De acordo com o SGB-CPRM, a seca no Bacia do Paraguai, que abriga o Pantanal, é ainda pior que a do ano passado quando o bioma teve cerca de 30% de sua área queimada: foram 21 mil focos de incêndio. Na semana em que o rio atingia seu nível mais baixo desde 1967 em Cáceres, bombeiros e brigadistas enfrentavam em incêndios nos dois lados do Pantanal. Ao sul, o fogo atingiu o Parque Nacional da Serra da Bodoquena – unidade de conservação abrange os municípios de Bodoquena, Porto Murtinho, Bonito e Jardim, em Mato Grosso do Sul. Especialistas apontam que a área queimada passa de cinco mil hectares. Ao norte, os bombeiros de Mato Grosso precisaram de quase uma semana para controlar o fogo que consumiu dois mil hectares de vegetação, em área próximo à Rodovia Transpantaneira, no município de Poconé.
O boletim semanal de monitoramento da estiagem na Bacia do Rio Paraguai, emitido na sexta-feira à noite, indica que o nível do rio chegou a 65 centímetros na estação de Ladário (MS), uma queda de 30 centímetros em duas semanas. Considerada um termômetro da situação de seca no Pantanal, a estação está registrando sua quinta pior vazante desde 1901 (quando começaram as medições ali) – o nível esperado para esta época do ano é acima de quatro metros (400 cm).
Em reunião virtual semana passada na Sala de Crise do Pantanal da Agência Nacional de Águas (ANA), o geólogo Marcus Suassuna, pesquisador do SGB-CPRM alertou que a Bacia do Rio Paraguai caminhava para “o terceiro ano consecutivo com déficit significativo de chuvas”. De acordo com as projeções do órgão, a estação de Ladário deve atingir a mínima de – 44 centímetros por volta de 20 de outubro; no ano passado, a mínima ficou em – 32 centímetros. O SGB-CPRM aponta para riscos no abastecimento de água da região.
Seca no Rio Paraguai, fogo no Pantanal
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), há áreas do Pantanal, tanto no Mato Grosso quanto no Mato Grosso do Sul, onde não chove desde o começo de junho. Esses mais de 60 dias de estiagem dificultam o combate aos incêndios apesar de, em julho de 2021, o Pantanal ter registrado 508 focos de incêndio, de acordo com o Programa Queimadas, do Inpe, menos de um terço dos registrados no mesmo mês, no ano passado.
A seca facilitou que o fogo se espalhasse no entorno do Parque da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, onde bombeiros e brigadistas enfrentam o incêndio em três frentes. Integrantes da Brigada Nacional Wellington Peres, do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), sediada em Brasília, foram deslocados para ajudar no combate ao fogo na unidade de conservação. De acordo com o ICMBio, o incêndio está prestes a ser controlado.
Em Mato Grosso, o maior incêndio florestal registrado em 2021 começou sábado, 07/08, em uma propriedade particular na região da Estrada Parque Transpantaneira, em Poconé (a 104 km de Cuiabá) e foi controlado pelo Corpo de Bombeiros nesta sexta (13/08). Para conter o fogo, que atingiu dois mil hectares, os bombeiros tiveram apoio de duas aeronaves e reforço de moradores e empresas da região que cederam caminhões-pipa, tratores e caminhonetes.
Ambientalistas do Pantanal confiam que, apesar da estiagem mais grave, o desastre causado pelo fogo tende a ser menor em 2021. “Temos um controle bem mais efetivo dos governos estaduais e também uma conscientização muito grande dos atores da região levando em conta o tamanho da catástrofe em 2020”, avaliou Cássio Bernardino, coordenador de projetos do WWF-Brasil, em entrevista à TV Morena.
Fonte: Oscar Valporto