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O Pantaneiro completa 56 anos provando que superação é desafio diário

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Resistimos à censura, passamos por vários governos, crises econômicas, ressurgimos após enchentes devastadoras provocadas pelo ciclo das águas no nosso Pantanal. Com o advento da internet, nos reinventamos, mas também encaramos desafios, como o de seguir nosso caminho honestamente, mesmo vendo a concorrência chegar com vontade de tomar nosso lugar.
Com o surgimento das redes sociais, pudemos ficar mais perto ainda do nosso leitor, mas também passamos a enfrentar enxurrada de críticas, desproporcionais muitas vezes. Convivemos com a polarização política.
O Pantaneiro nunca abandonou o impresso, apesar de ter se tornado multimídia (Foto: Cristiano Arruda)
A lista de obstáculos na nossa trajetória rende muito mais que um parágrafo. Mesmo assim, nunca abandonamos o papel jornal, o gosto por estampar notícias à tinta, assim como jamais nos esquecemos do nosso papel como jornal, como veículo de comunicação que tem uma única missão: a de entregar informação de qualidade.
Agora, por último, inserimos na nossa biografia mais um revés. O de fazer jornalismo contra um inimigo invisível, um vírus que assola o País e o mundo. Neste 5 de maio, O Pantaneiro completou 56 anos, “mais de meio século contando a sua história”.
No primeiro ano da covid-19, sofremos junto com as famílias dos milhares de aquidauanenses e anastacianos infectados, com a nossa gente, que perdeu mais de uma centena de pessoas. Mas seguimos em frente, narrando as despedidas, mas também retratando os renascimentos. Sobrevivemos para observar e relatar a dualidade que só uma pandemia poderia proporcionar.
História
Neste aniversário do veículo de comunicação, que é referência para Aquidauana, Anastácio e região, recordar como chegamos até aqui, também é um ato de resistência, a nossa contribuição em forma de registro histórico para o amanhã tão incerto.
Impressora offset, que há mais de meio século nos acompanha (Foto: O Pantaneiro/Arquivo)
Em 5 de maio de 1965, um ano após o Golpe Militar no Brasil, Aldo Royg, o gráfico, Augusto Alves Correa, o jurista, e Oscar Barros Filho, o odontólogo, desenharam e preencheram as primeiras páginas de O Pantaneiro. E assim fizeram por uma década de edições que sempre se preocupavam em retratar o cotidiano do homem pantaneiro e os acontecimentos mais importantes por aqui.
Em 1975, o professor e sindicalista, José Lima Neto, recém-chegado a Aquidauana, assumiu o fazer daquelas páginas, distribuídas semanalmente. Seu Lima, como é conhecido, até hoje dá as coordenadas para a redação.
Por 40 anos, Lima Neto teve um braço direito. Alice Bonafé Tavares Lima, esposa do editor e diretora comercial de O Pantaneiro, faleceu na madrugada do dia 21 de novembro de 2015. A data é lembrada por Rhobson Tavares Lima, filho do casal e colaborador do grupo desde 2003, como uma das mais difíceis de sua vida como profissional da imprensa. “Ela era nosso esteio. Fiquei sabendo na madrugada e tive de sentar e escrever uma notinha do falecimento. Isso me marcou bastante”.
Mais lembranças
O Pantaneiro sempre foi uma empresa familiar. Rhobson conta com a ajuda dos irmãos Vladmir Tavares de Lima e Arethéia Tavares Lima Pellicioni, da esposa Lise Rossi Jones Lima e do cunhado Gustavo Pellicioni na condução do veículo, hoje multimídia.
Antiga sede de O Pantaneiro, numa das piores enchentes da história de Aquidauana (Foto: O Pantaneiro/Arquivo)
Os irmãos cresceram dentro do jornal. A casa da família, que no passado ficava na Rua 7 de Setembro, era integrada à redação e parque gráfico. E é justamente daquele endereço que vem mais uma das lembranças. Em 1989, Aquidauana enfrentou uma das piores enchentes da história. “Fomos ribeirinhos por mais de 20 anos e estávamos viajando, eu, minha mãe e meu pai. Quando chegamos de São Paulo, só tinha o telhado para fora. Um prejuízo muito grande. Foi quando minha mãe disse que a partir daquele dia nossa meta era sair dali e conseguimos comprar o terreno para construir aqui na 15 de Agosto”, conta Rhobson.
Um dos comandantes do grupo diz buscar forças, até hoje, na garra dos pais, para honrar com o compromisso que a família assumiu, lá em 75. “O Pantaneiro só parou enquanto estava debaixo d’água. Meu pai não tinha direito de ficar doente e cada edição para ele é como um filho”.
Nem as dificuldades financeiras impostas pela situação econômica do País, o desanima. “Se tem uma coisa que vale muito mais que dinheiro, é a credibilidade”, comenta o herdeiro das ideias do pai, sobre na era da fake news, a notícia publicada por O Pantaneiro ter carimbo de verdade.
Rhobson se lembra até que no fazer diário do jornalismo, O Pantaneiro serviu até como provas periciais. “Tinha uma loja de pneus bem grande que pegou fogo. Naquele dia, eu fui fazer as fotos para o jornal e até me questionaram: ‘vai ficar aí tirando foto, não vai ajudar não?’. Pensei, vou fazer meu trabalho. Bem depois, o dono da loja nos procurou. Ele precisava das fotos como prova de que havia acontecido o incêndio para acionar o seguro”.
Numa outra ocasião, se recorda Rhobson, um perito ficou sem a câmera em plena cena de crime. “Tive que respirar fundo e entrar lá para fotografar o corpo”.
Essas e outras tantas histórias têm importância para dizer que O Pantaneiro não se acanha em reafirmar que faz o verdadeiro jornalismo comunitário. Em nossas páginas, online ou impressas, estão as informações que a comunidade busca e precisa.
Receber os parabéns nos enche de orgulho, mas só aumenta nossa responsabilidade. Comemoramos esse aniversário em meio a um turbilhão, mas em respeito aos leitores que, nos acompanham todos os dias, iniciamos mais um ano de O Pantaneiro com fé de que estaremos juntos por mais 56 ou mais quantos anos for possível!”
Seu Lima e Alice, que faleceu em 2015 (Foto: Arquivo de família)

 

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