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Etanol retorna aos preços praticados na pandemia; a gasolina pode voltar a subir

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O preço médio do litro do etanol voltou a apresentar queda em Campo Grande, com valores retornando aos praticados durante o pico da pandemia de Covid-19, em 2021. Enquanto o biocombustível figura na casa dos R$ 3, a gasolina está perto dos R$ 5. Apesar de os valores estarem acessíveis ao consumidor, há uma pressão externa para que o combustível fóssil volte a subir.

De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), atualmente, há uma defasagem de 24% no preço da gasolina comercializada nas refinarias da Petrobras em comparação com os preços internacionais.

Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que, em 2021, o litro do etanol hidratado era comercializado, em média, a R$ 3,33 na Capital. Enquanto na primeira semana deste mês o biocombustível foi a R$ 3,42, se aproximando do preço praticado há dois anos.

No comparativo com o valor máximo entre os períodos, é possível observar uma leve queda em relação ao valor de 2021. No ano passado, o litro do etanol era vendido a R$ 3,69, enquanto na semana passada o álcool era vendido a R$ 3,65, ou seja, queda de um 1,09%.

Ainda de acordo com os dados da ANP, os valores mínimos encontrados em Campo Grande foram R$ 3,15, em 2021, e R$ 3,29, neste ano.

O mestre em Economia Lucas Mikael explica os fatores que podem afetar os valores do produto. “Sempre que a gasolina sobe, há espaço para aumento do etanol. E sempre que a gasolina cai o produtor de etanol não consegue vender se não baixar o preço também”, afirma.

Como o preço da gasolina está em queda, o economista explica que o consumidor vai naturalmente abastecer mais com o derivado de petróleo. E, com a baixa demanda pelo biocombustível, os produtores tendem a reduzir o preço cobrado das distribuidoras, que repassam para as revendas e para o consumidor na tentativa de que o etanol seja competitivo em relação à gasolina.

“É importante destacar também que há fatores secundários que afetam o preço do etanol, como a entressafra e questões climáticas, realidade vivida atualmente no Estado”, ressalta Mikael.

Na comparação de preços, o etanol está competitivo em relação à gasolina. Para que a troca compense, é preciso dividir o valor do etanol pelo da gasolina e o resultado deve ficar abaixo de 0,7. Por exemplo, ao dividir R$ 3,42 (etanol) por R$ 5,07 (preço médio da gasolina), o resultado é 0,6, ou seja, a troca compensa em Campo Grande.

PRODUÇÃO

Confirmando o cenário favorável do biocombustível, Mato Grosso do Sul se destaca como segundo na produção de etanol no País, ficando atrás somente de Mato Grosso na safra 2022/2023, conforme aponta levantamento da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).

De acordo com a entidade, a produção de apenas uma usina em operação no Estado correspondeu a 21,91% do volume de etanol de milho produzido no Brasil na safra do ano passado.

“Foi produzido 0,71 milhão de metros cúbicos em Mato Grosso do Sul na safra 2022/2023, em uma produção total de 4,38 milhões de metros cúbicos do combustível no País. Segundo a Unem, a estimativa para a safra 2023/2024 é de 1,14 milhão de metros cúbicos de etanol de milho produzidos ainda por apenas uma das usinas de etanol instaladas no Estado”, comenta o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

De acordo com a Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul-MS), a produção total de etanol no Estado na safra 2022/2023 chegou a 3,2 bilhões de litros, volume 33% maior em relação à safra passada, já com a participação do etanol de milho.

Destacando a cana-de-açúcar como matéria-prima, o Estado também apresenta volume significativo de contribuição para a fabricação do etanol, o setor sucroenergético tem se expandido na produção, gerando competitividade.

POLÍTICA DE PREÇOS

No cenário nacional, a expectativa é de aumento de preços para os derivados do petróleo, levando em conta que a Petrobras deve promover reajustes do produto em breve.

De acordo com a Abicom, atualmente, há uma defasagem de 24% no preço da gasolina comercializada nas refinarias da estatal na comparação com os preços internacionais.

Mikael explica que o cenário em desdobramento ocorre em virtude da manutenção dos preços praticados pela estatal. “Isso significa que a Petrobras precisaria elevar o preço do litro da gasolina em R$ 0,77, caso queira igualar com o mercado internacional, o que traria equilíbrio ao panorama de defasagem”.

Ele ainda ressalta que, caso não haja o reajuste de preços dos combustíveis aos consumidores, a petrolífera poderá sair no prejuízo por ter abandonado a política de paridade de importação (PPI).

“A defasagem da gasolina nada mais é do que a diferença entre o preço interno e o preço externo do combustível sobre a mesma unidade de medida. Basicamente, isso indica que o valor do combustível vendido pela Petrobras às distribuidoras está abaixo das cotações do mercado internacional”, explica.
Adotando uma nova política de preços, a estatal optou pelo fim do PPI. A mudança que incide diretamente sobre o mercado interno trouxe novos patamares de preços para a comercialização do petróleo e seus derivados.

O novo modelo deixa de considerar o custo de importação mirando na busca por clientes e no custo de oportunidade de venda dos produtos, isso sem perder competitividade e rentabilidade.

A Petrobras afirma que não antecipa informações sobre reajustes, os quais costumam ser anunciados 24 horas antes de entrarem em vigor. Mas, nos bastidores, há uma pressão para que os preços subam.
A avaliação é que a saúde financeira da Petrobras está mantida, mesmo com o preço dos combustíveis mais baixo em relação ao mercado internacional. No entanto, o primeiro balanço após a nova política de preços trouxe queda no lucro.

No segundo trimestre, a Petrobras obteve lucro de R$ 28,8 bilhões, 47% a menos do que o lucro do mesmo período do ano anterior.

Fonte:AGB

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