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Dupla é condenada por matar Wesner em lava jato com mangueira introduzida, mas ainda ficará em liberdade

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A reportagem noticiou que Dupla é julgada por morte de garoto a seis anos após ser injetado com mangueira em lava-jato na Capital . Assim, no inicio da noite desta quinta-feira (30), foi pronunciada a sentença, que condenou os dois acusados, após seis anos, pela morte do então adolescente Wesner Moreira. O garoto de 17 anos, foi a óbito quinze dias depois de ir parar no hospital, por ter tido uma mangueira de ar comprimido introduzida no anus, no local de trabalho, em lava-jato de Campo Grande, por Willian Enrique Larrea e Thiago Giovanni Demarco Sena. Eles foram condenados a 12 anos de prisão por homicídio qualificado doloso, mas ainda continuaram em liberdade, devido aos infinitos recursos da Justiça brasileira (veja abaixo as explicações).

A dupla não saiu presa do Tribunal do Júri, onde foram julgados por Júri Popular, pois a defesa deles no momento, já interpuseram recurso e a dupla irá responder em liberdade até esgotarem-se os recursos, que podem ir até o STF (Supremo Tribunal Federal), que então determina o ‘trânsito em julgado’ definitivo. A situação pode levar anos, mas como o STF julgou em 2021, não se pode haver prisão em ‘segunda instancia’ ou graus inferiores da Justiça, até que se cessem os recursos até no STF..

Antes da entrada em plenário, na manhã de ontem, a mãe de Wesner, Marisilva Moreira da Silva, falou a imprensa que seu “Meu luto, virou luta”, durante estes seis anos já passados, que até ela não conseguiu dormir e passou a noite acordada a base de chás e orando muito.  A ‘luta’ vem, contou a mãe, desde que o coração dela ficou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital junto do filho. E falou ainda da alegria do julgamento ter sido marcado, já que os autores achavam que nada ia acontecer.

Marisilva ainda disse que na época os autores alegaram que era uma ‘brincadeira’, mas segundo ela, então, deveriam ter feito entre eles. Ela lembra da brutalidade do caso, “tiraram o sonho dele de servir o quartel e o meu de ter netos”. Marisilva lembra que Wesner faria 24 anos no próximo dia 7 de junho.

Reação

Familiares e amigos lotaram o plenário do Júri e a mãe fez oração antes do veredito do júri. Em oração antes do veredito do júri, a mãe de Wesner ficou contente com a condenação. “Por mim eles ficariam o resto da vida na cadeia. Nunca mais vai mexer com o filho de ninguém”, exclamou.

“Hoje é um grito de liberdade. Deus prometeu pra mim que hoje ele ia me dar. Deus é fiel. Vocês são muito importantes na vida de uma mãe que sofreu tanta dor. Ele foi trabalhar e voltou dentro do caixão. A verdade prevalece. O júri votou com o coração, com a verdade”, comemorou Marisilva.

Dupla é condenada por matar Wesner em lava jato com mangueira introduzida, mas ainda ficará em liberdade
Mãe de Wesner abraça Patrícia, prima de segundo grau, após veredito do júri.

‘Dois idiotas’ e pegadinha

Em determinado momento do júri, a defesa, que insistia na tese de que tudo não passou de uma brincadeira infeliz, exibiu pegadinha do programa Silvio Santos para tentar alegar que os acusados estariam apenas reproduzindo brincadeiras que viram na TV. Atuaram na defesa os advogados Ricardo Trad Filho, Francisco Martins Guedes Neto e Abdala Maksoud Neto.

Já o advogado Francisco Guedes afirmou que a denúncia é cruel, irresponsável e “cheia de achismos”. “Dois idiotas, isso eles são, infelizes por brincarem da forma como ocorreu, mesmo sem ter consciência do que podia gerar. Mas monstros? Assassinos cruéis?”, disse.

O advogado ainda afirmou que isso poderia ter acontecido com qualquer um. Ele ainda enfatizou que tudo não passou de uma brincadeira. “Brincadeiras idiotas acontecem sempre”, reafirmou.

Além disso, o advogado chegou a exibir vídeos de ‘pegadinhas’, para exemplificar o que seria considerado uma brincadeira. “Foi uma brincadeira. Mas houve introdução da mangueira? Não houve. Isso foi invencionismo do Ministério Público e da imprensa”, finalizou.

Wesner confirmou que teve mangueira introduzida ao corpo antes de morrer

Wesner faria 24 anos no próximo dia 7 de junho. A mãe do rapaz também contou que o filho só ficou vivo até revelar o que tinha acontecido para ela, morrendo dias depois.

Em depoimento, o técnico em enfermagem lembrou das palavras da vítima em primeiro atendimento. Wesner disse ao médico que teve a mangueira de ar introduzida no corpo e não tinha coragem de dizer que era no ânus. Segundo relato do técnico de enfermagem do CRS (Centro Regional de Saúde) do Tiradentes, para onde Wesner foi levado no dia do crime, ele lembra que o jovem contou ao médico o que tinha acontecido.

A mãe de Wesner havia dito, como citamos na matéria de ontem, e como os advogados defendiam, que na época os autores alegaram que era uma ‘brincadeira’. Mas, segundo ela, então, deveriam ter feito entre eles. Ela lembra da brutalidade do caso, “tiraram o sonho dele de servir o quartel e o meu de ter netos”.

O Crime

O crime aconteceu no dia 3 de fevereiro de 2017. Na noite do dia 2, Wesner afirmou para a mãe que pegaria carona com Thiago, um dos acusados pelo crime. “Ele falou, mãe me acorda bem cedo que o Thiago vai vir me buscar para ir ao serviço”.

“No outro dia, quando o Thiago estava batendo na porta, senti até uma coisa ruim, mas meu filho foi”, conta Marisilva. Segundo a peça acusatória, na data de 3 de fevereiro de 2017, por volta das 10 horas, no Lava Jato, localizado na Avenida Interlagos, na Vila Morumbi, a dupla introduziu uma mangueira de ar no ânus de Wesner, causando-lhe ferimentos e em seguida sua morte.

Wesner teria pedido para Willian que comprasse um refrigerante e o mesmo questionou: “De novo? Agora toda hora Coca-Cola!”, e passou a bater na vítima com um pano utilizado para limpar carros, em tom de brincadeira.

Ainda conforme o processo, Wesner pediu para que ele parasse, mas não foi atendido. Em certo momento se afastou, mas foi imobilizado por Willian que o levou até Thiago, que por sua vez, com a mangueira de compressor de ar, retirou a bermuda e cueca da vítima e introduziu o equipamento em Wesner.

Imediatamente o adolescente começou a passar mal e vomitou, sendo levado ao Centro Regional de Saúde do Bairro Tiradentes e, posteriormente, ao Hospital Santa Casa, onde permaneceu internado até dia 14, quando morreu. O laudo apontou que o óbito foi causado por ruptura do esôfago e choque hipovolêmico por hemorragia torácica aguda maciça.

Quando a mãe ficou sabendo, o filho já estava no hospital. “Estava muito inchado, irreconhecível. Fiquei esperando ele melhorar, quando um dia me contou o que aconteceu. Falou que eles sempre faziam esse tipo de brincadeira com ele e, na última vez, um deles laçou ele com pano molhado e o outro colocou a mangueira”, lembra a mãe.

Sobre recursos

Dupla é condenada por matar Wesner em lava jato com mangueira introduzida, mas ainda ficará em liberdade
Advogado José Roberto Rosa

O advogado criminalista, José Roberto Rosa, fala sobre a questão dos recursos, que mesmo diante da repercussão do caso do tipo, ainda assim, os réus e então condenados saem do julgamento e não vão para cadeia cumprir a pena imposta.

Segundo o advogado quando a dupla foi denunciada pelo crime, em junho de 2017 e depois ocorreu a pronúncia, tanto Thiago como William não ficaram presos, sendo impostas as medidas cautelares diversas da prisão, como manter endereço atualizado, comparecer em todas as fases do julgamento, não ausentar-se da comarca sem permissão, são algumas delas.

O que é pronúncia? –  Para que o réu seja submetido ao julgamento pelo “júri popular” é necessário que o mesmo seja pronunciando, ou seja, que o magistrado responsável pela Vara do Tribunal do Júri competente profira decisão na qual entenda que o caso se trata de crime doloso contra a vida. 

Neste caso, José Roberto Rosa explica que os bons antecedentes criminais, endereço fixo, trabalho fixo e não terem cometido outros crimes durante o processo, junto da negativa de prisão em 2º instância antes do julgamento permitiu que Thiago e Willian pudessem sair pela porta da frente do tribunal.

“Eles não descumpriram nenhuma das medidas cautelares antes do júri, portanto, ainda sem o exaurimento das peças recursais, vão permanecer em liberdade até que chegue à última instância.”, disse o advogado.

Mas, o que seriam estas peças recursais? Os dois têm direito a recorrer ainda no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), sobre a pena aplicada, e o tribunal mantendo a condenação, a defesa ainda pode recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).

E se o STJ manter a condenação do júri popular ainda resta o STF (Supremo Tribunal Federal), que ao manter a decisão do júri popular, manda que os dois comecem a cumprir a pena e regime fechado como foi imposta, já que não há mais instâncias a serem percorridas.

De acordo com o advogado José Roberto Rosa, todo este trâmite deve levar cerca de 1 ano e 6 meses, e só aí, Thiago e Willian começam a cumprir a pena em regime fechado.

 

Fonte:EFMS

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