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Seis agências de turismo foram autuadas pelo uso comercial da fauna silvestre em condições de abuso em Bonito

Moacir Barbosa de Deus foi multado pelo Ibama em R$ 105 mil

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Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, o empresário Moacir Barbosa de Deus, de 72 anos, aparece abraçando e beijando três araras azuis. Ao g1, o biólogo do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Edílson Soares da Silveira, explica que o contato direto com animais silvestres pode resultar na propagação de doenças por vírus e bactérias de origem animal.

A fiscalização começou após o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) receber diversas denúncias da exposição de araras azuis e macacos pregos nas redes sociais se alimentando nas mãos e sobre os ombros, braços e cabeça de turistas.

O especialista esclarece que ao passarem por processos de “domesticação”, os animais são retirados do ciclo natural de vida e podem contribuir com a transmissão de diversas doenças aos humanos.

“O risco é muito grande, pois se trata muitas vezes de animais selvagens que podem conter microrganismos potenciais e de difícil controle. As aves são potenciais transmissores de vírus, bactérias e protozoários e transmitem diversas doenças, como a psitacose, salmonelose, influenza aviária, entre outras”.

O proprietário do balneário Cachoeira Rio do Peixe, Moacir Barbosa de Deus, foi multado em R$ 105 mil pelo Ibama por usar animais silvestres como atrativo turístico.

Segundo o Ibama, outras seis agências de turismo foram autuadas pelo uso comercial de imagens da fauna silvestre em condições de abuso. Ao todo, a aplicação da multa chegou em R$ 524 mil.

Silveira alerta que assim como as aves podem transmitir doenças para os humanos, o contato também coloca em risco a vida dos animais. O biólogo alerta sobre a disseminação de determinados microrganismos nas populações que vivem na natureza.

“As aves em seus habitats naturais apresentam uma condição de baixa circulação de microorganismos causadores de doenças, principalmente quando não estão em contato com outros seres vivos, como humanos”.

A prática de ceva, método de alimentação para atrair os animais, é discutida em normas estaduais do Mato Grosso do Sul. O ato, apesar de comum, é considerado inadequado, condicionando os animais a receber alimento de modo facilitado, além de desencadear comportamentos agressivos.

O biólogo alerta que o contato também pode alterar o ciclo reprodutivo das espécies, bem como a imunidade das aves. “Oferecer alimentos além de alterar o comportamento dos animais, pode conter substâncias que alteram a reprodução natural dos mesmos, gerando ovos com cascas mais finas, provocando desidratação precoce e até mesmo disfunção orgânica nos filhotes”.

A defesa do balneário Cachoeira Rio do Peixe informou que prefere não se manifestar sobre o assunto.

O g1 tentou contato com a associação das agências de turismo de Bonito, mas não obteve retorno. A Associação Brasileira de Agências de Viagens em Mato Grosso do Sul (Abav-MS) informou que orienta todas as agências a comercializarem pacotes e passeios que sigam as normas sanitárias e legislações ambientais vigentes.

Fonte: G1

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