CulturaDestaqueNotícias

Feira literária de Bonito traz grandes atrações musicais a partir de amanhã

Compartilhar:

Com uma infância marcada pela questão do preconceito racial e com o desejo de menina pela igualdade, o livro “Os Sonhos de Ágatha” é a história escrita e vivida por Jaceguara Dantas. A autora é uma das convidadas de destaque na programação da Feira Literária de Bonito (Flib) deste ano. Ela marcará presença na sétima edição do evento como participante do Dedo de Prosa deste sábado, às 17h, no lounge Fala Natureza.

Toda a programação da Flib 2023, que ocorre entre os dias 5 e 9, será realizada na Praça da Liberdade, com acesso gratuito. Ao lado de outros importantes nomes da literatura regional, Jaceguara conversará com o público sobre o seu trabalho.

A escritora conta que aproveitou o período de quarentena da pandemia da Covid-19, em 2020, para conceber “Os Sonhos de Ágatha”. Jaceguara diz que escreveu o livro infantil sobre racismo com a intenção de ajudar crianças no processo de aceitação e para enfrentar desafios ao crescer em uma realidade severa.
Filha de pai negro e mãe branca, Jaceguara recorda em “Os Sonhos de Ágatha” um período da infância. Ela narra que sua vizinha, colega de colégio, branca, só conversava com ela nas aulas, pois a mãe da garota a proibia de brincar com a “colega negra”.

“Tenho a intenção de alcançar muitas crianças negras, ajudar na superação do racismo e no processo de autoafirmação. Tive um retorno incrível de uma criança de oito anos, que questionou por que o racismo existe. Essas crianças no futuro serão adultos, e eu acredito muito no potencial da educação”, afirma.

Além de escritora, Jaceguara Dantas é desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul (TJMS), ofício que a levou a ser autora do livro “Ministério Público e Violência Contra a Mulher: Do fator gênero ao étnico-racial”, publicado em 2018 pela editora Lumen Juris.

BRÔ MC’s

“Do Rock in Rio para a 7ª Flib”. É assim que a organização do evento literário tem divulgado a presença do Brô MC’s em seu line-up de shows. Não é para menos. Criado há 14 anos, em Dourados, o primeiro grupo de rap indígena do Brasil sobe ao palco principal, na Praça da Liberdade, nesta quinta-feira, às 21h, ainda no fluxo da histórica apresentação no festival carioca, realizada no dia 3 de setembro do ano passado, a convite do rapper Xamã.

“Isso é um sonho para a gente, mas também é uma retomada”, disse, à época, Bruno Veron, integrante e fundador do Brô MC’s, que se tornou também o primeiro grupo musical indígena a tocar no Rock in Rio.
A realidade de Bruno e dos outros “brôs” – Tio Creb, Kelvin Mbaretê e CH (Charlie Peixoto) – já foi descrita como “o retrato real da pressão do agronegócio sobre as terras indígenas”. Eles moram nas aldeias Bororo e Jaguapiru – “quase que engolidos por grandes fazendas monocultoras” –, situadas no município distante 235 km da Capital.

Os artistas vivem em pequenos terrenos, “encurralados pelo mar de fazendas que rodeiam a Reserva [Indígena] Francisco Horta Barbosa, sobreposta às suas aldeias”, revela o Instituto Socioambiental.
Com pouco mais de 3,5 mil hectares, a terra indígena conta com a maior quantidade populacional indígena por metro quadrado no País, chegando a abrigar, aproximadamente, 20 mil indígenas dos povos terena, guarani e kaiowá.

A rotina em meio a cenas de conflito – e morte – fez Bruno se identificar com o rap. Ele e outros garotos da aldeia se sentiram atraídos pelo ritmo até então desconhecido em 2007, ainda na infância. Para dar início às primeiras rimas, com o irmão Clemerson, o Tio Creb, foi um pulo. E logo começaram as primeiras apresentações em escolas e pequenos espaços culturais de Dourados. Em 2009, com a adesão de Kelvin Mbaretê e CH, decidiram criar o grupo. “Brô” é uma gíria comum entre os jovens da região e faz referência à palavra em inglês brother (irmão).

“Eu entendi que essa era a minha forma para lutar em defesa da retomada do meu território sagrado. Eu me identificava com a raiva e a indignação dos Racionais MC’s e entendia que o que eles cantavam ali era fruto da injustiça. O que vivemos aqui é isso também, por isso decidimos cantar”, diz Bruno.

Em suas letras, cantadas principalmente em guarani e kaiowá, os “brôs” denunciam as consequências do empobrecimento cíclico a que seu povo foi condicionado, falando para os “seus” sobre o confinamento humano no espaço em que vivem, alertando sobre a pressão e a falta de oportunidade para os indígenas da região e reforçando suas ancestralidades, como a importância das suas casas de reza.

“Não temos armas para combater os helicópteros que bombardeiam injustamente as nossas retomadas, [mas] temos a reza, a única defesa desse povo”, afirma Tio Creb. “Retomada”, inclusive, é o nome do álbum lançado no ano passado.

A produção das músicas fica sob a responsabilidade dos próprios integrantes. Além de compor, eles realizam a gravação e a mixagem de quase todas as suas composições. Apesar dos equipamentos de baixo custo, a qualidade sonora que os “brôs” atingem impressiona os parceiros.

Um estúdio e a produção do segundo disco estão em curso por meio do apoio do DJ Alok. Com a nova estrutura, a ideia é dar suporte a outros rappers indígenas na produção musical.

ELISA LUCINDA

Elisa Lucinda tem se dedicado a popularizar o acesso à poesia. É com a força dessa missão que a artista capixaba de coração carioca volta à Flib. No sábado, às 11h, ela estará no lounge Fala Natureza para uma palestra-show.

Cantora, atriz, poetisa e escritora, Elisa é autora de 14 livros, entre eles “O Semelhante”, “Eu Te Amo e Suas Estreias” e “A Fúria da Beleza”, todos dedicados à poesia. Ainda, “A Menina Transparente”, reconhecido pelo Prêmio FNLIJ, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, com selo de “altamente recomendável”.

Na palestra-show “Parem de Falar Mal da Rotina”, Elisa Lucinda sobe ao palco com um monólogo de “histórias cênicas”, em que apresenta uma visão renovada sobre a rotina e seus encantos. É com esse jeito de tornar o simples essencial que, mais uma vez, fará da Flib 2023 o seu proscênio.

TONI GARRIDO

Toni Garrido subirá ao palco principal da sétima Flib, também no sábado, às 22h. O ex-Cidade Negra faz 40 anos de trajetória neste ano e volta a Mato Grosso do Sul com um show solo em que mistura o repertório da banda – “A Sombra da Maldade”, “Estrada”, “O Erê”, “Girassol”, etc. – a canções de sucesso que costuma revisitar, a exemplo de “Solteiro no Rio de Janeiro”, “Palco”, “Lilás”, “Saideira” e “Pescador de Ilusões”.

Na Flib, a proposta do cantor é retomar o clima da turnê “Baile Free”, um mix de música black com sons eletrônicos, que já passou por vários municípios brasileiros e por cidades do Canadá (Toronto e Norwalk) e dos EUA (Boston, Orlando, San Diego e Los Angeles).

 

Fonte:CE

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo