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Embrapa alerta: é hora de proteger o gado dos rigores de nova frente fria

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A Embrapa-Gado de Corte, unidade sediada em Campo Grande (MS),  lançou nessa segunda-feira um alerta para que pecuaristas adotem estratégias para reduzir os danos que podem ser causados pelo frio extremo, previsto para atingir regiões do Brasil e de Mato Grosso do Sul a partir destas quarta-feira, 28. A nota técnica que alerta os produtores é assinado pelos pesquisadores Luiz Orcírio Fialho de Oliveira e Antônio do Nascimento Ferreira Rosa.

No passado Mato Grosso do Sul sofreu prejuízos com a mortandade de bovinos por hipotermia. Segundo Luiz Orcírio, que é Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologias da unidade, uma outra frente fria já havia provocado recentemente geadas em diversas localidades do Centro Sul Brasileiro, causando prejuízos às lavouras e às pastagens.

As geadas podem prejudicar tanto a camada externa quanto interna das plantas, como resultado do congelamento das estruturas – vasos, tecidos e células vegetais, levando a morte de diversas partes aéreas das plantas.

Estratégias nutricionais para o inverno

Segundo a nota técnica, a Embrapa Gado de Corte e outras Unidades da empresa de pesquisa há muitos anos realizam pesquisas sobre a convivência da pecuária com a seca, desenvolvendo tecnologias como: “feno em pé” – reserva de pasto vedado; desenvolvimento de cultivares de capim elefante; produção e armazenagem de volumosos (fenação, silagens de capins, etc.); adubação de pastagens, cultivares de pastagens mais resistentes, suplementação mineral, proteica e energética, entre outras.

Entretanto, em um país predominantemente tropical como o nosso, é patente a dificuldade de convivência com eventos climáticos tão severos como verificados neste ano, com associação simultânea de frio e seca intensos. Acrescenta-se a essa questão, a redução drástica de produção de grãos e de outros alimentos, o que tem elevado significativamente os custos de alimentação e suplementação alimentar dos animais.

Para minimizar os impactos e tentar proteger os animais, a sugestão dos pesquisadores é que sejam tomadas ações preventivas para enfrentar os efeitos da geada no campo:

Proteção florestal – áreas florestadas ou invernadas contendo “capões de mata” podem servir de agasalho aos animais contra os ventos gelados e as temperaturas a céu aberto.

Proteção contra correntes de ventos 

Os ventos predominantes das frentes frias na região centro-sul são dos quadrantes sul/sudoeste. Assim sendo, tente posicionar os animais em invernadas que possuam barreiras naturais (morros) ou vegetais (árvores, reservas) para amenizar o efeito dos ventos frios. Evite correntes de ar frio, geralmente canalizadas, ao longo dos cursos d’água.

Os animais tentam naturalmente proteger-se dos ventos frios que vêm no sentido sul e caminham para locais mais protegidos, em direção ao norte da propriedade. Se for preciso, deixe abertos os cantos de cerca na direção por onde caminham os animais em busca de proteção;

O ideal é proteger os animais mais debilitados do rebanho. Caso consiga, aparte os animais mais fracos e leve-os para uma área protegida próximo da sede – piquete ou curral da propriedade – e busque suporte alimentar para os mesmos;

Mantenha os animais suplementados à medida do possível. Eles passarão por momentos difíceis, tanto no período do frio quanto após o frio – devido os prejuízos que as geadas causam para o valor nutricional das pastagens.

Cuidados após a geada 

Em situação de reserva suficiente de massa das pastagens, suplemente os animais com suplementos proteicos que visam melhorar a digestibilidade e o consumo da forragem.

Caso não tenha reserva de massa das pastagens – deve-se avaliar a possibilidade de suplementação com volumoso (feno, cana, capineiras), próprio ou adquirido, ou com suplementos concentrados (ração de semi-confinamento).

Entretanto, em razão dos altos custos desta alimentação dos animais, recomenda-se que seja avaliada a possibilidade da retirada dos animais da propriedade em tempo hábil (antes que percam muito peso) – seja pela venda, parceria com outro produtor ou mesmo pela contratação temporária de um confinamento do tipo “boitel”. Lembrando que essa última alternativa é extremamente onerosa, mas vale a máxima de que em alguns momentos “prejuízo pouco é lucro”.

Pastagens e rebanho

Após o retorno do período das águas é importante que seja feita uma avaliação dos estragos causados pela geada e pela seca, a fim de se planejar a necessidade de recuperação de pastagens e o ajuste do efetivo do rebanho, com relação à capacidade de suporte da fazenda – visando sua recuperação gradativa.

Oportunidades de parcerias e de adoção tecnológica podem ser importantes neste momento, assim como a reorganização do modelo por meio da introdução de áreas mais florestadas (formações de capões e outras reservas), adoção dos modelos integrados de produção (lavoura-pecuária-floresta ou apenas pecuária-floresta).

Perdas devem ser contabilizadas

A nota técnica finaliza recomendando que, como os impactos sobre a saúde econômica das propriedades ainda é muito difícil de ser previsto, é importante que as entidades de classe (sindicatos, federação e associações de criadores, dentre outras), organizem-se para a realização de um estudo de impacto econômico da produção pecuária, em busca de subsídios para a reinvindicação de apoio financeiro ao setor.

Com as perdas. fatalmente vem a necessidade de prorrogação de dívidas de custeio e investimentos, além da aquisição de linhas de financiamento para recuperação de pastagens, manutenção ou recuperação de rebanhos.

 

Fonte:CGN

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