Aproximadamente 30 pessoas se reuniram para protestar contra os atropelamentos de animais silvestres em estradas de Mato Grosso do Sul, na manhã desta segunda-feira (15), no canteiro central da avenida Mato Grosso, número 2002, em Campo Grande.
Durante a manifestação, animais mortos foram postos em uma lona, no chão, ao lado de cruzes, para retratar a situação. Dados divulgados pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) apontam que, apenas na BR-262, 6.500 animais foram mortos, entre 2017 e 2020.
Os manifestantes reivindicam pela implantação de grades, radares e sinalização em pontos estratégicos nas rodovias, onde animais atravessam com maior frequência. As ações reduziriam a colisão entre veículos e animais em 80%.
Implantar grades, na beira das estradas, é uma maneira de impedir que animais tenham acesso às vias, de modo a evitar acidentes. Já os radares induzem os motoristas a diminuírem a velocidade, de maneira que seja possível frear, com segurança, caso o animal atravesse a via.
A sinalização orienta o condutor a prestar atenção na via, com a sabedoria de que existem animais na pista.
Uma carta, com todas as reivindicações citadas acima, será entregue, na manhã desta segunda-feira (15), ao superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), Euro Nunes Valente Junior. Confira a íntegra da carta no fim da reportagem.
Os organizadores do evento são SOS Pantanal, Chalana Esperança, Fridays for Future e Instituto Líbio.
Colisão entre veículos e animais silvestres matam não apenas bichos, mas também pessoas, de acordo com a gravidade do acidente.
De acordo com o biólogo e diretor de engajamento do Instituto SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa, o turista se encanta com a diversidade de espécies e ao mesmo tempo se assusta com os bichinhos destroçados à beira das rodovias.
“É um lugar que as pessoas vão para assistir uma natureza bonita e estão vendo literalmente uma carnificina na estrada. Os estudos já existem, a gente já sabe o que tem que ser feito, a gente só precisa de execução. Os animais e as pessoas não podem continuar correndo risco nas estradas, por isso que o movimento chama ‘Estrada segura para todos’”, explicou.
Figueiroa ainda ressaltou que se as ações do poder público realmente saírem do papel, fauna, flora e vidas humanas serão poupadas de tragédias.
“Isso economiza dinheiro público, você economiza vidas de pessoas e milhares de vidas de animais que morrem todos os dias”, especificou o biólogo.
NÚMEROS FATAIS
Dados divulgados pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) apontam que, apenas na BR-262, 6.500 animais foram mortos, entre 2017 e 2020.
Destes, 316 eram de espécies ameaçadas de extinção (tamanduá-bandeira, anta, cervo-do-Pantanal, queixada, lobo-guará, cachorro-vinagre, gato-palheiro, gato-mourisco).
A cada 3 dias, 2 tamanduás-bandeira morrem na 262. Isso reduz pela metade o crescimento da população.
Além disso, 90% das colisões ocorrem de noite, devido a maior atividade dos animais e menor visibilidade na pista.
Um outro estudo realizado por um grupo de especialistas entre abril de 2013 e novembro de 2018, registrou 470 atropelamentos de anta em 32 rodovias do Mato Grosso do Sul.
No mesmo período, 55 pessoas ficaram feridas e 23 vieram a óbito em colisões com antas no estado.
As rodovias com maior número de colisões entre carros e animais silvestres são:
- BR-262 (corta o Pantanal sul-mato-grossense, liga Campo Grande a Corumbá e é apelidada como “estrada da morte”)
- MS-040 (liga Campo Grande a Santa Rita do Pardo)
- MS-178 (liga Bonito a Bodoquena)
- MS-382 (liga Guia Lopes da Laguna a Porto Murtinho)
Os animais vítimas são jacaré, tamanduá, bandeira, tamanduá-mirim, lobo-guará, onça-pintada, entre outros.