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Pesquisadores criam aplicativo que alerta para alagamentos

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Pesquisadores do Laboratório de Hidrologia, Erosão e Sedimentos (Heros) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) realizam monitoramento das chuvas, e a iniciativa já resultou em um aplicativo que é capaz de avisar com antecedência sobre os locais onde haverá alagamentos na Capital.

O professor doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento Paulo Tarso é o coordenador do projeto e informa que a “ideia é pegar os dados de previsão de chuva, com até 48 horas [de antecedência], entrar no modelo, que já está calibrado, e aí ele mostrar as áreas que vão inundar. Isso aí antes de a chuva acontecer, com até 48 horas de antecedência”.

O professor comenta também que esses estudos podem ser usados pela Defesa Civil e outros órgãos para avisar a população com antecedência, por meio de alertas, noticiários ou até mesmo sistemas de alarme, como os usados em cidades que monitoram deslizamentos, desabamentos e rompimentos de barragens.

Segundo Tarso, esse é o grande desafio dos pesquisadores, repassar essa informação de forma clara para o público e conseguir parcerias com o poder público, que são extremamente importantes para esse fim.

A Prefeitura de Campo Grande informou, por meio de nota, que tem um convênio com a UFMS que prevê estudos de apoio para os projetos de pavimentação e, atualmente, estão sendo acertados os últimos detalhes de um aditivo que incorpora estudos de drenagem ao convênio.

“O investimento, de cerca de R$ 1,5 milhão, prevê a capacitação de técnicos da prefeitura, pontos de medição de chuvas que vão possibilitar lançar alertas de enchentes nos períodos chuvosos, em todas as regiões da Capital, e ainda um aplicativo para que a população se informe sobre a previsão de alagamentos”, detalha a prefeitura.

Estudo

O primeiro estudo foi feito na Bacia do Prosa, que, segundo o professor, é um local problemático, foco de muitos alagamentos. A partir de medições feitas pela Prefeitura de Campo Grande, os pesquisadores formaram um modelo hidrológico para representar a realidade das chuvas.

“Depois da calibração do modelo hidrológico, nós temos o modelo hidráulico, que é a hora que a água chega no canal, para saber para onde que vai a mancha de inundação e até onde ela vai chegar. Então, a gente calibrou esse modelo hidráulico a partir de registros históricos de inundação nesse local”, explicou o professor.

Os estudos têm dados de 2014 e 2015, quando a Prefeitura de Campo Grande colocou diversos sensores de nível e pluviômetros. Porém, o pesquisador comenta que, em razão da falta de recursos para a manutenção desses equipamentos na época, só conseguiram utilizar cerca de dois anos de dados, por conta das falhas.

O primeiro projeto, da Bacia do Prosa, foi feito com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que investiu cerca de R$ 60 mil. Para a ampliação da iniciativa, a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de MS (Fundect), vai custear R$ 500 mil.

O novo estudo visa ampliar o monitoramento, realizado inicialmente na Bacia do Prosa, para todas as 12 bacias da área urbana de Campo Grande. A ideia é comprar 12 novos sensores de nível, um sensor que mede a velocidade e construir mais uma estação meteorológica. Com o novo aporte, os pesquisadores pretendem ter de 10 a 20 sensores distribuídos em cada bacia.

Previsão

A previsão das chuvas é uma das dificuldades que os pesquisadores encontram no projeto, principalmente quando se trata de tempestades, que são as precipitações que mais causam prejuízos na Capital.

De acordo com o professor Paulo Tarso, eles já utilizaram um modelo de previsão meteorológica para o primeiro projeto que funcionava bem para a previsão de chuvas de frentes frias. Esse tipo de chuva costuma ter uma intensidade mais leve, mas abranger áreas maiores, como uma cidade inteira e outras regiões do Estado.

“As chuvas que a gente tem mais problemas são as chuvas convectivas, que são as chuvas locais de pequena duração e alta intensidade. Para a gente ter uma previsão desse tipo de chuva, temos de fazer uma simulação de dados locais e um melhoramento do modelo meteorológico de previsão”, disse o professor.

Essas chuvas convectivas ocorrem principalmente no verão e são as maiores responsáveis pelos estragos em vias e os alagamentos. Tarso conclui que esses dados podem ser usados pelo poder público em termos de projetos, para poder selecionar as melhores intervenções e as áreas para essas ações.

TEMPESTADES

Vinicius Capistrano é professor doutor do Instituto de Física da UFMS e relata que as tempestades são mais difíceis de serem previstas pois ocorrem em escala local. Em função desse fator, é necessário o maior número de dados possível para montar um modelo numérico.

“Há a necessidade de um monitoramento. Quanto maior o número de estações em uma região, é possível utilizar esses dados da estação, não só para a questão da quantidade, mas da qualidade também, e utilizaria também vento, temperatura, umidade. Com essas informações a gente consegue alimentar o modelo”, afirmou o professor sobre a assimilação de dados ideal para o estudo.

 

Fonte:CE

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