Os dados dos registros de voos do Arcanjo-06, que tem a prioridade para serviços aeromedicos mas também é utilizado para o transporte de autoridades, detalham as 72 viagens realizadas pela aeronave entre 2021 e 2022.
Entre os registros, chama a atenção a viagem do governador Carlos Moisés (Republicanos) e sua família para Bonito, uma das principais cidades turísticas do País.
A viagem foi realizada no dia 20 de janeiro deste ano. Conforme o plano de deslocamento, a aeronave partiu de Florianópolis às 9h da manhã e retornou às 16h do mesmo dia para a Capital catarinense. Cinco dias depois, no dia 25 de janeiro, o Arcanjo 06 retornou para Bonito.
Imagens publicadas nas redes sociais mostram o governador e a família desfrutando das atividades de mergulho nos pontos turísticos da cidade. Segundo o deputado estadual Bruno Souza (Novo), a publicação foi apagada.
O deputado informou que enviou as denúncias de uso indevido da aeronave para o MP (Ministério Público) e TCE (Tribunal de Contas do Estado). Até o momento, no entanto, nenhum órgão informou que recebeu oficialmente a denúncia.
O detalhamento da viagem do governador a Bonito com o Arcanjo 06
20/01/2022 Arcanjo 06 NG 02:45:00 Transporte de autoridades: Cap Fraga INVA Geraldo Frederico Düster Cap Fraga 09:00:00 11:45:00 Atendida Outros 5,5 PS-TAH 06 20 Diversos Outro Estado SBDB SBDB Arcanjo 06 cumpriu missão em apoio a Casa Civil.
25/01/2022 Arcanjo 06 NG 02:30:00 Transporte de autoridades Cap Fraga INVA Geraldo Frederico Düster Cap Fraga 08:30:00 11:00:00 Atendida Outros 5,8 PS-TAH 06 25 Diversos Outro Estado SBDB SBDB Arcanjo 06 apoio a SCC.
Além da viagem para Bonito, o deputado também denunciou a morte de um bebê por falta de socorro pelo Arcanjo 06 a tempo.
Segundo denúncia do deputado, no dia 12 de janeiro deste ano o bebê que tinha problemas cardíacos e estava internado em Lages precisava de uma transferência para o Hospital Infantil de Joinville.
Neste dia, ele estava estabilizado e poderia ser transferido, como mostra documento abaixo. Porém, houve negativa por parte do Arcanjo 06 por estar em missão com o governador.
No dia seguinte, dia 13 de janeiro, o governo ofereceu transporte, mas aí o o quadro clínico da criança se agravou e não pode ser transferido.
“O que eles (governo) não justificam é porque negaram a transferência no dia 12, quando havia a janela de transferência”, critica o deputado Bruno Souza.
O outro lado:
O Governo do Estado emitiu nota oficial para justificar a viagem do governador a Bonito. Frisa que não há qualquer irregularidade no uso porque a lei prevê que a aeronave pode ser compartilhada.
Veja abaixo nota na íntegra:
“O uso da estrutura colocada à disposição do chefe do executivo está amparado em lei e não há qualquer irregularidade nem tampouco ilegalidade.
Apesar da tentativa de uso político com o objetivo de desgastar o governo e o governador, já foi esclarecido que o contrato de uso compartilhado das aeronaves do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) prevê que, quando disponíveis, podem transportar autoridades, mediante demanda da Casa Militar ou da Casa Civil.”
Quanto à morte do bebê por, suspostamente, não haver avião para transferência, o Governo do Estado também se manifestou, alegando que isto é fake news. Veja abaixo a nota na íntegra:
“O Governo do Estado foi surpreendido no início da noite desta terça-feira, 15, com a publicação inverídica em rede social de informações atribuindo a morte de um bebê à suposta falta de atendimento aeromédico por parte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Em tom apelativo e sensacionalista, a publicação usa uma tragédia familiar para tentar manipular a população e induzir a imprensa ao erro.
Em nome da verdade, o Governo do Estado esclarece que a aeronave Arcanjo registrou o pedido de uma transferência de urgência de Lages para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, no dia 11 de janeiro, 23h, para um recém-nascido de poucos dias de vida.
O bebê havia sido diagnosticado com uma cardiopatia congênita e estava em estado crítico. Porém, o Hospital ainda precisava enviar o fluxo de regulação (registrar no sistema a necessidade de mudança de hospital) para a transferência ser concretizada, algo que foi feito no dia 12 de janeiro. A aeronave se dirigiu ao Hospital na manhã da quinta-feira, 13 de janeiro.
No local, os médicos constataram que o recém-nascido não suportaria um transporte de Lages até Joinville, de acordo com parâmetros clínicos e físicos do paciente. A saturação era de 54, a criança corria risco de óbito em voo. Ela permaneceu no Hospital para estabilização do quadro. No dia 16 de janeiro, os médicos retornaram à Unidade e aceitaram fazer o transporte, a partir da assinatura dos pais, cientes de um voo de risco para o bebê. A criança resistiu à transferência, mas acabou indo a óbito no Hospital Infantil de Joinville, diante da gravidade da doença.
governo lamenta que um episódio tão triste seja usado com fins políticos-eleitorais. Em ano eleitoral, as campanhas de desinformações tendem a aumentar. Por isso, antes de repassar qualquer mensagem, confira a veracidade do teor nas redes sociais do Governo do Estado ou entre em contato com a Secretaria de Estado da Comunicação.”
O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina também se manifestou. Confira nota abaixo:
NOTA DE ESCLARECIMENTO DO CBMSC
“O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) vem a público repudiar as informações divulgadas a respeito da utilização das aeronaves do Batalhão de Operações Aéreas (BOA). As aeronaves do BOA atenderam, desde 2019, a 3.290 vítimas.
A frota atual é composta por dois helicópteros, o Arcanjo 01 e o Arcanjo 03, destinados a urgências e emergências, e dois aviões, Arcanjo 02 e Arcanjo 06, que realizam o transporte de pacientes já internados de um hospital para outro, mediante solicitação médica e agendamento. As aeronaves também fazem outras missões, como resgate, transporte de órgãos para transplante, distribuição de vacinas para diferentes regiões do Estado, combate a incêndios e monitoramento de queimadas.
O contrato prevê que, quando disponíveis, os aviões podem transportar autoridades do Estado, mediante demanda da Casa Militar ou Casa Civil. Desde o início da gestão, em 2019, o governador Carlos Moisés disponibilizou para o transporte aeromédico o único avião que até então era utilizado pelo gabinete. Este veículo passou a ser denominado Arcanjo 02.
Além disso, o Estado alugou um segundo avião (Arcanjo 06) para uso aeromédico. Assim, caso o primeiro esteja sendo utilizado para uma demanda específica ou em manutenção, o transporte de pacientes não será prejudicado. A frota acaba de ganhar o reforço de um terceiro avião, um Carajá igual ao Arcanjo 02, que foi adjudicado de dívidas de uma empresa com o Estado.
O transporte aeromédico em Santa Catarina nunca esteve tão bem servido de equipes médicas e de aeronaves como estamos no momento. O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina lamenta e repudia, em especial, a falsa denúncia que atribuia morte de um bebê à suposta falta de atendimento aeromédico.
A publicação usa uma tragédia familiar para tentar manipular a população e induzir a imprensa ao erro. A Central de Regulação do SAMU registrou o pedido de uma transferência de urgência de Lages para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, no dia 11 de janeiro, 23h, para um recém-nascido de poucos dias de vida.
O bebê havia sido diagnosticado com uma cardiopatia congênita e estava em estado crítico. Porém, o Hospital ainda precisava enviar o fluxo de regulação (registrar no sistema a necessidade de mudança de hospital) para a transferência ser concretizada, algo que foi feito no dia 12 de janeiro.
Após demandada pela Central de Regulação do SAMU, a aeronave se dirigiu ao Hospital na manhã da quinta-feira, 13 de janeiro. No local, os médicos constataram que o recém-nascido não suportaria um transporte de Lages até Joinville, de acordo com parâmetros clínicos e físicos do paciente.
Com saturação de54, a criança corria risco de óbito em voo. Ela permaneceu no Hospital para estabilização do quadro. No dia 16 de janeiro, os médicos retornaram à Unidade e aceitaram fazer o transporte, a partir da assinatura dos pais, cientes de um voo de risco para o bebê. A criança resistiu à transferência, mas acabou indo a óbito no Hospital Infantil de Joinville, diante da gravidade da doença.
O Corpo de Bombeiros lamenta as distorções e ilações em torno de um serviço de referência fundamental para salvar vidas, que segue à disposição, de forma ininterrupta, de todos os catarinenses.”
Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina
Fonte: ND+