Há 38 anos, em 1984, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, aos 34 anos de idade, tentou virar vereador em Campo Grande, mas não conseguiu. Seis anos depois, em 1990, 10 anos depois de ele ajudar na fundação do PT em Mato Grosso do Sul, virou deputado estadual.
Perto de uma década a mais, em 1998, o petista conquistou algo quimérico: tornou-se governador de Mato Grosso do Sul por dois mandatos (1999-2006).
Hoje, passados quase quatro décadas do início da era Zeca, o PT, não renovado, sente dificuldade em lançar candidaturas novas, robustas, com chances reais para ocupar vagas na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados e no Senado.
Zeca, ainda o nome mais forte entre os petistas, é pré-candidato ao terceiro mandato no governo sul-mato-grossense.
Vander Loubet, sobrinho do ex-governador, eleito deputado federal pela primeira vez em 2003, é certo que concorre ao sexto mandato.
Na Assembleia Legislativa desde 2002, ano que ocupou o primeiro mandato na condição de suplente, até hoje, período de duas décadas, Pedro Kemp vai concorrer ao quinto mandato na Casa Legislativa.
O colega Amarildo Cruz, deputado estadual, petista desde 1984, concorre ao terceiro mandato. Kemp e Amarildo, no primeiro mandato, foram braços do governo de Zeca, o primeiro, secretário de Educação, e o segundo atuava na secretaria de Fazenda.
Na época, Paulo Duarte também agia pela gestão petista, contudo, hoje, é deputado estadual emedebista.
Nas gestões de Zeca no governo, o PT era dono de dois mandatos na Câmara dos Deputados – com Ben Hur Ferreira, hoje sem mandato e no PSDB, e João Grandão, fora da política.
Depois, Vander Loubet, ainda com o mandato, e Antônio Carlos Biffi, hoje distante da política, mas em outra sigla, a também histórica PDT.
Fora do governo, Zeca foi também deputado federal e vereador em Campo Grande.
O PT, no período de Zeca no governo, já obteve quatro cadeiras na Assembleia Legislativa: Paulo Duarte, Pedro Kemp, Cabo Almi – que morreu ano passado de Covid-19 – e Laerte Tetila, ex-prefeito de Dourados, hoje sem mandato.
Conta-se nos dedos os fiéis a Zeca que sustentam os mandatos. No entanto, o partido, como se vê ao citar os políticos ainda com mandatos, pouco privilégio deu às renovações.
NOVOS
Nascida em fevereiro de 1995, 27 anos recém-completados, Camila Jara foi uma das poucas, senão única, renovações expressas do PT pós era Zeca.
Nascida em berço petista – a família toda tem históricos ligados ao PT – Camila é hoje uma das esperanças do partido nas eleições de outubro.
Ainda não confirmada por ela, Camila, segundo amigos seus, é pré-candidata a deputada federal pelo partido.
Ano passado, ela assumiu mandato de vereadora, como a mais jovem na história da Câmara Municipal. Dos 29 vereadores, Camila é a única representante mulher atualmente.
Em seu perfil publicado na internet, a vereadora diz aprendeu com os pais que a política tem o poder de transformar a sociedade.
Ela escreveu: “E esse amor pela política não foi por acaso. Vem da história da avó Narciza, que criou o clube de mães solo do bairro onde morava; passa pela história de amor dos pais, a professora Edna Bazachi e o jornalista Gerson Jara, que se conheceram em um protesto em Brasília; e no ensinamento que sempre ouviu na família – em nosso País, poucos têm muito e muitos têm muito pouco”.
Outro que tenta despontar nos quadros do PT é o advogado e coordenador do curso de Direito da Universidade Federal da Grande Dourados, Thiago Botelho, ativista em movimentos sociais.
Doutor em Direito Socioambiental pela PUC-PR e pós-doutorado em Democracia pela UF-PI, Thiago quer concorrer ao Senado pelo PT.
Em suas redes sociais, Thiago sustenta a ideia de disputar vaga no Senado: “É inaceitável que sigamos elegendo apenas os políticos que nossos pais e mães construíram. A política não pode ser parasitária. A política é espaço de travessias, sonhos, concretizações e renovações”, frisa, deixando claro que o partido ao qual pertence também precisa desse processo.
Fonte:CE
