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Defasagem de R$ 0,49 na gasolina e R$ 0,69 no diesel pressiona por alta

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Os relatórios da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) mostram que a defasagem do preço da gasolina chega a R$ 0,49 (14,28%) e do óleo diesel, a R$ 0,69 (15%), no comparativo com os valores praticados no mercado internacional. A diferença de preços pressiona a Petrobras a um novo aumento dos combustíveis.

O último reajuste realizado pela estatal foi no dia 16 de agosto, quando a Petrobras aumentou em 16,18% os preços da gasolina e em 25,8% os preços do diesel. A mudança foi justamente para alinhar os preços praticados à alta dos preços do petróleo internacional, por isso, há uma pressão do mercado para que haja mais reajustes.

As preocupações sobre a oferta global de petróleo têm elevado os preços nos últimos dias. Nesta semana, o barril do tipo Brent ultrapassou a casa dos US$ 90. Apesar de a Petrobras não utilizar mais a paridade internacional (PPI) como base de reajuste, com a alta de preços da matéria-prima, o aumento acabará chegando.

Para o diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, o cenário é de dúvida e cautela, já que não há sinalização por parte do setor.

“Realmente existe essa defasagem acentuada, mas, como a Petrobras afirma que não está utilizando a paridade internacional, a saída é aguardar para ver como mercado deve reagir perante a situação”.
O doutor em Economia Michel Constantino analisa o panorama de discrepância dos preços e aponta possíveis reflexos para Mato Grosso do Sul e o País.

“No momento, os custos dos combustíveis, que já estão altos, podem aumentar pela defasagem [de preços] e pressionar ainda mais a inflação, subindo preços de alimentos e produtos que utilizam no custo de produção o frete e o insumo [petróleo]”, destaca.

Constantino afirma ainda que o cenário traz prejuízo para os acionistas da Petrobras e para os consumidores. “Se os preços aumentarem, a inflação vai impactar diretamente o bolso das pessoas com menor poder de compra”, avalia o economista.

CENÁRIO

Levando em conta os últimos acontecimentos no setor petrolífero, a Petrobras vem passando por um período de questionamentos, principalmente pelo represamento de preços em um cenário de alta das cotações internacionais do petróleo.

A consistente defasagem no mercado interno já vinha levantando também alertas de risco de desabastecimento de diesel afetado pelo consumo do combustível fóssil, que cresceu no segundo semestre, com a maior demanda pelo transporte da safra agrícola.

Constantino esclarece que a mudança na política de preços foi implementada em maio deste ano. “A Petrobras atualiza os preços dos combustíveis de um jeito que chamamos de ‘colocar o preço na canetada’, ou seja, não segue a paridade internacional do petróleo”.

Para o economista, esse tipo de formação de preço tem duas consequências: queda da receita da empresa, levando a prejuízo e quebra; e uma maquiagem no preço que pode trazer desabastecimento. “Eles [Petrobras] não conseguem atender todo o mercado e precisam importar diesel refinado e contar com empresas privadas que fazem isso”, conclui.

PREÇOS

Ao mesmo tempo, em Mato Grosso do Sul, a tendência nos últimos meses é de alta tanto para o preço da gasolina como para o do diesel, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Em um mês, o litro do óleo diesel comum subiu 21,30% em Mato Grosso do Sul. No período de 6 a 12 de agosto, o litro do diesel comum custava, em média, R$ 5,07, já entre 3 e 9 de setembro a versão comum do combustível fóssil era comercializada a R$ 6,15.

Já o litro do diesel S10 era comercializado por R$ 5,10 de 6 a 12 de agosto, enquanto de 3 a 9 de setembro o valor médio praticado em MS era de R$ 6,31, alta de 23,72%.

A gasolina comum subiu 7,10%, saindo de R$ 5,21, no início de agosto, para R$ 5,58, no começo deste mês.

Vale ainda destacar que, na esfera doméstica, o óleo diesel foi reajustado no dia 5 deste mês, quando parte da alíquota do PIS/Cofins voltou a incidir sobre o combustível.

Desonerado desde 2021, a ação seria mantida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva até 31 de dezembro deste ano, porém, após todo o orçamento da Medida Provisória (MP) nº 1.175/2023, de redução de impostos sobre a compra de veículos novos, ser consumido, foi necessário antecipar a cobrança.

A reoneração da alíquota cheia de PIS/Cofins, de R$ 0,35 por litro, está prevista para janeiro de 2024, e a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) já alerta para um novo aumento no próximo mês.

O impacto com o retorno do PIS/Cofins ainda é pequeno, conforme a pesquisa da ANP: a versão S10 variou entre R$ 5,84 e R$ 7,27 (média de R$ 6,20) nos postos de combustíveis do Estado, no período de 27 de agosto a 2 de setembro. O valor médio encontrado pela ANP para o produto na semana passada foi de R$ 6,31.

No mesmo período, o óleo diesel comum sofreu uma leve retração, saindo de R$ 6,19 para R$ 6,15. (Colaborou Súzan Benites)

Fonte:CE

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