Os dois maiores oceanos do planeta serão ligados, na América do Sul, por um corredor que terá em Mato Grosso do Sul o seu epicentro. Isso encurtará a distância entre mercados e causará uma transformação geoeconômica e política, posicionando o estado como hub logístico, isto é, um ponto estratégico para exportação à Ásia e para distribuição de produtos importados do mercado asiático. Essa reconfiguração, prestes a ser efetivada, será possibilitada pela Rota Bioceânica.
A proximidade da concretização desse novo caminho para a Ásia torna fundamental a discussão sobre detalhes do empreendimento, ganhos econômicos e turísticos, oportunidades comerciais, geração de renda, desenvolvimento local, entre outros assuntos. Isso tudo será discutido durante o 1º Fórum “A Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico”, que será realizado nos dias 26 e 27 deste mês na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS).
Com esse evento, a Casa de Leis abre espaço para o debate e definições de negócios e investimentos que poderão resultar em melhoria de renda para moradores de diversos municípios dos quatro países por onde o corredor passará.
A Rota é um corredor rodoviário que se estende por 2.396 quilômetros, integrando o Brasil, o Paraguai, a Argentina e o Chile. Por esse corredor, serão ligados municípios de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, no Brasil; Alto Paraguai e Boquerón, no Paraguai; Salta e Jujuy, na Argentina; e Antofagasta, no Chile.
Além de ser uma alternativa competitiva de escoamento de produtos ao mercado asiático por meio do oceano Pacífico, o Corredor deve proporcionar o desenvolvimento local nos quatro países. Conforme o estudo “Corredor Bioceânico de Mato Grosso do Sul ao Pacífico: Produção e comércio na rota da integração sul-americana”, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), a Rota deve “gerar uma integração de regiões com demandas de investimentos públicos e privados que proporcionem geração de renda e melhoria da qualidade de vida, como o sudoeste sul-mato-grossense, o Norte do Paraguai, o Norte da Argentina e a região central chilena”.
O estudo da Uemes também enfatiza a relevância da posição geográfica de Mato Grosso do Sul para a Rota Bioceânica. “Mato Grosso do Sul possui uma posição estratégica tanto para a projeção na América do Sul (fronteiriço à Bolívia e ao Paraguai), quanto para o acesso à Bacia do Prata e ao litoral Pacífico, por meio das hidrovias Paraguai-Paraná e do Prata, e pela proximidade de pontos de passagem pelas cordilheiras”, afirma o documento.
“A Rota significa um novo Mato Grosso do Sul”, diz secretário
“A partir do momento da implantação da Rota Bioceânica, ligando o Mato Grosso do Sul aos portos do Pacífico, vamos ter uma mudança de posicionamento geopolítico do estado. Mato Grosso do Sul passa a ser, dentro do centro da América do Sul, um potencial hub logístico para as exportações para os países asiáticos”, afirmou Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).
O secretário informou que Mato Grosso do Sul destina 60% de seus produtos aos países asiáticos – e é para esse mercado que o acesso será melhorado com a concretização da Rota Bioceânica. Isso acarreta, segundo Jaime Verruck, duas conseqüências importantes: maior competitividade no mercado internacional e reposicionamento estratégico de Mato Grosso do Sul com o deslocamento de exportação pelos portos de Paranaguá e de Santos.
“Como fica mais barato exportar, vamos nos tornar mais competitivos, vamos aumentar o volume exportado dos produtos que hoje já executamos. Esse é o primeiro ponto”, disse o secretário. “Com a redução substancial dos custos, haverá um deslocamento da exportação de Paranaguá e de Santos. Assim, haverá um reposicionamento estratégico de Mato Grosso do Sul em relação aos seus produtos e em relação aos produtos de outros estados”, acrescentou.
Conforme projeta o secretário, com a Rota, Mato Grosso do Sul aumentará sua participação no mercado asiático e sua pauta de exportações, diversificando-a. “Isso significa crescimento, maior número de empregos, melhor remuneração dos produtores e a entrada de produtos da Ásia”, listou. Sobre esse último aspecto, Verruck afirmou que a Rota deve fazer do estado um grande distribuidor de produtos importados do mercado asiático. Então, a “Rota significa desenvolvimento, perspectiva estratégia e um novo Mato Grosso do Sul”, finalizou.
Ponte de quase 1,3 mil metros, com ciclovia e estrutura antissuicídio
As transformações propiciadas pela Rota Bioceânica estão prestes de serem concretizadas. Essa proximidade tem mês e ano projetados em se tratando da Ponte Bioceânica, importante obra para todo o empreendimento. A ponte, que ligará os municípios de Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta (PY), deve ser concluída em novembro de 2024.
Com extensão de 1.294 metros e investimento de US$ 102,6 milhões (cerca de R$ 504 milhões), custeado pela Itaipu Binacional, a ponte será construída pelo Consórcio PY-BRA, formado pelas empresas Tecnoedil, Paulitec e Cidade. As empresas têm 36 meses (contados desde o fim do ano passado) para executarem a obra, conforme cronograma divulgado na solenidade de apresentação do projeto, realizada no dia 13 de dezembro em Carmelo Peralta.
Na ocasião, o engenheiro e assessor especial da Itaipu, Panfilo Benitez Estigarriba, comentou detalhes da obra. “São quase 1.300 metros de extensão de ponte, com ciclovia e até estrutura especial antissuicídio, com 22 metros sobre o Rio Paraguai, que não vai atrapalhar a navegação e trará progresso a todos”, descreveu.
Fórum terá participação de autoridades brasileiras e internacionais
O 1º Fórum “Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico’’ contará com presença de autoridades nacionais e estrangeiras. Participam do evento o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o presidente da Casa de Leis, deputado Paulo Corrêa (PSDB), outros parlamentares, senador Nelsinho Trad (PSD), representante do Brasil na Frente Interparlamentar do Corredor Bioceânico, secretários de Estado, ministros do Brasil, do Paraguai, do Chile e da Argentina, governadores estrangeiros, representantes de setores produtivos, entre outras autoridades.
Fonte: Ascom AL-MS