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Cientistas criam banco genético com fósseis retirados de caverna em Bonito

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Cientistas brasileiros querem criar cenários para descobrir como os xenarthras, subordem que inclui tamanduás, tatus e preguiças, viviam no passado e entender qual foi o processo de evolução e distribuição desses animais diante das mudanças climáticas encaradas por eles ao longo do tempo.

Durante o estudo, pesquisadores criaram ainda um banco de dados com células vivas de tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), espécie ameaçada de extinção. A ideia é que em um futuro próximo esses animais possam ser clonados, caso seja necessário.

“Com tantas mudanças climáticas sofridas nos últimos anos é importante nos preocuparmos com essas espécies, resgatando o passado de milhares de anos e registrando dados dos animais hoje, pois no futuro eles podem estar ainda mais ameaçados. Por isso, é importante termos um plano B para colocarmos em prática visando a conservação desses animais.”, destaca Flávia Miranda, pesquisadora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, na Bahia.

Com a ameaça constante das mudanças climáticas globais, entender como eles sobreviveram em outras épocas, outros climas, torna-se especialmente relevante. E mais do que isso: encontrar estes animais é ter mais elementos que colaboram com o futuro da natureza — Flávia Miranda, pesquisadora da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
Ossos vão permitir a reconstrução de cenários climáticos de milhares de anos atrás — Foto: André Bittar e Paulina Chamorro

Ossos vão permitir a reconstrução de cenários climáticos de milhares de anos atrás — Foto: André Bittar e Paulina Chamorro

Como começou o estudo?

De acordo com a pesquisadora, durante uma expedição na caverna Abismo Anhumas, em Bonito, no Mato Grosso do Sul, mergulhadores coletaram ossos com cerca de dois mil anos que estavam enterrados na caverna submersa.

“Após análise e datação dos chamados subfósseis, ou seja, restos de ossos com menos de 11 mil anos, a ideia é criar cenários do antigo habitat desses animais para avaliar o desenvolvimento e adaptação deles. A partir daí veio a ideia de aproveitar o que temos hoje de material e criar um banco de dados incluindo as células de animais vivos que futuramente podem contribuir com novos estudos”, destaca.

Cientistas mergulharam na caverna submersa  Abismo Anhumas em Bonito (MS) para retirar ossada dos animais — Foto: André Bittar e Paulina Chamorro

Cientistas mergulharam na caverna submersa Abismo Anhumas em Bonito (MS) para retirar ossada dos animais — Foto: André Bittar e Paulina Chamorro

Sobre a clonagem

Durante a pesquisa, cientistas têm feito a comparação genética entre os ossos milenares e espécies vivas de tamanduás-bandeiras do Brasil.

“A nossa expectativa é que isso dê ainda subsídio para criar os cenários mais próximos possíveis da realidade passada na Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Amazônia, que fazem parte do projeto ‘Arca Xenarthra’, criado pelo Instituto Tamanduá com o objetivo de montar essa linha do tempo das espécies”, detalha.

Além disso, Flávia destaca que a possibilidade de clonar animais ameaçados no futuro é resultado das amostras de fibroblastos de espécies capturadas pelo Instituto. “Estamos reunindo um banco de amostras biológicas de animais como o tamanduá-bandeira, que ocupa o status de ameaçado de extinção. Acreditamos que em um futuro próximo conseguiremos clonar esses animais e, quem sabe, outras espécies a partir dessas células vivas que estão armazenadas em laboratório. É um plano B para a preservação das espécies”.

Tamanduá-bandeira terá passado reconstruído por pesquisadores — Foto: parque Zoobotânico de Brusque

Tamanduá-bandeira terá passado reconstruído por pesquisadores — Foto: parque Zoobotânico de Brusque

Reconstruindo a história

Ainda segundo a pesquisadora, o trabalho funciona como um quebra-cabeça. “É preciso juntar peça a peça para desvendar mistérios que envolvem essas espécies. O tamanduá-bandeira, por exemplo, é um animal ameaçado de extinção, por isso, correr para revelar seu passado pode ser determinante para traçar o futuro frente às mudanças climáticas e deterioração dos ambientes”, esclarece.

“Esse mamífero, que é um dos mais antigos da América do Sul, possui pouquíssimos registros históricos. Para ajudar essas espécies precisamos conhecer, explorar mais sobre esse passado”, destaca.

A ideia daqui para frente é estipular prioridades de conservação. “Com a ameaça constante das mudanças climáticas globais, entender como eles sobreviveram em outras épocas, outros climas, torna-se especialmente relevante. E mais do que isso: encontrar estes animais é ter mais elementos que colaboram com o futuro da natureza”, finaliza.

Fonte: G1

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