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Vagas para hospedagem estão escassas em Bonito, que prevê retomada do turismo de MS

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O setor do turismo ainda sofre prejuízos causados pela pandemia da covid-19, mas teve, em 2021, uma perspectiva de retomada. Neste fim de ano, principal destino turístico de Mato Grosso do Sul poderá ter o maior número de visitantes, comparado ao período anterior ao pandêmico. A expectativa é que no Natal e Ano-Novo, as vagas fiquem cada vez mais escassas em Bonito.

O presidente do IDB (Instituto de Desenvolvimento de Bonito), Augusto Mariano, explica para reportagem que as dificuldades financeiras e sanitárias de 2020 ainda repercutem nos profissionais de turismo da região. “No período em que ficamos fechados, o restaurante, hotel, atrativos, agências, etc, gastaram reservas que tinham e tiveram que correr atrás de capital de giro de banco.”

“O que está acontecendo hoje é que estamos pagando os financiamentos que fizemos, de médio e longo prazo. O prejuízo é imensurável. Temos hoje, pagado o preço da pandemia e principalmente do fechamento de hotéis, restaurantes, de tudo. Das atividades que, inicialmente, o governo estadual e federal não entendiam como prioritário e essencial. Estamos pagando um preço altíssimo e muita gente ficou no meio do caminho.”

Por outro lado, as ações preventivas à pandemia, tomadas nos últimos dois anos, por meio dos protocolos de biossegurança implantados e adotados pelo poder público e pelo setor privado têm proporcionado uma retomada. “Foi plantado lá atrás, com as ações de promoção e divulgação de marketing, dos protocolos de biossegurança. A gente se preocupa muito com a saúde do munícipe e do turista.”

De julho para cá, nós temos batido sucessivos recordes de visitação aos atrativos turísticos. É o melhor trimestre da história e a perspectiva para o final do ano também é a melhor possível. [Há] uma ou outra vaga sobrando na cidade, em função da distância de agendamento que sempre tem, de última hora, mas a cidade vai lotar.”

Um dos indicadores para o aquecimento do setor é o retorno do público cheio em passeios tradicionais em grutas e com mergulhos. Mariano ressalta que há uma tendência de grupos maiores, como famílias, nos passeios, com uma taxa de permanência maior. “A taxa de permanência era de quatro dias e hoje, as pessoas têm ficado cinco, seis dias, uma semana.”

Dados do Oteb (Observatório do Turismo e Eventos de Bonito) indicam que a parcial de turistas na cidade, entre os meses de janeiro e novembro deste ano, superam a totalidade de 2020. Além disso, o trimestre de setembro, outubro e novembro detém os maiores índices desde 2015, quando o levantamento passou a ser feito pela prefeitura em conjunto com órgãos estaduais.

A reportagem consultou o site Expedia, que agrega estabelecimentos de estadia como hotéis, pousadas, pensões, dentre outros, simulando uma permanência entre 24 e 31 de dezembro, para uma família com dois adultos e duas crianças. Em Bonito e Corumbá, ainda há algumas vagas em determinados locais.

“Tivemos crescimento considerável de setembro a dezembro de 2020, quase chegando a patamares de 2019. Em 2021, começamos ano com boa expectativa, mas infelizmente um pouco antes da Páscoa, começamos a ter um aumento considerável do número de casos mortes, e consequentemente nos afetou – tivemos duas paradas em abril”, detalha o sócio-diretor da agência Passeios & Co., João Gonzales.

Os dados foram trazidos por ele e confirmados pelo Campo Grande News. O final deste ano, na visão do empresário, é que já tenha havido tendência de retomada. “A vacinação estava aumentando e começou a haver diminuição de casos. A gente vive um período ótimo do turismo em Bonito.”

“Normalmente, cerca de 60% do público já vem com a viagem programada. A janela de compra, antes da pandemia, variava de 45 a 60 dias. Com a covid, houve uma mudança no comportamento das pessoas em relação a incerteza do fechamento e novas variantes. Agora, diminuiu para mais ou menos 15 a 35 dias. O cliente compra mais perto do fechamento”.

“Hoje, se alguém quiser se planejar vir para o Natal, existe uma boa quantidade de hotéis com vagas – há uma escassez, pelo menos 70% das vagas foram preenchidas, mas quem ainda está se planejando, pode vir”, diz Gonzales.

Já em outras cidades com certo apelo turístico, como Jardim ou Bodoquena, os leitos já se esgotaram. No entanto, para os dias 31 de dezembro e 7 de janeiro, restam ainda menos vagas disponíveis em Corumbá e Bonito.

Fim de ano – O sócio-diretor da agência Passeios & Co., João Gonzales, reforça que as vagas ficarão cada vez mais difíceis no período da virada do ano e que janeiro promete ser um dos melhores meses. “Tivemos a pandemia em 2020 e consequentemente foi afetado, também tivemos três meses de fechamento total de turismo – abril, maio e junho”.

Gonzales comenta que os locais têm boas condições sanitárias, mesmo antes da covid. “Já tínhamos vários protocolos que eram seguidos, como número de pessoas por grupo número de total por dia. Higienização muito boa de materiais reutilizáveis, como máscara de snorkel, por exemplo”

“Intensificamos ações, melhorando e implementando coisas e com essas medidas positivas e a procura do público brasileiro por viagens regionais e destinos menos aglomerados, o ecoturismo começou a tomar uma visibilidade maior aos olhos do turismo brasileiro e quem está ao redor do Mato Grosso do Sul, estados e países”.

O novo normal – A analista ambiental e diretora de segurança e meio ambiente do Grupo Rio da Prata, Luiza Coelho, explica que a empresa da qual faz parte – que oferece planos de viagem em rios bonitenses – tem tido um movimento dentro do esperado em 2021. Para o fim de ano, ainda há vagas, mas muitas já foram preenchidas com antecedência.

“Quem tem interesse nos passeios têm de reservar o quanto antes, já que há poucas vagas. Mas a movimentação está tranquila, não vai ter superlotação”, garante.

Segundo ela, a expectativa é de que o ano seguinte seja tão bom quanto o final de 2021 tem sido. “A esperança para o ano de 2022 é que seja um ano de movimento bom, sem restrições de lockdown, que seja um ano tranquilo, que a gente possa trabalhar e receber nossos visitantes com muita alegria”.

O presidente do IDB, Augusto Mariano, destaca que havia uma demanda reprimida, em função dos meses de isolamento social. “As pessoas queriam viajar, já que por conta da pandemia, ficaram retidas aos ambientes de home office ou de trabalho, ou geograficamente no seu núcleo de cidade.”

Outro fator é a alta no preço do dólar, que frustra os planejamentos de quem pretende sair do Brasil para turismo, além de uma precificação maior no transporte por meio de aviões. “Temos um dólar nas alturas, o que tem nos favorecido as viagens para outras países, viagens internacionais. Um aumento absurdo da tarifa aérea, que prejudica viagens internacionais, mas também as nacionais”.

Viajar em 2022? – “É difícil falar”, pontua Mariano. Segundo ele, a variante Ômicron do coronavírus, já confirmada em território brasileiro, modifica as expectativas para o próximo ano, além do contexto econômico que o País atravessa – de alta histórica na inflação e índices expressivos de desemprego.

“Quem esperava essa outra [variante]? Holanda fechando até o dia 14 de janeiro, Israel proibindo os seus habitantes de visitar os Estados Unidos. Nova York implantando situações rigorosas, jogando duro, Inglaterra tomando medidas duras e outros países partindo para o lockdown. A gente não sabe, mas temos índice de cobertura vacinal muito alto”, comenta.

O presidente do IDB ressalta que a principal cidade turística do Estado possui bons protocolos sanitários, profissionais treinados e “está totalmente preparada para receber turistas”, tanto pela esfera privada quanto pela pública. No entanto, sua estimativa depende de outras variáveis.

“Temos uma inflação de dois dígitos, a população está espremida no orçamento, mas há demanda reprimida. A maioria quer viajar, mas será que vão ter recurso para viajar? Na minha leitura, o movimento se mantém até o Carnaval. Mas e depois do Carnaval? Eu não sei, a gente trabalha com um cenário otimista, mas com o pé no chão.”

 

Fonte:CGN

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