Já imaginou algum dia ganhar sozinho(a) na Mega-Sena? E o impacto que isso teria sobre o seu casamento? Agora continue nesse exercício de futurologia: receber essa bolada na loteria fortaleceria sua relação? Ou seria um caminho para acabar de uma vez com ela?
Para quem acha que a resposta a essa pergunta é pra lá de óbvia – e que dinheiro extra é sempre garantia de felicidade -, vale a pena conhecer uma pesquisa feita na Suécia justamente com sortudos ganhadores de loteria, cujos resultados foram apresentados neste ano num trabalho do National Bureau of Economic Research.
Realizado pelos pesquisadores David Cesarini, Erik Lindqvist, Robert Östling e Anastasia Terskaya, o estudo Fortunate Families? The effects of wealth on marriage and fertility – ou Famílias afortunadas? Os efeitos da riqueza sobre o casamento e a fertilidade, em tradução livre – acompanhou a vida de ganhadores da loteria na Suécia por um período de 10 anos depois de eles terem tirado a sorte grande.
E descobriu algo curioso: acertar os números premiados tem impactos significativos no casamento, como já era de se esperar, mas eles variam dependendo se a sorte foi do homem ou da mulher.
Pesquisadores analisaram taxas de casamento, divórcio e fertilidade no curto, médio e longo prazos – respectivamente, 2, 5 e 10 anos depois do prêmio – de pessoas que receberam uma bolada inesperada de dinheiro entre 18 e 44 anos. E concluíram que, enquanto os homens que ganharam na loteria eram mais propensos a se casar e menos propensos a se divorciar, as mulheres que ganhavam na loteria eram mais propensas a se divorciar no curto prazo.
“Entre solteiros, ganhar 1 milhão de coroas suecas (o equivalente a R$ 456 mil) aumenta em 30% a probabilidade de um casamento num horizonte de cinco anos”, aponta o estudo. “O risco de um divórcio nos dez anos seguintes a (um homem) ganhar um prêmio da loteria cai 40%. E a taxa de fertilidade cresce 13,5%.”
Já no caso das mulheres, “um ganho inesperado de 1 milhão de coroas suecas quase duplica a probabilidade de divórcio no curto prazo”.
E por que isso ocorre? Para os investigadores, esses resultados, compatíveis com outras evidências empíricas obtidas em pesquisas anteriores, mostram que um maior rendimento do marido estabiliza os casamentos, enquanto um aumento na renda ou no salário das mulheres pode ter o efeito oposto dependendo da situação.
Sabe aquela história de alguém permanecer numa relação infeliz apenas por que não dispõe de liberdade financeira para se sustentar fora dela? Ou do quem paga manda? Nesse caso, um choque de renda pode mudar a dinâmica de poder na relação. Não por acaso famílias de baixa renda são mais afetadas por mudanças econômicas, sejam perdas ou ganhos inesperados.
Resumindo, apesar de o dinheiro não determinar o êxito ou fracasso de uma relação amorosa, o estudo reforça que ele pode acabar de implodir um casamento que já estava com problemas.
E, se você costuma arriscar a sorte na loteria e anda infeliz com o/a cônjuge, é bom prestar atenção no que diz a lei: até bens adquiridos por fatos eventuais, como ganhar na loteria, entram na comunhão em caso de divórcio. Sua sorte, portanto, acabará brindando também o – ou a – ex.
Fonte: Estadão