Preservado em formol, o coração do imperador Dom Pedro I chegou à Base Aérea de Brasília na manhã desta segunda-feira, 22, como parte das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro. A relíquia agora irá para o Palácio Itamaraty, na Esplanada dos Ministérios, onde poderá ser vista pelo público.
Na manhã desta terça-feira, 23, o coração será recebido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na rampa do Palácio do Planalto em cerimônia com honras militares – o rito é o mesmo utilizado nas recepção de chefes de Estado que visitam o País. O Estadão reuniu curiosidades sobre Dom Pedro I e em relação à chegada do coração do imperador ao País.
Quem foi Dom Pedro I?
Chamado em Portugal de Pedro IV, Dom Pedro I nasceu em Queluz, na região metropolitana de Lisboa, em 1798. Pisou no Brasil pela primeira vez em 1808, junto com o restante da Corte Portuguesa, quando Portugal foi invadido pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte. Em 1822, foi o responsável por proclamar a Independência do Brasil, permanecendo como imperador até 1831.
Onde estão os restos mortais de Dom Pedro I?
Os restos mortais de Dom Pedro I e de outros integrantes da Casa Imperial estão sepultados numa cripta que fica sob o Monumento à Independência, no Parque da Independência, em São Paulo. Os despojos foram trazidos ao Brasil pela ditadura militar para a comemoração dos 150 anos da Independência, em 1972.
Por que o coração ficou em Portugal?
Partiu de Dom Pedro I a decisão, segundo Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, cidade portuguesa que abriga a relíquia. “O rei Dom Pedro IV, horas antes de morrer em 24 de setembro de 1834, no Palácio de Queluz onde nascera, chamou para junto de si a Imperatriz Dona Amélia, a quem manifestou o desejo de que seu coração fosse entregue à cidade do Porto como prova de reconhecimento pelos devotados sacrifícios que os portugueses haviam feito. Ficou decidido que este importante tesouro da cidade ficaria depositado na Capela Mor da Igreja da Lapa, em um sarcófago protegido por cinco chaves”, disse.
Por que o coração veio para o Brasil?
O governo brasileiro pediu o empréstimo do coração mumificado de Dom Pedro I para as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil no próximo dia 7 de setembro.
O coração de Dom Pedro I já havia sido exposto no País antes?
Não. As celebrações do bicentenário da Independência marcam a primeira vez que o coração de Dom Pedro I voltará ao Brasil desde a morte do monarca, em 1834. O transporte foi feito pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Quem autorizou a vinda da relíquia para o Brasil?
A aprovação para a vinda do coração de Dom Pedro I foi concedida pela Câmara Municipal da cidade do Porto, onde o coração está preservado seguindo orientações deixadas por ele em seu testamento. Na cidade portuguesa, o órgão foi preservado pela Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, uma entidade religiosa surgida no século 18 obra de um padre brasileiro radicado em Portugal.
Quanto custou para trazer o coração de Dom Pedro I a Brasília?
O Itamaraty não sabe precisar o gasto total para trazer a relíquia ao Brasil, mas garante que os custos não foram altos. Os valores teriam sido próximos aos geralmente despendidos com visitas de chefes de Estado de outros países.
Até quando o coração permanece no Brasil?
Após a cerimônia de recepção pelo presidente Jair Bolsonaro, o coração permanecerá no Palácio Itamaraty até o dia 8 de setembro, quando será enviado novamente para Portugal.
Como o coração ficará armazenado no Brasil e como foi conservado?
O órgão, com cerca de nove quilos, só poderá ser visto quando estiver no interior da cripta montada no Itamaraty, dentro de uma cápsula de vidro. Nas ações externas, a cápsula estará dentro de uma âmbula (espécie de cálice) de prata dourada, revestido por uma urna de madeira. O órgão foi conservado em uma solução de formol no sarcófago da Igreja da Lapa, no Porto.
A relíquia será exposta para o público geral?
A partir de quinta-feira, dia 25, a relíquia poderá ser vista pelo público em geral – durante a semana, só visitantes agendados previamente (em geral, escolas) poderão ir ao salão onde o coração ficará guardado. O público geral poderá ver o artefato aos fins de semana.
Fonte: Estadão