Interpol e Ministério Público do Paraguai deflagraram, nessa segunda-feira (18), a Operação Hipócrates, que resultou na prisão de dois cidadãos de nacionalidade brasileira, estudantes de medicina em uma universidade particular do lado paraguaio da fronteira. Tais indivíduos são acusados de falsificar documentos em benefício próprio e de terceiros.
Em entrevista ao jornal Última Hora, o diretor do curso de Medicina de um dos estabelecimentos prejudicados em Ciudad del Este, a Universidad del Sol (Unades), confirmou que o caso foi denunciado às autoridades pela instituição, que fez um pente-fino e detectou dezenas de acadêmicos com indícios de uso de documentação apócrifa.
“No total, foram mais de 45 alunos, transferidos de diferentes universidades [para a Unades]. A matrícula da grande maioria foi cancelada, mas as autoridades nos pediram que esses dois [os brasileiros presos na segunda] continuassem sendo alunos até sua detenção oficial”, explicou Rubén Ibarrola, diretor do curso da Unades.
Segundo Ibarrola, a fraude mais comum era a apresentação de certificados falsos de conclusão de disciplinas em outras universidades do Paraguai, para que os estudantes – em sua maioria, brasileiros – pudessem “pular” os semestres iniciais do curso, reduzindo custos e tempo para a graduação.
Os documentos apócrifos, conforme o diretor, simulavam certificados supostamente emitidos por instituições como a Universidad Privada María Serrana, Universidad María Auxiliadora, Universidad Internacional Tres Fronteras e Universidad Sudamericana. Segundo as investigações, tais universidades não têm envolvimento com as fraudes.
“Quanto aos alunos que vêm por transferência, o primeiro passo é uma pré-matrícula”, detalhou Ibarrola, explicando que a descoberta das falsificações ocorreu nessa etapa do processo. “Uma das cláusulas do contrato menciona que, em 90 dias, o estudante deverá apresentar toda a documentação original. Se não apresentar, será desmatriculado.”
As investigações sobre o esquema revelado pela Operação Hipócrates continuam. Além da prisão dos dois brasileiros, Interpol e Ministério Público do Paraguai apreenderam, nessa segunda, grande quantidade de evidências, como documentos, planilhas de anotações e dispositivos eletrônicos, que serão periciados para a extração de novos dados.
Fonte:H2FOZ