Com o calor intenso dos últimos dias, os casos de acidentes com escorpiões aumentam e, em Mato Grosso do Sul, existem três espécies mais comuns, todas conhecidas popularmente como “escorpião-amarelo”. Saiba como identificar e se proteger.
A picada deste animal pode causar sérios problemas à saúde e levar até a morte. No último mês, duas mortes de crianças foram registradas em MS em decorrência de picada de escorpião.
Segundo o Governo do Estado, apenas no trimestre de 2023, foi registrado o maior número de casos desde o ano de 2020.
Conforme o Ministério da Saúde, no país, existem 4 principais espécies, das quais, 3 vivem em MS:
- Escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) – Encontrado em todas as regiões do país. É o que mais preocupa por ser considerado o mais venenoso. Tem reprodução do tipo partenogenética, ou seja, as fêmeas procriam sem precisar que machos as fecundam.
- Escorpião-marrom (Tityus bahiensis) – Encontrado na Bahia e algumas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
- Escorpião-amarelo-do-nordeste (Tityus stigmurus) – Também procriam sem a necessidade de um macho. É a espécie mais comum no Nordeste do Brasil, apresentando alguns registros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
- Escorpião-preto-da-amazônia (Tityus obscurus) – O principal causador de acidentes e óbitos por picadas de escorpião na região Norte e no estado do Mato Grosso.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, não existem evidências científicas de que tratamentos caseiros funcionem, então, em caso de picada, o paciente deve procurar atendimento médico imediatamente.
Algumas espécies estão adaptadas ao ambiente urbano e se multiplicam nos grandes centros.
No verão, a atenção deve ser redobrada, pois o clima úmido e quente favorece o aparecimento desses animais, que se abrigam em esgotos e entulhos.
Onde vivem e quando aparecem mais
O animal geralmente vive em terrenos baldios e esgotos e chega às residências por meio de ralos da cozinha e banheiro, podendo causar sérios acidentes.
As altas temperaturas somadas ao período de reprodução dos escorpiões – que ocorre nos meses de agosto e setembro – tem impactado também nos índices de acidentes envolvendo esses animais em Mato Grosso do Sul.
De acordo com o Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), vinculado à SES (Secretaria de Estado de Saúde), o Estado registrou 3.012 casos de acidentes com escorpiões até o momento em 2023.
De janeiro a setembro foram contabilizados quase o mesmo número de acidentes de todo o ano de 2022.
Campo Grande registrou o maior número de vítimas de escorpiões até o momento, com 787 acidentes. Além da Capital, outros municípios ultrapassam os 100 casos: Três Lagoas (431), Paranaíba (189), Corumbá (133), Dourados (110), Brasilândia (106) e Cassilândia (104).
Segundo Alexandre Moretti de Lima, médico e responsável clínico do Ciatox, crianças e idosos compõem o principal grupo de risco de acidentes por escorpiões, visto que os casos tendem a evoluir com maior facilidade.
“Na maioria das vezes, 98% dos casos são de quadro leve, só com dor local. Em crianças e idosos a gente tem que tomar cuidado pelo risco de manifestação sistêmica e necessidade de soro. Se evoluir com o quadro cardiopulmonar, com edema agudo de pulmão, taquicardia, hipertensão, sudorese, salivação e palidez, será necessário a utilização de soro escorpiônico”.
Cuidados em casa
Para evitar acidentes com escorpiões, o Ciatox recomenda usar água sanitária nos ralos e frestas de portas, instalar barreiras mecânicas nas portas, evitar o acúmulo de entulhos, fechar frestas e rachaduras nas paredes, manter o ralo do banheiro fechado após o banho e vedar bem as caixas de gordura.
Além disso, em caso de acidente, é necessário lavar o local da picada com água e sabão. Alexandre Moretti destaca que a vítima deve procurar a unidade de saúde mais próxima e passar por atendimento imediatamente.
“Em raros casos vai ser necessário a utilização de soro antiescorpiônico, mas quanto mais precoce a utilização, menor a chance de mortalidade”.
Ao matar um escorpião, se possível, ele deve ser recolhido e levado ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) do município para auxiliar na identificação e medidas de prevenção e controle da espécie.
Em caso de dúvidas, basta entrar em contato com o Ciatox pelos telefones: (67) 3386-8655 e 0800-722-6001 e 150. A equipe oferece teleatendimento a profissionais de saúde, diagnóstico e identificação de animais peçonhentos e plantas tóxicas.
Medidas de prevenção
Os escorpiões que habitam no meio urbano se alimentam principalmente de baratas, portanto, são comuns em locais com acúmulo de lixo.
São animais que não atacam, mas se defendem quando ameaçados. Para evitar encontros indesejados, é importante:
- Manter lixos bem fechados para evitar baratas, moscas e outros insetos que sejam alimento dos escorpiões;
- Manter jardins e quintais limpos. Evitar acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das residências;
- Em casas e apartamentos, utilizar soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques;
- Afastar camas e berços das paredes;
- Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão.
- O Ministério da Saúde não recomenda a utilização de produtos químicos (pesticidas) para o controle de escorpiões.
Esses produtos, além de não possuírem, até o momento, eficácia comprovada para o controle do animal em ambiente urbano, podem fazer com que eles deixem seus esconderijos, aumentando o risco de acidentes.
Sinais e sintomas
Segundo o Ministério da Saúde, auando há picada por escorpião, a dor é imediata em praticamente todos os casos, além da sensação de formigamento, vermelhidão e suor no local.
Após alguns minutos ou horas, principalmente em crianças, que são mais vulneráveis ao envenenamento, podem aparecer outros sintomas, como tremores, náuseas, vômitos, agitação incomum, produção excessiva de saliva, hipertensão, entre outros.
Todos os escorpiões são venenosos e os riscos aumentam de acordo com a quantidade de veneno injetado e no quão nocivo o veneno de cada espécie é para o corpo humano.
Os casos leves, que não necessitam da aplicação do antiveneno, representam cerca de 87% do total de acidentes.
O soro antiescorpiônico é disponibilizado apenas nos hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mortes
Nesta segunda-feira (25), uma criança de 6 anos morreu após uma picada de escorpião, no interior de Mato Grosso do Sul. Após atendimento médico, foi levantada também suspeita de abuso sexual e o caso foi encaminhado para investigação Polícia Civil.
Antes disso, no último fim de semana, o animal peçonhento fez mais três vítimas no interior do Estado, mas todos seguem em recuperação.
Uma dessas vítimas foi uma criança de 3 anos, que acordou aos gritos durante a madrugada desta segunda-feira (25), com um escorpião amarelo ferroando várias vezes suas costas.
Os casos acontecem após cerca de um mês da morte de Pyetro Gabriel, que faleceu em 22 de agosto, aos cinco anos, uma semana após a picada.
No mesmo dia, uma menina, de aproximadamente seis anos, também sofreu um ataque do animal, mas recuperou-se
O aumento de casos faz com que as agências de saúde deixem alerta para a população.
Fonte:CE