Quem trafega pela BR-262 entre Miranda e Corumbá não imagina que a apenas 5 km dali, a partir do Povoado do Salobra, a natureza se descortina em um ambiente ainda selvagem na conexão de quatro biomas (Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Chaco) num raio de 300 km, desde a Serra da Bodoquena. Lugar encantado, com água transparente, mata intocada, centenas de aves, berçário de peixes e habitat da onça-pintada.
Nesse paraíso natural, que os estudiosos chamam de jardim de paisagens, o Projeto Salobra é um atrativo que reúne todas as atividades para vivenciar as belezas da região, em um passeio de barco pelo cênico Rio Salobra, onde a pesca é proibida por lei, observando as mais de 300 espécies de pássaros ou caminhando pelas trilhas de mata ciliar. Distante 18 km de Miranda e 148 km de Bonito, o empreendimento de ecoturismo está localizado no corredor de biodiversidade mais preservado de Mato Grosso do Sul.
O visitante se impressiona logo na chegada, com o jeito alegre e prestativo do nativo pantaneiro receber as pessoas. Quem já esteve no projeto e foi atendido pela equipe de colaboradores – dos monitores ambientais aos responsáveis pelo preparo do cafezinho fresco com chipa e a comida típica – não deixa de exaltar nas redes sociais o serviço nota 10. Todos os colaboradores são da comunidade do Salobra e capacitados por meio de cursos oferecidos pelo Sebrae.
“Amamos a natureza”
O Projeto Salobra nasceu em 2019 e hoje é um dos mais visitados, principalmente pelos turistas (brasileiros e estrangeiros) que vão a Bonito, viajando em carro próprio ou vans. Opera com o sistema day use, com aproximadamente cinco horas de atividades (o passeio fluvial dura por volta de três horas), com o almoço na casa da “família pantaneira”, uma estrutura rústica de madeira certificada dentro do receptivo.
O simpático casal Áurea e Gerson Prata, donos do atrativo, sempre que possível estão presentes para dar as boas-vindas. Eles trabalham com turismo no espaço rural desde 2001 e em 2019 fizeram uma reestruturação do passeio, com foco na preservação ambiental e no ecoturismo sustentável, nascendo assim o Projeto Salobra. “Deu certo esta reestruturação, pois amamos a natureza e dividir esta vivência com o turista é um privilégio”, diz Áurea Prata.
E como deu certo, que o diga quem o visita! A experiência é indescritível não apenas pelo cenário incrível. O atrativo, como tudo no Pantanal, é regido pelas estações de cheia e seca. Quando os rios da região se elevam, de janeiro a maio, as águas do Salobra sobem três metros até o receptivo. O acesso do visitante ao rio durante a cheia é feito dentro d’água por 300m, em uma carreta puxada por trator, elevando a adrenalina e tornando o trajeto um momento único.
O Delta do Salobra
As atividades durante o day use se diferenciam conforme o ciclo hidrológico, porém a sensação de estar num lugar cercado de muito verde, um verdadeiro aquário natural, é a mesma em qualquer época do ano. O passeio em barcos com motor de pouca potência é uma aula de natureza ao ar livre. Cardumes de peixes, revoadas de pássaros, o garboso tuiuiú na margem espiando o movimento. De repente, o guia dá o sinal: a onça-pintada apareceu e faz pose!
O Projeto Salobra integra uma rede de proteção ao maior felino da América do Sul. Além do monitoramento da fauna, por meio de câmeras trap, o atrativo foi escolhido pelos órgãos ambientais para soltura responsável de animais encaminhados pelo Centro de Reabilitação de Animais Selvagens, de Campo Grande, pela qualidade ambiental no entorno. Estruturas foram criadas para a reintrodução dos animais à natureza.
O encantamento de que visita o atrativo, se justifica também, pelo mosaico de habitats que se forma na integração dos quatro biomas, formando um corredor ecológico com vastos campos alagados e uma das maravilhas da natureza, o Delta do Salobra – quando o rio sinuoso deixa o entorno dos cânions da Serra da Bodoquena e rompe barreiras naturais para adentrar no Pantanal, onde deságua no Rio Miranda, um dos pontos de visitação mais esperado no passeio.
Fonte:CGN