Mato Grosso do Sul segue sem casos confirmados oficialmente da variante Delta, mutação do coronavírus que fez casos leves crescerem mesmo em países onde a vacinação estava avançada. Até o momento, o governo de Mato Grosso do Sul aposta todas as fichas na imunização da população para evitar quadros mais graves e descarta medidas restritivas.
“Aqui no Mato Grosso do Sul [a variante Delta] ainda não foi identificada, mas é uma situação que a gente tem que cuidar e por isso a importância de vacinar o máximo possível no tempo mais curto possível”, disse o presidente do comitê gestor do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia), Eduardo Riedel.
O secretário estadual de Infraestrutura ressalta que, na visão do governo, seria “muito difícil” evitar a chegada da cepa em território sul-mato-grossense. Segundo ele, seria necessária “uma mobilização gigante para ser bem feita”.
Seria uma ação ineficaz por parte do Estado bloquear fronteira ou impedir o acesso de ir e vir. A grande medida preventiva se chama vacina”, afirmou Riedel.
Riedel é presidente do comitê gestor do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança da Economia), programa que dita algumas das restrições sanitárias adotadas pelo Mato Grosso do Sul. “Vão tomar a segunda dose, por favor. Muita gente que negligencia a segunda dose, vá tomar para estar imunizado, essa é a grande prevenção para a variante Delta”, finalizou.
Circulação da variante – Em coletiva na semana passada, a secretária-adjunta de Saúde, Crhistinne Maymone, afirmou que possivelmente a variante Delta já esteja em circulação no Mato Grosso do Sul, ainda que não haja confirmação oficial até o momento. Até o momento, 11 estados brasileiros, incluindo quatro que fazem divisa com MS, confirmaram ao menos um registro dessa variante.
Nós ainda não temos a comprovação da variante Delta entre nós, mas possivelmente ela já esteja entre nós. Não temos os dados efetivos, porque estamos ainda aguardando resultados da nossa vigilância genômica”, afirmou Maymone.
Segundo o diretor-geral do Lacen (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul), Luiz Henrique Ferraz Demarchi, de todas as amostras analisadas até a última sexta-feira (6), nenhuma teve confirmação da variante Delta.
Demarchi destaca que ainda é impossível afirmar com certeza a presença desta mutação em território sul-mato-grossense e que há outros critérios para fazer o sequenciamento genético. Mesmo que o paciente seja um caso suspeito dessa variante, sua amostra pode ser inviável para ser analisada. “Não posso dizer se está ou não circulando. Fazemos o monitoramento, mas às vezes demora a vir o resultado”.
“Pode ter alguns casos [de variante Delta], mas não tem como o paciente olhar se é um caso suspeito. Analisamos quando o paciente está em caso grave, internado, se teve evolução rápida, aí sim a gente olha se a amostra está viável para sequenciamento ou não. Não adianta a vigilância sinalizar a amostra e ela não ser viável para sequenciamento”, explica.
Mato Grosso do Sul já confirmou pelo menos 15 outras variantes do vírus que causam a covid-19. Segundo atualização mais recente, a variante P.1 está presente em 40,1% das amostras coletadas pelo Lacen, seguida pela B.1.1.28, mutação que teve início no Brasil, confirmada em 21,8% dos casos. Na sequência, a P.2, que surgiu no Rio de Janeiro, aparece em 17,3% dos exames coletados e a B.1.1.33, também brasileira, em 14,1% dos registros.
“Temos prevalência maior da B.1.1.28, desde o início da pandemia, depois tivemos a P.1 também”, diz o diretor do Lacen.
O que se sabe – Estudos preliminares ressaltam o alto poder de transmissibilidade da variante Delta, ainda que sua letalidade não tenha sido destacada. Em países europeus, tais como Portugal ou Reino Unido, assim como nos Estados Unidos – todos com avanço na vacinação – essa variante tem sido responsável por um novo crescimento de infecções.
Até mesmo por conta do estágio avançado na imunização, esses casos não têm se refletido tanto na quantidade de internações e óbitos nesses países. Apesar disso, a Índia sofreu com a mesma variante e teve colapso na saúde pública. “Ela [variante Delta] é nova, tem certo tempo, mas o que se sabe é que tem poder maior de transmissibilidade. Vimos na Índia uma situação bem caótica, por exemplo”.
“As medidas protetivas são as mesmas – distanciamento social, vacinação. Insistir na imunização para que todos que estão contemplados pela faixa etária tomem mesmo a vacina, você diminui a circulação viral e diminui a chance do vírus se mutar”, diz Demarch.
Fonte:CGN