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Garras investiga se gerente da Caixa ajudou PCC em “invasão digital ao cofre”

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Depois de desmontar um plano que envolveu três homens moradores de Campo Grande e que tinha como objetivo desviar dinheiro da Caixa Econômica Federal para organizações criminosas, policiais civis da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) agora investigam se um funcionário do banco estaria envolvido no esquema, que poderia ter resultado em um desfalque ainda não estimado pelos investigadores.

De início, os três homens presos em flagrante afirmaram que receberiam dinheiro para executar o crime, que seria praticado por especialistas neste tipo de furto eletrônico na cidade de São Paulo (SP).

Também há suspeita de que pelo menos dois envolvidos na tentativa de roubo estejam ligados à organização criminosa que surgiu nos presídios, mas que hoje atua como um dos maiores cartéis do crime, o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O crime chegou ao conhecimento dos policiais da Garras porque um dos gerentes da Caixa, que os criminosos afirmam fazer parte do esquema, foi sequestrado no início deste mês com sua namorada.

Foi a interceptação deste sequestro que levou os policiais ao cativeiro e também ao esquema. Não houve registro de prejuízos de grande monta à Caixa Econômica Federal.

O gerente, que atua na Caixa da Avenida Júlio de Castilho, e sua namorada por enquanto são tratados como vítimas.

Depois que um envolvido no roubo disse que o gerente receberia R$ 50 mil para emprestar seu token (chave eletrônica para acesso ao sistema do banco) para promover o desvio de recursos, ele passou a ser investigado pelas equipes da Garras.

Os presos

Estão presos em flagrante Caio Fábio Santos Felipe, de 30 anos, também conhecido como El Tanque ou Caio Tanque, o auxiliar convidado por Caio para ajudá-lo na empreitada, Moisés dos Santos Parras Barreto Lima, 20, e Jhonatan Kelvin da Cunha de Souza, 29, o JS PCC.

O nome do casal vítima do sequestro não foi revelado, até porque dois dos suspeitos acusam o gerente do banco de, até certo momento, ter participado da ação criminosa, fato que não foi provado pelos policiais.

A modalidade chegou a ser descrita como “novo cangaço digital” pelo delegado da Garras, Fábio Peró, uma maneira de coagir ou aliciar funcionários de instituições bancárias a desviarem valores eletronicamente.

O motivo é simples: com a popularização do Pix e de outros meios eletrônicos de pagamento, é cada vez menor o volume de dinheiro em espécie circulando, o que leva os bandidos a apostarem em técnicas para furto ou roubo digital de valores.

O que dizem os policiais?

Em coletiva à imprensa na tarde de ontem, o delegado afirmou que não restava dúvida do crime de extorsão mediante sequestro, pois os acusados teriam sequestrado as vítimas para obter o cartão funcional, token, do gerente a fim de praticar furtos em contas bancárias.

“Após rápido levantamento localizamos o cativeiro e os três envolvidos no esquema criminoso. Cabe destacar que está ocorrendo no Brasil essa nova modalidade de furto, o ‘cangaço digital’, em que dispositivos digitais, como esse cartão token, [são utilizados] para a realização diversos saques nos bancos, causando prejuízo financeiro enorme e tudo de forma remota”, explicou o delegado Fábio Peró.

Entre os detidos, Jhonatan é o principal suspeito de ser um intermediador do esquema com outra organização criminosa de São Paulo.

Segundo os delegados, o depoimento do acusado apresentou contradições, citando o bancário como integrante do esquema e que o cartão token teria como destino a cidade de São Paulo, apesar de Caio Tanque ter afirmado em depoimento que seria enviado para a Paraíba.

Ainda segundo os delegados, o bancário vítima do sequestro foi apontado por Jhonatan como parte de um esquema de furto. O funcionário teria aceitado instalar um dispositivo eletrônico em seu computador e receberia alguns milhares de reais pelo serviço.

“Em determinado momento, ele se negou a dar o cartão de acesso aos outros envolvidos e decidiu não ajudar mais, com isso, acabou sendo vítima da extorsão mediante sequestro. Mas isso ainda está sendo investigado, e, se houver esse conluio, ele poderá responder por furto”, apontou o delegado.

A aproximação

Caio Tanque se aproximou do gerente há pouco mais de um mês, quando procurou a agência da Caixa para abrir uma conta poupança. A vítima do sequestro confirmou a aproximação.

Antes do sequestro, Caio teria tido várias conversas com o gerente e perguntado como poderia ser possível burlar o sistema da Caixa por meio do uso de token. A informação foi confirmada por Jhonatan.

O sequestro, conforme o depoimento de Jhonatan, que foi a pessoa que pagou pela marmita para as vítimas em cativeiro, só ocorreu por insistência de Caio, que estaria precisando desesperadamente do dinheiro e disposto a levar pessoalmente o token até o estado de São Paulo.

 

Fonte:CE

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