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Estado pode ter nova supersafra de soja, mesmo sob a influência do El Niño

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Mesmo com projeções inferiores às do ano passado, a safra de soja 2023/2024 de Mato Grosso do Sul pode atingir um novo recorde de produção, graças aos efeitos do fenômeno climático El Niño, que já incidem sobre o Estado neste ano.

Segundo o presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, quando há ocorrência do evento climático, MS supera expectativas e bate recorde de produção.

Ao Correio do Estado, ele explica que existe uma preparação para a recepção dos eventos climáticos desenvolvida com os produtores de Mato Grosso do Sul e com uma equipe de meteorologistas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).

“Quando acontece o fenômeno, a gente tem um maior acúmulo de chuva na porção central do Estado e na porção sul, isso faz com que a gente seja favorecido, já que a produção está mais concentrada nessas áreas”, afirma.

Dobashi ainda ressalta que, apesar de uma das características do fenômeno ser o aumento significativo da temperatura, há um equilíbrio com a elevação das precipitações.

“Enquanto está chovendo, essas temperaturas não conseguem ter um efeito predominante na depreciação da produtividade da soja”, pontua.

Ele frisa também que, caso isso ocorra entre os meses de janeiro e fevereiro, período de maior demanda hídrica da cultura, o produtor sul-mato-grossense pode esperar uma safra de grandes resultados nesse novo ciclo, iniciado este mês com o fim do vazio sanitário.

Dobashi conclui o parecer otimista destacando a tecnologia como característica do produtor do Estado, fator que ele aponta como o que mais contribui para o aumento da produtividade, com ênfase para o plantio direto e a consolidação das palhadas.

“Não falamos só da palhada de braquiária, que é a mais característica do Estado, mas toda a cultura de cobertura, que ameniza consideravelmente o aumento da temperatura, conseguindo fazer com que isso não tenha um efeito negativo”, pondera.

SAFRA

Dados do Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga-MS) apontam que, na safra de soja 2023/2024, são projetados 13,818 milhões de toneladas, redução de 7,92% no comparativo com o ciclo anterior (2022/2023), quando Mato Grosso colheu recorde de 15,007 milhões de toneladas.

A colheita recorde do ano passado também não era estimada, a projeção inicial era de pouco mais de 13 milhões de toneladas.

A Aprosoja-MS não descarta a possibilidade de supersafra, uma vez que é necessário considerar todos os últimos ciclos para a realização da média futura, fazendo com que os números sejam subestimados.

“A Aprosoja faz uma estimativa baseada na média histórica de cada região e vira uma média geométrica”, detalha André Dobashi, que frisa a quebra de safra causada pela estiagem severa no ciclo 2021/2022.

Conforme publicado pelo Correio do Estado na edição de 25 de setembro, a área de cultivo de soja em Mato Grosso do Sul cresceu 100% no período de dez anos. Na safra 2013/2014, foram 2,1 milhões de hectares dedicados ao cultivo da oleaginosa, e a estimativa para o ciclo 2023/2024 aponta 4,2 milhões de hectares.

No mesmo período, a produção mais que dobrou. Há dez anos, o volume de soja colhida foi de 6 milhões de toneladas. Já a projeção para o ciclo que tem início a partir deste mês é de 13,8 milhões de toneladas, alta de 130%.

SEMEADURA

Em Mato Grosso do Sul, as últimas semanas foram marcadas por uma forte onda de calor, em que os termômetros ultrapassaram 40°C em algumas regiões. De acordo com especialistas, a condição climática tem ocorrido em razão de um bloqueio atmosférico desencadeado pela atuação do El Niño.

Diante do panorama, no campo, alguns cuidados se fazem necessários para a manutenção da produtividade. Para os produtores, a recomendação da Aprosoja-MS é estar atento ao momento certo para o plantio da soja, liberado desde o dia 16 de setembro.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste Danilton Flumignan salienta que as condições do solo para a semeadura são influenciadas pelo clima, sendo o melhor momento durante a presença de chuvas intermitentes e temperaturas amenas.

“O solo muito seco prejudica a germinação, enquanto o excesso de umidade atrapalha a operação no campo e, além disso, o trabalho com máquinas nesta condição compacta o solo. O ideal é ele estar em condição friável, pois nela a umidade é considerada adequada para a germinação das sementes e crescimento inicial das plântulas”, explica.

Em caso de semeadura durante os dias de altas temperaturas, o pesquisador alerta para a viabilidade da operação, já que as condições extremas podem reduzir a capacidade de germinação ou comprometer a emergência e o desenvolvimento da cultura.

“A falta de umidade no solo na camada onde é feita a semeadura da soja [de 2 a 5 cm], associada à alta incidência de radiação solar, à alta temperatura do ar e à baixa umidade relativa do ar, acentua o processo de secamento e provoca o superaquecimento do solo. A superfície é justamente a camada que se torna mais seca e quente no decorrer desse processo” orienta Flumingnan.

Fonte:CE

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