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Fábrica de Três Lagoas poderia suprir falta de fertilizantes no Brasil

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O Brasil enfrenta custos elevados e dificuldades para comprar os fertilizantes que são usados ​​principalmente na produção agrícola. 

O produto chega a responder por até um terço do custo operacional da soja e do milho, por exemplo.

Com uma estrutura virando sucata há sete anos, uma Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), localizada em Três Lagoas, poderia suprir pelo menos parte dessa demanda.

Com a valorização do câmbio, o aumento dos preços do frete internacional e o escassez de matéria-prima, o preço dos principais fertilizantes utilizados na agricultura brasileira teve alta de mais de 200% e tem impacto diretamente nos custos da produção agrícola do País, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq / USP).

Somente este ano, o preço do cloreto de potássio aumentou 152%, o fosfato monoamônico (MAP) ficou 90% mais caro e o da ureia foi reajustado em 70%, conforme informações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

O principal agravante é que mais de 70% dos fertilizantes usados ​​na agricultura brasileira são importados.

“A oferta desses produtos foi prejudicada pelas restrições impostas pela pandemia. Com a falta de fertilizantes, os preços aumentaram em alguns setores mais emergentes e isso influenciou os custos de produção, o que resultou em maior preço final dos produtos “, disse o doutor em Economia Michel Constantino.  

“De acordo com a falta de oferta e o aumento da demanda, é necessário buscar alternativas de fertilizantes em outros fornecedores ou outras marcas que atender o mercado no curto prazo e incentivar o retorno da produção para que os preços não pressionem toda a cadeia produtiva e sejam elevados para os consumidores finais ”, avaliou.

O consultor de Comércio Exterior Aldo Barrigosse frisa que a falta de fertilizantes prejudica a exclusão da produção. 

“A falta produto acaba aumentando o preço do mesmo no mercado e prejudicando a desvantagem do agronegócio”.  

Estudo realizado pela CNA mostra um avanço no custo total da safra 2021/2022 de cerca de 35% nos estados produtores, ante a safra anterior. 

“O principal causador da alta foram os fertilizantes”, alerta a entidade.  

FÁBRICA

A projeção é de que a indústria bilionária localizada em Três Lagoas teria capacidade de produção de 3.600 toneladas de ureia e 2.200 de amônia por dia. 

A continuidade no projeto poderia pelo menos suprir parte da demanda do Estado e do País.

“A oferta de fertilizantes poderia ser maior [com a UFN3 em operação], equilibrando os preços. Quanto maior a oferta de fertilizantes, menores são os preços, é a lei da oferta e da procura ”, avalia Barrigosse.

Para Constantino, uma unidade seria parte da solução. 

“Para esses casos de aumento de preços ou falta de oferta não há uma solução única e simples, e é importante destacar que para baixar preços só há uma solução, aumentar a concorrência. Para isso, o País precisa atrair novos fornecedores de fertilizantes, fazer acordos bilaterais e incentivar a produção privada dentro do País ”.

A UFN3, que poderia ser parte da solução, está abandonado desde 2014. Conforme adiantado pelo Correio do Estado na edição do dia 3 de novembro, a sinalização da redução na produção de gás natural pela Bolívia pode terminar de inviabilizar o projeto. 

A fábrica tinha como principal matéria-prima o gás natural vindo do país vizinho.

A fábrica integrava um consórcio composto pela Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. Quando foi lançada, estava orçada em R $ 3,9 bilhões. 

Após a Operação Lava Jato, como obras pararam em 2014 com 81% da planta concluída. A Petrobras absorveu todo o empreendimento.  

Em 2018, começou a ser oferecida ao mercado, mas até o momento não houve resolução na continuidade do empreendimento.  

CRISE

A crise de oferta dos insumos foi agravada na semana passada. Depois da China, a Rússia também vai limitar suas exportações de fertilizantes. 

A informação foi confirmada na quarta-feira (3) pelo primeiro-ministro Mikhail Mishustin, e a medida, tomada pelo presidente Vladimir Putin, valerá por pelo menos seis meses.

Ambos os países visam mitigar os efeitos das altas para os produtores rurais locais e da crise energética. 

O impacto para o mercado brasileiro é notável, já que a maior parte dos fertilizantes vem da Rússia e da China.  

De acordo com analistas de mercado, o efeito se estende ao consumidor: custo maior na produção significa alimentos mais caros e acelerada.

Na semana passada, o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, disse que 30% do que o Brasil importa vem da Bielorrússia, que está sofrendo sanções da União Europeia e dos Estados Unidos. 

“Além da questão geopolítica da Bielorrússia, a alta dos fertilizantes tem sido ocasionada por outros fatores, como problemas logísticos no mundo todo, crise energética, aumento da demanda mundial e a própria desvalorização do real”.

No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode ter desabastecimento de alimentos em 2022, por causa da falta de fertilizantes.

“Como deve faltar fertilizante, por falta de oferta no mercado, ele [produção] vai plantar menos, se vai plantar menos, vai colher menos. Menos oferta e procura igual tem aumento de preços ”, disse.  

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina Dias, afirmou na semana passada que tenta dialogar com Canadá, Rússia e Bielorrússia. 

“Eu tenho a possibilidade de ir para a Rússia agora, em seção de novembro, e tratar do assunto. Temos ali a Bielorrússia, que atualmente sofre penalidades e que pode trabalhar como exportações para o Brasil. Estamos trabalhando todas as medidas para antecipar, se houver uma falta, porque ainda não há ”, antecipou.

Fonte:CE

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