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Escondido na Bolívia, líder do PCC em MS atuava em roubos de aviões para o tráfico

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O esquema que envolve uma série de roubos de aviões praticados no Brasil pode ter desdobramento e elucidação dos crimes com a prisão de um criminoso que tentava esconder-se das autoridades em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Trata-se de Laudelino Ferreira Vieira, 44 anos.

Lino, como é conhecido, nasceu em Ivinhema, mas tinha ligações fortes na fronteira do Brasil com a Bolívia, tanto em Corumbá como em cidades do país vizinho. Seu envolvimento com o crime na região é de quase 20 anos.

As autoridades ainda o atribuem atividades do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi preso após monitoramento de troca de informações entre a Polícia Federal e equipe especializada da polícia boliviana. A prisão dele ocorreu na segunda-feira e sua transferência para o território brasileiro envolverá uma operação que ainda não tem data definida para ocorrer.

Desde junho de 2021, Lino estava foragido. Ele cumpria pena de 80 anos na Penitenciária de Segurança da Máxima, em Campo Grande, e conseguiu fugir sem deixar vestígios.

Na época, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) chegou a abrir procedimento investigativo para apurar a falha. A fuga ocorreu no dia 2 de junho e havia mais de dois anos que as autoridades buscavam Lino.

Entre os crimes pelos quais ele é investigado está liderar uma quadrilha especializada em roubos de aviões que acabam sendo usados para o tráfico internacional de drogas. Esse esquema está interligado com ações na Bolívia e ramificações em outros países da América do Sul, como Colômbia, Argentina e Peru, conforme apurado.

Essa organização criminosa seria responsável por roubar as aeronaves no Brasil, equipamentos que valem milhões de reais, e levá-las até o território boliviano para que fossem adulteradas e adaptadas. Após isso, eram vendidas a traficantes por valores entre R$ 200 mil e R$ 300 mil.

A atuação do criminoso nesse tipo de comércio ilegal de aeronaves foi identificada pelas autoridades há quase 20 anos. Em janeiro de 2004, ele liderou um grupo para roubar três aviões de uma empresa de táxi-aéreo em Corumbá. Durante essa ação, o empresário Luiz Fernandes de Carvalho acabou assassinado pelo bando. Além das aeronaves, Lino também estava envolvido no roubo de veículos e organização do esquema para atravessá-los para a Bolívia.

Na investigação da época, a polícia atribuiu 36 carros roubados no Brasil e outros 31 na Bolívia, com atuação direta do grupo que Laudelino chefiava, no período de 2005 a 2006.

Em meio a essas ações criminosas, ele acabou sendo preso em 13 de junho de 2010, entre Campo Grande e Terenos, na BR-262, com 6 kg de pasta base de cocaína e folhas de coca dentro de uma mochila. Ele estava em uma moto e chegou a furar bloqueio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), trocou tiros e acabou ferido e preso.

Essa prisão foi apenas mais um caso na ficha criminal de Lino. Em 2015, ele foi condenado na Justiça Federal a 22 anos de prisão por ter matado o policial militar Rudy Mendonça, que na época tinha 43 anos. A morte do PM ocorreu quando houve um cerco contra o atual líder de facção na Estrada do Jacadigo, município de Corumbá, via utilizada para atravessar carros ilegalmente para a Bolívia. Esse assassinato aconteceu em 19 de janeiro de 2006.

Depois de ter conseguido fugir do presídio, em 2021, ele foi apontado em investigações como sendo a liderança para organizar o roubo de três aviões no Aeroclube de Aquidauana, em 6 de setembro de 2021.
A organização criminosa que atuou nesse crime e está vinculada a outras investigações conta, ao todo, com 20 pessoas. Depois do trabalho policial, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) apontou na denúncia feita à Justiça Estadual que o grupo que Lino chefiava tinha ramificações transnacionais.

Conforme a Polícia Federal, com a prisão de Lino, novos desdobramentos de diferentes investigações podem receber direcionamentos para conclusão de inquéritos, bem como garantir o cumprimento de mandados abertos.

“A prisão ocorreu após a troca de informações entre as duas instituições policiais, em razão de acordos de cooperação policial internacional. O indivíduo, foragido desde 02/06/2021 e identificado como líder de facção criminosa em Mato Grosso do Sul, apresenta extenso histórico criminal pela prática dos crimes de tráfico internacional de drogas, latrocínio, roubo majorado e homicídio”, definiu a PF.

O mandado que estava aberto contra Lino foi expedido pela 3ª Vara Federal de Campo Grande e corresponde a crime de lavagem de dinheiro. Também havia mandados de prisão referentes a processos que tramitam na Vara Criminal de Aquidauana, da Justiça Estadual, e na 1ª Vara de Execução Penal de Campo Grande. Os crimes correspondentes são de homicídio, roubo, associação para o tráfico e porte ou posse ilegal de arma de fogo.

 

Fonte:CE

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