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“Sereias do Miranda” promovem o turismo de pesca e a culinária regional

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No distrito de Águas do Miranda, a 74 quilômetros do município de Bonito, um grupo de mulheres é conhecido por serem as pescadoras que não só vestem camisa, colete e chapéu, mas saem de vara na mão prontas para fisgar peixe grande. Elas fazem parte do “Sereias do Miranda”, o primeiro projeto brasileiro que visa exclusivamente promover o turismo feminino por meio do pesque e solte.

“A intenção é atrair mais mulheres para a nossa região. Desde quando só o homem que faz pescaria? Mulher que não pega peixe bom virou passado”, comenta a idealizadora e gestora ambiental Jaqueline Aparecida dos Santos, 36 anos, que também é fundadora e presidente da AMA (Associação Mulheres do Águas).

Mesmo com a agenda comprometida por ser professora na rede estadual, Jaqueline vez ou outra ainda consegue ter um tempinho para pôr a prática da pesca amadora em dia.

“Meus pais, tios e avós, todos eles foram pescadores. Para mim, pescaria é tudo. Ainda mais no rio Miranda, onde me sinto liberta, em paz, no melhor lugar do mundo. Tudo que minha família conquistou devemos ao rio”, agradece.

Como forma de retribuição, Jaqueline sempre quis encaminhar seu querido distrito à mesma rota do ecoturismo que o vizinho Bonito é consagrado. Até mesmo porque Águas do Miranda ainda sofre com o turismo sexual, extrativista e de pescaria ilegal. Pois foi no início do mês que ela trouxe uma edição do “Delícias do Anzol” em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), curso de capacitação que teve o chef Marcílio Galeano e o piscicultor Luiz Carlos Accorsi como ministrantes.

Como “piloto”, capacitação em práticas sustentáveis e manejo dos ingredientes, além do preparo de receitas regionais.
Curso “Delícias do Anzol”, em parceria com o Sebrae MS, reuniu 30 participantes dos mais diferentes segmentos.

“Abrimos vagas não só para mulheres e pescadoras, mas para a comunidade, entre guias turísticos e outros profissionais que se interessassem pela temática. Divididas em duas turmas, no total de 30 pessoas, onde foi ensinado como armazenar de forma adequada os materiais e ingredientes naturais de pesca, além de – na parte da cozinha – o prepara de um sashimi de piranha e a novidade do ceviche pantaneiro”, explica Jaqueline.”Ideia aqui é, fora agradar o turista que vem nos visitar, fazer tudo de maneira sustentável e – porque não – rústica. Mostrar a nossa cultura e identidade, nossa verdadeira essência”.

Para ela, quanto mais comunidade cresce e agregue valor a si mesma, mas o distrito todo ganha. “Tenho muitos planos e, em conversas com a Secretaria de Meio Ambiente, surgiu esse primeiro curso como ‘piloto’. Só assim vamos nos encaminhar em uma nova visão turística, tanto de pesca quanto economia sustentável, em que nosso rio Miranda seja merecidamente preservado”, afirma.

Participante faz corte de peixe para ser servido como sashimi; na ocasião também foi ensinado o ceviche pantaneiro.

Plano em prática – No momento, o Sereias do Miranda consiste em 5 guias femininas na empreitada. “Mas outras já estão no ‘forno'”, brinca a fundadora.

“São todas pescadoras profissionais, mães e dona de casa. Por aqui, não temos um campo de trabalho muito definido para elas, por isso o ‘Sereias’ veio a calhar. Elas não só conhecem o rio, mas vivem dele”, esclarece.

“Pescadoras “Pescadoras do MS”: ideia é fomentar turismo ecológico, gerar economia criativa e trazer renda mais à comunidade.

“Com participação exclusivamente feminina, é para dar esse conforto ‘extra’ às turistas, criando uma relação de proximidade e, ao mesmo tempo, confiança. Tirando todo o arquétipo que mulher não sabe pescar e não tem ‘muque’ para puxar peixão”, finaliza.

Até o momento, uma “grife” da marca já foi criada. A partir de agosto, o grupo promete dar um passo à frente no que tange à organização do projeto – mas ainda sim na fase de levantamento, tanto em termos de estrutura quanto de patrocinadores.

Você pode acompanhar no perfil do Instagram de Jaqueline.

Fonte: OPantaneiro

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