DestaqueNotícias

Choque séptico: o que é o quadro que causou a morte de Maurílio após tromboembolismo pulmonar

Compartilhar:

O choque séptico, que causou a morte do cantor Maurílio em Goiânia, nesta quarta-feira (29), acontece quando uma infecção grave se espalha pelo corpo e causa falência múltipla dos órgãos, segundo informações do médico do artista, Wandervam Azevedo. O quadro se desenvolveu após o cantor ser internado com tromboembolismo pulmonar, duas semanas antes.

Abaixo, veja as respostas para as perguntas referentes ao choque séptico.

  1. O que é choque séptico?
  2. Quando ele acontece?
  3. Qual é o tratamento?

1. O que é choque séptico?
O choque séptico ou sepse é o resultado de uma infecção que se alastra pelo corpo rapidamente, afeta vários órgãos e pode levar à morte. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em um levantamento feito em 13 de setembro de 2021, a síndrome é a principal causadora de mortes dentro das unidades de tratamento intensivo (UTIs). A mortalidade no Brasil chega a 65% dos casos.

O médico intensivista Breno Leite Santos explica que o quadro é uma complicação grave de uma infecção localizada, que evolui para todo o organismo.

É mais comum em pessoas mais fracas, que não conseguem controlar a infecção, como crianças; idosos; e pacientes com câncer, insuficiência nos rins ou no fígado.

2. Quando o choque séptico acontece?
O quadro acontece quando o paciente tem um ou mais órgãos acometidos por uma infecção, segundo o médico intensivista.

No choque séptico, o paciente já se encontra mais debilitado, com maior predomínio de substâncias tóxicas produzidas pelos microrganismos invasores, normalmente bactérias, vírus e fungos.

“Por diminuição da pressão arterial, é comum que pessoas em choque séptico apresentem também maior dificuldade na circulação do sangue, o que faz com que chegue menos oxigênio a órgãos importantes, como o cérebro, o coração e os rins”, explicou Breno Santos.

Isso faz com que surjam outros sinais e sintomas mais específicos do choque séptico, como diminuição da quantidade de urina e alterações do estado mental.

3. Qual é o tratamento?
O tratamento é feito com o uso de medicamentos e antibióticos para regularizar as funções cardíacas e renal, além de eliminar o microrganismo causador da infecção. Também é necessário monitorar a pressão e níveis de lactato, que é o índice de ácido láctico no sangue, quanto mais alto, mais perigoso.

“Mesmo com a realização do tratamento adequado, com a reposição de fluidos e antibióticos, a pessoa continua com a pressão arterial diminuída e níveis de lactato altos”, comentou Breno Santos.

O paciente em estado de choque séptico precisa de remédios intensos na corrente sanguínea também para controlar a pressão arterial, segundo o médico Wandervam Azevedo. Essas drogas, porém, ocasionam uma série de efeitos colaterais, como problemas na perfusão e vasoconstrição periférica, o que não é bom.

A perfusão, segundo Wandervam, é o mecanismo que leva sangue para os pulmões. Já a vasoconstrição periférica é feita para desviar o sangue de órgãos não vitais para manter vivos órgãos essenciais, como o cérebro e o coração.

“Isso é ruim para o coração, para o pulmão, para os rins e para o cérebro. Foi aí que ele evoluiu para a parada cardíaca e o óbito”, comentou Wandervam.

Tromboembolismo pulmonar
O quadro de Maurílio , porém, começou um tromboembolismo pulmonar. Ele passou mal em 15 de novembro enquanto participava da gravação de um DVD com a dupla Zé Felipe e Miguel, em Goiânia. O sertanejo chegou a cair no palco e foi socorrido pelo produtor e pela parceira Luiza.

O tromboembolismo é uma palavra que reúne dois conceitos, conforme explica o médico cardiologista Maurício Prudente. De acordo com ele, a palavra “trombo” significa coágulo, sangue coagulado. Já “embolia” é uma espécie de corpo estranho que se movimenta pelo sangue.

“É uma doença muito grave [tromboembolismo pulmonar]. É um coágulo que obstrui a artéria pulmonar. Em 25% dos casos ocorre morte súbita”, afirmou médico do cantor.

Veja o histórico de internação de Maurilio:

  • Maurílio foi internado no dia 15 de dezembro, após passar mal durante a gravação de um DVD de outra dupla sertaneja.
  • A equipe médica disse que ele teve uma lesão renal e passou a fazer hemodiálise. A sedação dele foi retirada no dia 17 para que os médicos avaliassem as condições neurológicas dele.
  • No dia 18, o hospital informou que ele seguia melhorando o quadro clínico e que começaria a ser alimentado por sonda.
  • No dia 19, ele passou a respirar espontaneamente e a esposa dele, Luana Ramos, contou que conversou com o marido na UTI e que ele chorou.
  • No dia seguinte, ele foi transferido do Hospital Jardim América para o Instituto Ortopédico de Goiânia (IOG), para dar continuidade ao tratamento com cobertura do plano de saúde. Ele também foi diagnosticado com um inchaço no cérebro.
  • Em 22 de dezembro, o cantor voltou a ter o funcionamento dos rins. No entanto, ele continuava fazendo hemodiálise.
  • Quatro dias depois, o cantor precisou trocar antibióticos após apresentar problemas respiratórios.
    Na manhã do dia 27, o médico disse que o sertanejo teve quadro estabilizado, após apresentar dificuldade para respirar durante o dia e a noite anteriores.
  • Já no dia seguinte, o hospital informou que o cantor voltou a ter uma piora devido ao quadro de choque séptico.
  • Na manhã do dia 29, o boletim informou que o paciente teve nova piora e disfunção no fígado.
  • Horas depois, às 16h30, Maurílio morreu.

 

Fonte:G1

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo