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Risco de tsunami após vulcão das Ilhas Canárias entrar em erupção é remoto na costa brasileira

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A erupção de um vulcão em La Palma, uma das ilhas do arquipélago espanhol Ilhas Canárias, no domingo (20) lançou uma nuvem de fumaça e cinzas em parte da ilha.

Lava e fumaça são vistas após a erupção de um vulcão no parque nacional Cumbre Vieja em El Paso, nas ilhas Canárias de La Palma, em 19 de setembro — Foto: Borja Suarez/Reuters

Apesar dos alertas emitidos na semana passada, o risco de um cenário de forte atividade não se confirmou e a erupção verificada é considerada modesta. Autoridades não emitiram alerta de tsunami para qualquer parte do mundo associada ao vulcão.

O fenômeno, antes mesmo de ocorrer, levou a emissão de um alerta amarelo de risco, o que chegou a provocar inclusive o temor da formação de tsunamis que poderiam atingir a costa brasileira, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão.

Especialistas brasileiros são unânimes ao afirmar que o evento não apresenta riscos para o Brasil. A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) destacou que, mesmo após o início da ação eruptiva em La Palma, “o risco para o Brasil segue muito baixo” e que não há nenhum alerta de tsunami.

Lava e fumaça sobem após a erupção de um vulcão na Espanha  — Foto: REUTERS/Borja Suarez

“Esse assunto foi discutido na mídia uns 20 ou 30 anos atrás quando foi publicado um trabalho de geólogos americanos sobre a possibilidade de desabamento de uma parte da ilha provocar um tsunami no Brasil”, citou Marcelo Assumpção, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP) em comunicado divulgado pela RSBR.

“Na época, a conclusão foi de que a probabilidade de que o deslizamento fosse suficientemente grande para provocar um tsunami perigoso era muito pequena”, explicou Assumpção.

A fumaça sobe no vulcão Cumbre Viegja na ilha de La Palma nas Canárias, Espanha — Foto: AP Photo/Jonathan Rodriguez

Segundo Assumpção, para que um tsunami chegasse ao Brasil, a atividade vulcânica teria de ser excepcional para derrubar uma parte da Ilha provocando um deslizamento gigantesco em direção ao mar: “Teoricamente, o tsunami poderia ser bem grande.” Entretanto, a erupção vista em La Palma está muito longe dessas proporções.

Até o começo da manhã, a atividade forçou a retirada de cerca de 5.000 pessoas (entre elas, cerca de 500 turistas). A expectativa é que não seja necessário ampliar a evacuação. Não há registro de nenhuma morte.

Por sua vez, o professor Aderson Nascimento, coordenador do Laboratório Sismológico da UFRN, reforçou que a possibilidade do fenômeno ocorrer (erupção com colapso de parte da ilha e da estrutura do vulcão) é muito baixa. “A atividade vulcânica na região das Canárias é comum e é monitorada”, afirmou, também em esclarecimento divulgado pela RSBR.

“Na região do Atlântico não existe sistema de alerta porque o risco é baixíssimo”, disse o sismólogo. Ele ressalta, porém, que a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) tem capacidade de monitorar eventuais consequências da erupção caso houvesse ocorrido o pior cenário, que não se confirmou.

Sem risco e sem aviso

 Fumaça é expelida de vulcão no parque nacional Cumbre Vieja em El Paso, na ilha de La Palma, no domingo (19) — Foto: Desiree Martin/AFP

Carlos Teixeira, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutor em oceanografia pela University of New South Walles, na Austrália, também ressalta que nenhum aviso de tsunami foi emitido.

“É um começo na verdade, mas a mensagem é a mesma: não há motivo para preocupação. Não há risco iminente de tsunami, não há nenhum aviso. Então, não se preocupem, a gente está monitorando, acompanhando as notícias, mas não há nenhum motivo para preocupação”, declara o professor.

“A probabilidade da gente ter um tsunami é muito pequena. E mesmo que a gente tivesse, nem todo tsunami é aquela coisa de filme, de 30 metros. Tsunami é uma onda que pode ter centímetros, que é o que acontece na maior parte das vezes, mas nem isso a gente tem no momento”, reforça Teixeira.

Segundo o pesquisador Saulo Vital, professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Coordenador do Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres (NEUD), não existem estudos aprofundados com simulações, porém, devido ao formato da costa brasileira, a região do Nordeste se tornaria a região mais vulnerável, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão.

Alertas emitidos: estado de observação
O professor e pesquisador Saulo Vital explica que existem quatro níveis de alerta, o amarelo é o segundo nível, que trata-se, na verdade, de um estado de observação por causa dos pequenos sismos dos últimos dias. Foi este nível que acabou emitido na semana passada. O pesquisador afirma que o alerta é importante, mas não é dos mais graves.

Segundo ele, o que poderia causar uma tsunami seria uma erupção explosiva, ou seja, o desmoronamento de parte do vulcão. Isso porque, de acordo com ele, os sismos que costumam ocorrer na área do Cumbre Vieja são moderados, e o que pode gerar tsunamis são abalos sísmicos de alta intensidade.

Caso haja uma erupção capaz de desestabilizar a estrutura rochosa do vulcão, causando um desmoronamento, essa queda iria gerar um movimento de massas d’água. Esse movimento criaria altas ondas, que atingiriam toda a costa do Atlântico.
O coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Aderson Nascimento, também ressalta que nenhum alerta foi feito ao órgão.

“Essa chance é muito pequena de acontecer. A gente como órgão de sismologia, ninguém soube de nenhum alerta que foi emitido pelo serviço geológico espanhol ou algum órgão oficial dizendo que isso está acontecendo”.

Uma nuvem de fumaça sobe após a erupção de um vulcão no Cumbre Vieja  — Foto: REUTERS/Borja Suarez

Veja onde está o vulcão — Foto: Arte G1

 

 

Fonte:G1

 

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