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O que é a nebulosa do Anel do Sul, fotografada pelo telescópio James Webb

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Telescópio Espacial James Webb (JWST) fez a sua estreia nesta semana em grande estilo. A divulgação de suas primeiras imagens teve direito à transmissão ao vivo com a participação do presidente americano Joe Biden.

Foram no total cinco objetos espaciais fotografados pelo sucessor do Hubble. Entre eles, se destacam a nebulosa Anel do Sul, que ganhou não uma, mas duas fotos. As imagens mostram a potência das diferentes câmeras a bordo do telescópio.

Saiba mais sobre esse fascinante objeto espacial a seguir.

O que é a Nebulosa do Anel do Sul?

Duas imagens foram divulgadas da nebulosa Anel do Sul, com os equipamento NIRCam, à esquerda, e MIRI, à direita (Fonte: NASA/ESA/CSA/STScI)
Duas imagens foram divulgadas da nebulosa Anel do Sul, com os equipamento NIRCam, à esquerda, e MIRI, à direita

Tecnicamente chamada de NGC 3132, Anel do Sul é uma nebulosa localizada a cerca de 2 mil anos-luz de nós. Ela foi descoberta em 1835 pelo astrônomo John Herschel usando um telescópio refletor com abertura de 18,6 polegadas.

Desde então, o objeto foi extensivamente estudado por pesquisadores de todo o planeta. Essa nebulosa é constituída de duas estrelas próximas. A central é também a mais fraca entre elas, tem magnitude de brilho de apenas 10 unidades, contra 16 da sua companheira mais jovem.

Mas não se deixe enganar pelo seu brilho fraco, a estrela central é uma anã branca e pode chegar a temperaturas de 100 mil graus Kelvin, vinte vezes mais quente do que o nosso Sol.

Uma nebulosa planetária bipolar tem o formato de duas tigelas unidas pelo fundo; um exemplo de sistema como esse é a Hubble 12 (Fonte: Wikimedia Commons/NASA/ESA)
nebulosa planetária bipolar tem o formato de duas tigelas unidas pelo fundo; um exemplo de sistema como esse é a Hubble 12

O formato real da nebulosa é como o de duas tigelas encostadas uma na outra pelo fundo, com um grande buraco no centro. A imagem circular que temos é apenas um produto do ângulo pelo qual a vemos.

Nas fotos, a Anel do Sul é vista praticamente de frente. Se fosse possível um viajante espacial chegar até um ponto que pudesse vê-la de lado, a imagem que ele teria seria totalmente diferente.

O que são Nebulosas?

Nebulosas são nuvens interestelares compostas por poeiras e gases. Elas podem estar associadas a diversos fenômenos, desde a morte de estrelas até o surgimento de sistemas solares novos.

Um dos tipos mais comuns são as nebulosas planetárias, como é o caso da Anel do Sul. Apesar do título, elas nada tem a ver com planetas. Na verdade, essas nuvens são causadas pela morte de estrelas do tipo gigantes vermelhas.

Quando atingem determinado tempo de vida — cerca de dez bilhões de anos — as gigantes vermelhas perdem todas as suas camadas exteriores, restando apenas o seu núcleo quente e radioativo. Ela passa então a ser uma anã branca.

O que foi mostrado pelo James Webb?

As duas fotografias feitas pelo telescópio James Webb foram feitas usando equipamentos diferentes: a Câmera de Infravermelho Próximo (NIRCam) e o Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI).

Ambos dispositivos têm a mesma função: capturam imagens em infravermelho do espaço sideral, com a diferença de detectarem comprimentos de onda diferente. Isso permite alterar o foco em cada imagem.

No caso da Anel do Sul, a imagem obtida pela NIRCam (à esquerda) mostra com detalhes as estrelas mais brilhantes e as diferentes camadas de gás emitidas na nebulosa. Mais do que um objeto espacial, essa fotografia conta uma história.

A Nebulosa Anel do Sul foi fotografada em 1998 pelo telescópio Hubble (Fonte: STScI/AURA/NASA) STScI/AURA/NASA 

A nebulosa Anel do Sul foi fotografada em 1998 pelo telescópio Hubble (Fonte: STScI/AURA/NASA)

Todo esse gás foi eliminado pela estrela mais fraca. Enquanto ela perde material, também orbita o seu par, e a cada volta que dão entre si, juntas elas criam esses padrões assimétricos que podem ser vistos nas imagens.

Por isso cada camada mostrada na foto representa um episódio no qual a estrela moribunda perdeu uma grande parte de sua massa. Quanto mais distante, mais antigo o material. E pouco a pouco ele vai alterando a paisagem ao seu redor.

Todo esse gás tem vida longa, e pode percorrer o espaço por longas distâncias. Em milhares de anos no futuro, todo essa gás estará dissipado espaço a fora, formando o espaço interestelar ou até mesmo incorporado por novas estrelas e planetas.

A imagem obtida pelo MIRI, à direita, mostra a mesma história — em outro comprimento de onda. Mas nela, o que mais impressiona, é que foi possível ver com clareza a anã branca e pela primeira vez foi mostrada a quantidade de poeira que a cerca.

Também é possível ver a força da estrela jovem. Ela ainda está em um estágio inicial de sua vida, mas provavelmente em um futuro ainda distante formará sua própria nebulosa, liberando novos materiais que servirão para o enriquecimento químico do cosmos.

 

Fonte:TecMundo

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