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Shinzo Abe, ex-premiê do Japão, é assassinado em ataque a tiros durante ato de campanha

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O Japão vive um dia de choque com o assassinato do ex-primeiro-ministro do japonês Shinzo Abe, morto a tiros nesta sexta-feira, 8, durante um comício em Nara, nos arredores de Kyoto, oeste do país. O suspeito foi identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos. Detido, ele atribuiu o crime a diferenças políticas com o ex-premiê. A polícia, no entanto, não deu mais detalhes sobre suas motivações.

O mais longevo premiê da história do Japão e responsável pelo rearmamento do país diante das ameaças nucleares da Coreia do Norte e da expansão da China no Pacífico tinha se afastado do governo por questões de saúde, mas ainda militava no Partido Liberal Democrata (PLD).

Horas após o crime, dezenas de pessoas se reuniram enlutadas diante da estação de trem da cidade para homenagear o ex-premiê. A morte de Abe deixou também incrédula parte da comunidade internacional e provocou reações de líderes de diversas partes do mundo, da Ásia à América do Norte.

O suspeito

Yamagami usou uma arma de fogo caseira para atirar em Abe, segundo a polícia. A rede de TV NHK informou que o suspeito serviu na Força de Autodefesa Marítima – A Marinha Japonesa – por três anos na década de 2000.

O suspeito confessou o crime a polícia e disse que quis atacar o ex-premiê por ele ter vínculos com um grupo político que Yamagami “odiava”. A polícia, no entanto, não deu detalhes sobre qual seria esse grupo.

Mais tarde, foram encontradas diversas armas de fabricação caseira na casa de Yamagami. A pistola usada no crime era artesanal e tinha cerca de 26 centímetros de comprimento.

Horror ao vivo

O ataque a Abe foi transmitido ao vivo na TV. Abe discursava do lado de fora de uma estação de trem principal em Nara. De pé, vestido com um terno azul marinho, ele levantava o punho, quando um tiro é ouvido.

A primeira bala não atingiu o premiê, que se virou para tentar detectar de onde vinha o barulho. A segunda bala, então, o acertou no peito e no pescoço.

O ex-premiê chegou a apertar o tórax ao ser atingido, e desmaiou com a camisa ensanguentada. No momento do ataque. Ele foi socorrido e levado a um hospital, e sua morte foi confirmada no fim da madrugada no horário do Brasil.

O primeiro-ministro Fumio Kishida chamou o ataque de “covarde e bárbaro” e acrescentou que o crime ocorrido durante a campanha eleitoral, que é o fundamento da democracia, era absolutamente imperdoável. Ele se disse abalado pela perda de um grande amigo e colega de partido.

Yoshio Ogita, 74, secretário-geral da seção local do PLD, estava ao lado de Abe no momento do crime. Ele disse que ouviu dois sons altos e viu uma nuvem de fumaça branca subindo no céu. “Eu não sabia o que tinha acontecido”, disse ele em entrevista por telefone na tarde de sexta-feira. “Eu o vi desmaiar.”

Suspeito de atirar no primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, é detido por policiais na estação Yamato Saidaiji em Nara. Foto: Yomiuri Shimbun/KYODO via Reuters
Suspeito de atirar no primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, é detido por policiais na estação Yamato Saidaiji em Nara. Foto: Yomiuri Shimbun/KYODO via Reuters 

Trajetória

Abe foi o primeiro-ministro mais longevo do país e cumpriu dois mandatos — de 2006 a 2007 e de 2012 a 2020. Ele renunciou ao cargo em agosto de 2020, após apresentar problemas de saúde. Enquanto esteve no poder, ganhou notoriedade pela ascensão econômica aplicada no país. No Brasil, ele ficou conhecido por participar do encerramento das Olimpíadas do Rio, em 2016. Também chegou a se reunir com a então presidente Dilma Rousseff, naquele ano, e com Jair Bolsonaro, em 2019

Seu sucessor, Yoshihide Suga, 64, foi indicado pelo Partido Liberal Democrata (PLD). Depois de um ano no cargo, renunciou, em uma saída precipitada pela má gestão da pandemia. O atual líder do Japão, Kishida, foi escolhido para liderar o país com o apoio tácito de Abe.

Fonte: Estadão

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