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Com gasolina em alta, abastecer com etanol já compensa na Capital

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Os reajustes de 18,7% na gasolina e 24,9% no diesel, anunciados na semana passada pela Petrobras, trazem novamente uma comparação: é possível trocar a gasolina pelo etanol? A resposta depende muito do local onde vai abastecer e do desempenho do carro.

O Correio do Estado foi aos postos de combustíveis de Campo Grande conferir in loco os preços praticados pelos estabelecimentos. O litro da gasolina tem preço médio de R$ 6,91 entre os locais visitados – variando entre o mínimo de R$ 6,73 e o máximo de R$ 7,11.

Já o litro do etanol é comercializado por R$ 4,90, em média, indo de R$ 4,66 a R$ 5,12.

Para comparar se vale a troca, é preciso dividir o litro da gasolina pelo litro do etanol: se o resultado for inferior a 0,7, o etanol é mais vantajoso, se for maior que 0,7, a gasolina é melhor.

Por exemplo, ao dividir R$ 4,90 por R$ 6,91, o resultado é de 0,7, ou seja, compensa trocar gasolina por álcool. A diferença entre os combustíveis é de 70%.

Outra conta possível de utilizar é multiplicar o preço da gasolina por 0,7, o resultado é o preço máximo que deve se pagar pelo etanol.

Em local da bandeira Shell, localizado na Avenida Afonso Pena, o litro da gasolina custa R$ 6,99 e o etanol R$ 4,69. Ao multiplicarmos R$ 6,99 por 0,7 temos como resultado o valor de R$ 4,89, sendo assim, com o etanol a R$ 4,69, compensa a troca.

A diferença entre o preço da gasolina e do etanol precisa ficar abaixo de 70%, neste caso, a diferença é de 67%.

Há outros postos localizados na mesma avenida que também compensam a troca. Em estabelecimento da bandeira Taurus, o combustível fóssil é comercializado a R$ 6,89 e o biocombustível a R$ 4,66.

Em endereço na Rua 14 de julho, da bandeira Alloy, também há preços compatíveis para a troca. O litro do álcool é vendido a R$ 4,77 e o da gasolina a R$ 6,87 – diferença de 69%.

OUTRO CÁLCULO

A conta é feita multiplicando por 0,7 porque foi estabelecido que se o valor do etanol fosse até 70% do preço da gasolina, o combustível vegetal seria vantajoso. Só que a lógica é uma média e com a evolução dos carros já há um consenso de que a regra não vale para todos os carros.

Ao Uol Carros, o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, diz que o consumidor pode fazer a conta de acordo com a relação de consumo com etanol e gasolina do seu próprio carro.

“Basta verificar quantos quilômetros por litro o carro faz com cada combustível. Em alguns veículos, o etanol pode render mais do que 70% na comparação com a gasolina”.

Estudo realizado pelo Instituto Mauá de Tecnologia aponta que o desempenho médio do etanol comum em relação à gasolina comum, que contém 27% de etanol anidro, para diferentes modelos de veículos testados variou de 70,7% a 75,4%.

Na prática, o que mais vale é avaliar o desempenho do próprio carro para entender se compensa ou não fazer a troca. E por que valeria a pena analisar?

Se considerarmos o preço médio de R$ 6,90 por litro de gasolina, o consumidor da Capital gastaria R$ 345 para encher um tanque com capacidade de 50 litros. Já com o etanol a R$ 4,90, o mesmo veículo seria abastecido com R$ 245.

ESTÍMULO

O diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes MS (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, avalia que uma redução no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) poderia ajudar a estimular o consumo do etanol no Estado.

“Já houve uma alteração [na alíquota de 25% para 20%], mas não houve o impacto porque o etanol já acompanhou a gasolina nas bombas e ele também faz parte da composição da gasolina. Então, não teve mudança no perfil de consumo”.

“Se houvesse mais incentivo do governo do Estado, como é em Mato Grosso, as pessoas talvez consumiriam mais, lá eles abastecem 70% com etanol e 30% com gasolina. Aqui em MS, é 85% de gasolina e 15% de etanol”, completou.

O doutor em economia Michel Constantino corrobora com a ideia de aumentar o consumo do biocombustível.

“Se a gasolina sobe muito, podemos procurar alternativas como o etanol e o próprio gás natural [GNV]”, avaliou.

Questionado sobre uma possível mudança na forma de cobrar o biocombustível, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) afirmou que já houve uma ação do Estado visando à mudança no perfil de consumo.

“Nós diminuímos o ICMS em 5%, de 25 para 20%, e isso não chegou para o consumidor. Não compensa [trocar por etanol] porque quem regula isso hoje é a ANP. Eles atrelam [os preços] porque 25% da composição da gasolina é álcool”.

O titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, reforça que hoje há uma base produtora consolidada em Mato Grosso do Sul que atrai novas indústrias.

“Acho que favorece muito essas novas plantas de etanol de milho. Uma já começa a operar em abril em Dourados, a outra está sendo construída em Maracaju. Acho que isso estimula [a oferta]”.

Ainda segundo o secretário, houve um problema produtivo no ano passado e hoje não seria possível aumentar a oferta do biocombustível no Estado.

“Tivemos uma perda muito grande na safra passada, de quase 7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, por causa da geada. A oferta de etanol no Brasil não consegue dar uma resposta rapidamente. O volume ofertado deve se manter”, conclui. (Colaboraram Rodrigo Almeida e Inara Ramos)

Fonte:CE

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