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A importância cultural e econômica do Festival de Inverno para a cidade de Bonito

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A novidade de um Festival de Inverno tomou conta da cidade de Bonito. A cidade interiorana “pertence ao bioma cerrado, com seus maciços de calcários, sendo estas rochas que propiciam as águas de uma transparência inigualável, fazendo dos rios, verdadeiros santuários da vida subaquática”, como descreve em site a Prefeitura Municipal de Bonito.

Apesar de o turismo de Bonito ser reconhecido nacional e internacionalmente, a pecuária surgiu como parte da economia local e teve um crescimento significativo, principalmente a partir dos anos 80. Segundo grupo de pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, “até a década de oitenta teve na agricultura sua principal base econômica, porém com a crise gerada no setor, a pecuária foi substituindo aos poucos esta atividade”.

Portanto, esse era o cenário do local da cidade logo no lançamento do festival: o turismo sendo desenvolvido e fazendas aos redores investindo na pecuária. Isso refletiu diretamente no público da cidade que viu o evento nascer.

A produtora cultural Angela Finger conta que “no começo alguns fazendeiros enchiam seus caminhões de peões ou pegavam o trator com aquela carretinha e botavam os peões ali com as famílias deles e levavam pra tenda do circo pra ver o Festival. Era muito bacana você ver na arquibancada uma fatia que era só peão de certa fazenda”.

Era uma novidade que mexeu com toda região, então havia toda uma preparação para assistir aos espetáculos. “Eles na maior beca, naquela roupa de domingo, chapelões, fivela da calça enorme. E eles sempre tiveram um respeito. Não interessava se era do gosto dele ou não era. Um exemplo: eles gostam muito de sertanejo raiz, se levasse eles pra assistirem uma orquestra, eles assistiam com um encantamento até o fim”, lembra Angela.

Imagina se sobe no Palco Ney Matogrosso com seu show performático? Isso aconteceu e a Angela conta como foi essa história.


Ao longo dos anos, a população da cidade de Bonito se envolveu cada vez mais com sugestões para o Festival. “A gente tem feito as audiências públicas para escutar a classe artística, as autoridades ligadas à área cultural, ouvir a sociedade como um todo”, afirma a Gerente de Difusão Cultural da Fundação de Cultura de MS, Soraia Ferreira. Para ela, a partir do momento em que a comunidade local participa mais do evento faz com que se crie uma necessidade para que ele aconteça sempre.

Uma característica que tem acontecido é que as atrações têm também ido para toda região, como no Distrito de Águas do Miranda, Assentamento Projeto Guaicurus, além de ter atrações nas escolas e bairros de Bonito. “Esse legado é importante, fazer com que os moradores vejam quão a cultura é importante para eles, não só do ponto de vista do entretenimento, do conhecimento, mas também economicamente”, acrescenta Soraia.

O bonitense Kelvin Vargas tinha 9 anos quando o festival nasceu. Ele conta que não via a hora de chegar o evento todo ano para correr para a Praça da cidade para ver as atrações. “Lembro que eles montavam um cinema numa carreta na praça, eu adorava. O primeiro filme que eu vi foi Tainá. Depois de dois anos ainda vi o Tainá 2. O pessoal também trazia apresentações itinerantes e eu adorava. Quando eu fui crescendo eu queria ir aos shows”.

O evento está enraizado na trajetória do Kelvin e o acesso à cultura ao longo da sua vida trilhou o seu caminho. Hoje ele é formado em Filosofia e um dos idealizadores do Café Filosófico, atração que fez parte da programação em algumas edições do festival e que trazia nomes da literatura para discussão de temas, como “Mulheres na Literatura” e “Produção literária feminina no MS” (19ª edição).

Kelvin também trabalhou em algumas edições como Produtor contratado do Festival e se sentiu parte de algo que viu nascer lá atrás. “Como eu ficava em Bonito, eu resolvia as coisas por aqui na parte de produção, via locais para as atrações e tentava resolver os perrengues”, afirma.

Ao final do seu trabalho em uma das edições que trabalhou, ele se viu realizado e sentiu uma forte emoção. “Foi no último dia do Festival, se não me engano era show da Elza Soares. Já tínhamos resolvido todas as coisas e veio a produtora que estava trabalhando comigo e me abraçou agradecendo por todo trabalho. Foi um sentimento de gratidão por tudo que tinha feito”, relembra emocionado.

Para Andrea Freire, “o evento nasceu para ser eterno”
Andrea viu ele nascer quando coordenou os primeiros festivais e acompanha até hoje as suas edições, conforme relato emocionado no vídeo.


O festival hoje já faz parte da sociedade bonitense e sul-mato-grossense e dificilmente, independentemente da alternância de Governos, vai perder a sua essência que é promover o encontro de toda população com a arte e a natureza.

Fonte: Nivaldo Jr

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