O balanço da operação La Casa de Papel, liderada pela PF (Polícia Federal) de Dourados, mostra patrimônio de “encher os olhos” e indicativo da musculatura financeira da organização criminosa suspeita de atuar com pirâmide financeira transnacional. Mato Grosso do Sul não teve mandados, mas a apreensão de dois quilos de esmeraldas, avaliados em 100 mil dólares, em Rio Brilhante, foi ponto de partida da investigação.
Com alvos no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina, a PF apreendeu 16 veículos, incluindo modelos de luxo como Porsche Cayenne, Porsche Boxter, Mercedes Benz, Audi e BMW, além de lancha e jet sky.
Usadas como atrativo para garantir a segurança do investimento em criptomoedas, as esmeraldas apreendidas totalizaram 268 quilos. A autenticidade das pedras ainda será avaliada, mas as esmeraldas flagradas em MS são verdadeiras.
O saldo de apreensões da La Casa de Papel também inclui gado (100 cabeças), ovelhas (75), R$ 21.000, 9.250 dólares, 1.280 euros, 250 mil dólares em criptoativos, joias, relógios e canetas. A 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande também determinou bloqueio de 20 milhões de dólares.
Durante as investigações, a PF descobriu que o esquema de pirâmide financeira captou recursos de mais de 1,3 milhão de pessoas em pelo menos 80 países. As operações teriam começado em 2019 e continuavam em curso até hoje. O prejuízo aos investidores é estimado em R$ 4,1 bilhões.
PF apreendeu 268 quilos de pedras, que terão autenticidade avaliada. (Foto: Divulgação)
“Essa cadeia da organização era global, com clientes de todo o Brasil, incluindo Mato Grosso do Sul”, afirma o delegado Marcelo Guimarães Mascarenhas, coordenador da operação La Casa de Papel.
Cinco foram presos na ação da PF. Um deles é Patrick Abrahão, marido da cantora Perlla. Ele ostentava carrões e roupas de grife na internet. O empresário foi preso em casa, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro.
As empresas montadas pela quadrilha ofereciam pacotes de investimentos e aportes financeiros com valores de 15 dólares a 100 mil dólares, com promessa de ganhos diários em percentuais altíssimos e de 300% ao ano. Nas redes sociais, os chefes divulgavam que as empresas estavam legalizadas na Estônia e que seriam sócios de duas instituições financeiras, mas de fato não existiam.
Os investigados vão responder por organização criminosa, crimes contra o sistema financeiro por operar sem autorização, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, usurpação de bem mineral da União Federal, execução de pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, falsidade ideológica e estelionato por meio de fraude eletrônica. A operação teve apoio da Receita Federal e da ANM (Agência Nacional de Mineração).
Gráfico mostra o funcionamento do esquema. (Fonte: Receita Federal)
A origem – Em 20 de agosto de 2021, a apreensão de mais de dois quilos de esmeraldas em Rio Brilhante, avaliados em R$ 508 mil, acendeu suspeita de lavagem de dinheiro. Um fato, em especial, chamou a atenção do MPF (Ministério Público Federal): um dos presos não soube informar o endereço da própria empresa. O flagrante foi da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Os policiais constataram que a nota fiscal das esmeraldas era inidônea. Além disso, os indiciados não apresentaram a concessão de lavra ou guia de utilização emitida pela Agência Nacional de Mineração.
Claudio Barbosa, o sócio Fabiano Lorite e Jean Pessoa de Souza foram presos por falsidade ideológica e por explorar matéria-prima da União sem autorização legal.
Na sequência, a 2ª Vara da Justiça Federal de Dourados homologou a liberdade provisória dos três. Mas com a suspeita de branqueamento de capitais, houve remessa para a 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, especializada em crime de lavagem de dinheiro.
Fonte: CGN