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Em meio a campanha contra a fome, 65% da população de MS vive insegurança alimentar

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Com o objetivo de sensibilizar a sociedade acerca do problema da fome, a qual é sentida por mais de 33 milhões de brasileiros e por pelo menos 266 mil sul-mato-grossenses, a Campanha da Fraternidade 2023 buscará, por meio de doações de alimentos, diminuir o número de casos de insegurança alimentar em Mato Grosso do Sul.

O tema escolhido este ano pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi Fraternidade e Fome, e, como sugestão para o período da quaresma, as igrejas estão incentivando os fiéis a doarem alimentos não perecíveis.

De acordo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), realizado no ano passado, 65% das famílias de Mato Grosso do Sul vivem estado de insegurança alimentar.

A pesquisa foi dividida em três categorias: leve (temor de faltar comida); moderada (há alimentos em quantidade insuficiente para todos); e grave (quando ninguém acessa alimentos e as pessoas passam fome).

No Estado, 9,4% da população vive em situação de insegurança alimentar grave, sem acesso a alimentos em quantidade suficiente, e, na insegurança alimentar, 35% dos habitantes vivem com o constante temor da falta de alimentos.

Durante a missa de abertura da Campanha da Fraternidade, na manhã deste domingo (26), no Poliesportivo Dom Bosco, o arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Campo Grande, dom Dimas de Lara Barbosa, salientou durante a homilia que todos podem fazer a diferença na vida do próximo.

Por enquanto, já foram arrecadadas cinco toneladas de alimentos, que serão distribuídos às famílias em situação de vulnerabilidade por meio de dez instituições de caridade presentes na Arquidiocese de Campo Grande.

FOME NA FAVELA

A reportagem do Correio do Estado esteve presente na quinta-feira (23) na Favela do Mandela, localizada em frente à rua Jorge Budib, no Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande.

Moradora da comunidade há sete anos, Marli Salazar, 38 anos, que trabalha com reciclagem, relatou as dificuldades de viver na favela.

“Tenho quatro filhos e moro com meus dois netos também, já fiquei entre uma e duas noites sem comida em casa. O coração dói, a gente tira um pouco que tem para dar para os filhos, cheguei a sair desesperada pedindo pão e uma bolacha quando não tinha o que comer”, afirmou.

Para se manter com seus filhos e netos, Marli sai de casa para coletar papelão, plástico e ferro. “É difícil, mas a gente tem que correr atrás para catar os recicláveis. Com o dinheiro, a gente junta para comprar o gás, que já acabou”, disse Marli.

Moradora da Favela do Mandela há seis anos, Rafaela Gabriela, 23 anos, conta que no dia a dia, para quem mora na comunidade, o desafio é conseguir emprego e comida.

“Estou afastada do emprego de doméstica. Já era para eu receber seguro do INSS há pelo menos quatro meses, mas até agora não recebi nada”, declarou Rafaela.

Sem renda fixa, Rafaela chegou a ter em casa para suas duas filhas, apenas arroz para comer.

“Nesse momento de necessidade peço ajuda para a liderança da comunidade, que consegue alguma cesta básica com as doações”, disse a moradora.

Ana Carolina, 24 anos, sustenta sozinha suas duas filhas, de cinco e um ano de idade. Após a separação do marido, em janeiro deste ano, a jovem conta que passou por situações de insegurança alimentar.

“Me separei em um momento em que eu estava desempregada, foi difícil, Deus não deixa faltar arroz e feijão. Mas o restante, como leite e fralda, passamos dias sem esses complementos, até conseguir uma cesta básica”, relatou.

Depois desta dificuldade enfrentada, Ana Carolina conseguiu um emprego em uma empresa de telefonia e agora busca se reerguer por meio dos estudos, após ter passado pelo Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja).

“Neste segundo semestre, vou fazer o vestibular da UFMS para começar a faculdade de Psicologia, eu quero crescer, não é porque a gente mora em um local assim que não podemos sonhar”, declarou Ana Carolina.

Questionada pela reportagem sobre o que almeja para o futuro, Ana Carolina disse que quer ter uma casa e não passar mais dificuldades.

“Aqui, quando chove, molha tudo. Na sexta-feira [17], o vento quase arrebentou a minha parede e eu fiquei aqui com as minhas filhas chorando, desesperada”, disse.

Saiba: Neste período de Campanha da Fraternidade, quem quiser ajudar com doações para os moradores da Favela do Mandela, as lideranças da comunidade deixam à disposição o contato: (67) 99346-7696 (falar com Greice).

 

Fonte:CE

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