O veterinário do IHP explica que os répteis costumam ser os mais afetados, devido à locomoção lenta. Preocupação que ele destaca é o salvamento de grandes mamíferos, especialmente os ameaçados de extinção, como a onça-pintada e o gato-mourisco, que habitam o bioma no Estado.
Fonte:CGN