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Consumo nos lares cresce, mas quantidade de produtos diminui

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Com a inflação em elevação e a redução do poder de compra do consumidor, pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que o consumo nos lares cresceu em 2,59% no primeiro trimestre. Apesar de o consumo subir, o impacto dos preços elevados reflete em menos quantidade e substituições de marcas.

A maior variação do consumo do trimestre foi registrada em março, com alta de 6,58% na comparação com fevereiro. Em relação a março de 2021, a alta é de 2,41%. Em Mato Grosso do Sul, o segmento acompanha o cenário nacional.

Todos os indicadores foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O vice-presidente da Abras, Marcio Milan, afirma que apesar do aumento das vendas no setor, o trimestre foi marcado pela busca de lojas que operam com preços menores e pela compra concentrada nas semanas próximas do recebimento do salário.

“Por ora, a troca de marca, a substituição de produtos, a busca por embalagens de melhor custo-benefício e por marcas próprias se mantêm acentuadas para compor a cesta de abastecimento”, explica.

O presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (Amas), Denyson Prado, ressaltou a importância do monitoramento dos números do consumo dos lares brasileiros, para o setor.

“Temos acompanhado o Consumo dos Lares Brasileiros para podermos traçar estratégias para o setor, uma vez que a inflação interfere no poder de compra dos consumidores”.

Os economistas ouvidos pelo Correio do Estado apontam que a inflação corrói a renda do consumidor e por esse motivo, apesar de o gasto ser maior, a quantidade consumida tende a ser reduzida.

INFLAÇÃO

No mês passado, o IPCA, inflação oficial, apresentou alta de 1,06% na média nacional. Em Campo Grande, foi a 1,21%, terceira maior marca entre as cidades pesquisadas.

Nos primeiros quatro meses de 2022, a inflação oficial ficou em 4,69% em Campo Grande e atinge 12,85% no acumulado dos 12 meses.

Entre os principais vilões está o grupo de alimentos e bebidas, um dos mais afetados pela alta dos preços. Em Campo Grande, essa alta é de 7,30% em 2022, a mais expressiva entre os grupos pesquisados.

Professor de economia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) Mateus Abrita reitera que o País é prejudicado pela alta nos custos de produção.

“Estamos vivendo um período inflacionário, sobretudo em termos de custos. Então, a gente pode notar que o custo produtivo tem subido: combustíveis, energia e commodities são produtos essenciais que não têm reposição similar”.

O doutor em economia Michel Constantino alerta que a instabilidade ainda pode durar mais um bom tempo.

“Enquanto tivermos a descontinuidade da logística de oferta de produtos pelo mundo, todos os países continuarão sentindo esses efeitos, e os preços ficarão em patamares altos”.

O impacto também chega ao setor empresarial. Maurício Goiaba, proprietário do mercado Goiaba, diz que o cenário atual está desfavorável.

“Em 32 anos de trabalho no ramo, nunca vi nada assim. Estamos com uma inflação em alta e o ganho não acompanha. Não podemos colocar uma margem justa, e o custo do comerciante também está muito alto, chegou ao ponto de faltar produto”, revela.

Com isso, a alta dos combustíveis é indiretamente repassada ao preço de produtos que vão para as gôndolas. “Tem pouco espaço para a produção de hortifrúti em MS, então 99% do que consumimos é fruto de importação de outras regiões”.

Ele afirma que muitos microempresários saíram do ramo por conta dos altos custos, criando pressão ainda maior na produção, defasada por oferta regional. Com isso, a demanda por produtos de outros estados aumenta, e o preço acompanha, impulsionado pelo diesel.

De acordo com os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em um ano, o preço médio do litro do diesel apresentou variação de 62,40%, passando de R$ 4,15 no ano passado para R$ 6,74 atualmente.

Esse cenário pressiona ainda mais o valor dos produtos à disposição do consumidor de MS. O frete acaba sendo o principal meio de transporte dos alimentos que cria uma diferença com o restante do País.

MAIORES ALTAS

Para entender essa discrepância, em três meses, o tomate subiu 27,22% no Brasil de acordo com dados do IBGE, já em Campo Grande, a fruta tem alta de 35,13%. Entre outros produtos (no gráfico ao lado).

Mestre em economia, Eugênio Pavão explica que os aumentos de alimentos afetam fortemente as famílias de baixa renda.

“Enquanto que as famílias de renda média e alta têm menor impacto, pois conseguem comprar os alimentos e outros produtos, as pessoas mais pobres gastam mais para adquirir uma quantidade menor de produtos, sendo obrigadas a deixar de pagar contas de água, luz, aluguel etc., para tentar manter a segurança alimentar”.

Ainda segundo o economista, os mais pobres gastam 1/3 da renda com cesta básica, enquanto que na classe alta o gasto chega a 17% da renda.

12,85% inflação acumulada

No quadrimestre, a inflação chega 4,69% em Campo Grande e 12,85% em 12 meses.

 

Fonte:CE

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