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Queda do dólar e desaceleração da inflação pressionam redução de juros

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O dólar emendou o segundo pregão de queda firme na sessão de ontem e rompeu a barreira de R$ 5 no fechamento pela primeira vez desde o início de junho de 2022. A moeda americana fechou o dia cotada em R$ 4,94, em recuo de 1,31%. Na terça-feira, a inflação também apontou para desaceleração.

Com a mudança no cenário, economistas esperam queda nos juros para os próximos meses, além de outros impactos na cadeia produtiva, como a redução dos preços de insumos e produtos importados, por exemplo.

O doutor em Economia Michel Constantino explica que esse é o cenário mais propício, que deve refletir a queda de juros se continuar e se repetir nos próximos meses.

“A previsão é de que os juros comecem a cair no terceiro trimestre, mas pode começar antes, se esse cenário atual for mais frequente”.

“A taxa de juros Selic é um indicador macroeconômico que impacta o local, ou seja, impacta a economia do Estado e dos municípios, pois inflação menor e juros menores melhoram a qualidade do consumo, dos gastos e a qualidade de vida das pessoas”, completa Constantino.

Para o mestre em Economia Eugênio Pavão, o momento é “de recuperação da credibilidade da política econômica, com retorno de propostas de política industrial e investimentos.

Para as exportações dos produtos de MS, a baixa do dólar ajuda na compra de insumos importados, mas pode levar a queda do preço dos produtos voltados só ao mercado externo”.

Outra vantagem apontada pelo economista é que as dívidas das empresas e do governo em dólar ficarão mais baratas. “Os produtos que têm partes importadas, como remédios, informática, etc., tendem a cair, caso a queda do dólar se prolongue mais alguns e meses”, diz.

A taxa de juros já está pressionada, segundo o economista Eduardo Matos, apenas não foi reduzida por causa da independência do Banco Central.

Ele também destaca que, apesar de muitas vantagens com a valorização do real frente ao dólar, há algumas desvantagens para o agronegócio sul-mato-grossense.

“O agronegócio sente impactos no setor agroexportador, principalmente com a recente volta da compra da carne por parte da China, uma vez que o dólar baixo barateia nossos produtos. Por outro lado, para os setores que dependem de insumos de origem estrangeira, a queda do dólar nesse curto prazo é interessante”.

FREIO

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, explicou que as taxas de juros elevadas vão continuar inibindo a atividade econômica e, por consequência, industrial ao longo do ano.

A taxa Selic está congelada desde setembro de 2022, em 13,75%. A expectativa é de que os primeiros cortes comecem apenas em agosto. Com a Selic mantida em patamar elevado, o presidente da CNI aponta efeitos negativos sobre o crédito, os investimentos, o consumo e o comércio.

“O Brasil não tem política industrial, e a indústria tem perdido fôlego, sufocada por uma série de disfunções, principalmente no sistema tributário. Quando a indústria vai mal, o Brasil perde, porque é a indústria que paga os melhores salários, desenvolve tecnologia e inovação”, afirma Andrade.

INFLAÇÃO

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apura a inflação oficial do País, atingiu 0,71% em março, desacelerando em relação a fevereiro, quando ficou em 0,84%, e atingindo o menor patamar desde janeiro de 2021.

“Muitos analistas de mercado colocam que a queda dos juros é iminente, e, realmente, acredito que isso vai acontecer, ainda mais com a desaceleração da inflação, que é o principal argumento do BC para manter a Selic no patamar atual. Essa pressão se dá também pelo setor produtivo, que tem reduzido a procura por crédito em função do preço do dinheiro”, avalia Matos.

Pavão ainda ressalta que para manter a inflação em desaceleração, o dólar em queda e os juros em retração, é necessário que o governo federal emplaque as reformas no Congresso.

 

Fonte:CE

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