Mesmo diante das adversidades climáticas enfrentadas pelos produtores rurais, Mato Grosso do Sul registrou crescimento de 17,8% na safra 2020/2021 de soja.
Foram colhidas 13,305 milhões de toneladas da oleaginosa, ante 11,325 milhões de toneladas colhidas no ciclo 2019/2020.
Segundo o levantamento da equipe técnica do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS), divulgado ontem (27), esta é a maior produção de soja registrada na história do Estado. A estimativa do Siga-MS projetava 11,222 milhões de toneladas.
De acordo com o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, os dados positivos são um reflexo do investimento em tecnologia e aumento de área.
“Esses números se devem a todo esse movimento do crescimento da soja em Mato Grosso do Sul, que entrou em novas áreas”.
“Essa incorporação se fez por meio de tecnologias elevadas que mudaram o agronegócio nos últimos seis anos. Já tivemos duas boas safras, com boas perspectivas. Isso tem permitido um crescimento substancial”, disse Verruck.
A área semeada de soja foi de 3,529 milhões de hectares, aumento de 4,1% em relação à safra passada, quando 3,389 milhões de hectares foram destinados à cultura.
Vários municípios deixaram a monocultura e entraram para a lista dos produtores da oleaginosa, enquanto outros, como Campo Grande, aumentaram expressivamente as suas áreas de cultivo.
Ponta Porã é o município que mais aumentou a área cultivada com soja, com 15 mil novos hectares destinados à cultura, seguido por Nova Andradina, com 12 mil hectares.
A região norte do Estado teve média de 70 sacas por hectare, enquanto o centro fechou em 60 sacas por hectare e a região sul com 62 sacas por hectare. Isso fez com que a média ponderada de produção crescesse no Estado.
“A nossa área estava estimada em mais de 3,6 milhões de hectares, mas, com a auditoria, foi reduzida para 3,5 milhões de hectares”, disse o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MS), André Dobashi.
“Mesmo com essa redução, dada a produtividade média maior, conseguimos recorde de produção que vai colocar Mato Grosso do Sul em uma situação de destaque”, completou.
O clima influenciou tanto no plantio quanto na colheita da soja, que registrou atraso de três semanas.
A safra 2020/2021 foi marcada por estiagem no início da semeadura, entre setembro e outubro, e excesso de chuvas no período de desenvolvimento (janeiro).
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), Mauricio Saito, o produtor tem tomado decisões acertadas na hora de lidar com os desafios.
“A consolidação favorável do encerramento da safra de soja no Estado é reflexo, principalmente, do empenho e da sustentação por parte dos produtores, que na tomada de decisão souberam lidar com os desafios agrícolas nesta temporada, fruto de tecnificação e gestão de negócio”, destaca.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que Mato Grosso do Sul está em quinto lugar no ranking nacional dos maiores produtores e com um “grande horizonte de expansão para os próximos anos”, complementa Saito.
MILHO
Com o atraso na colheita da soja, consequentemente a semeadura do milho safrinha também sofreu atraso. O que gera instabilidade e apreensão por parte do produtor.
De acordo com estimativas do Siga-MS, a projeção é colher 9,013 milhões de toneladas de milho, queda de 15% em relação ao ciclo anterior, quando a safrinha atingiu 10,618 milhões de toneladas.
Apesar da queda da produtividade, a área plantada apresenta crescimento de 5,7% em relação ao ano anterior. Na safrinha 2019/2020, a área semeada foi de 1,895 milhão de hectares, a estimativa para a safra atual é de 2,003 milhões de hectares.
Já a produtividade estimada é de 75 sacas por hectare, ante as 93 sacas por hectare colhidas no ciclo passado. O boletim técnico aponta que “os produtores estão apreensivos com o desenvolvimento da cultura, em virtude da escassez de chuva na região e do impacto que poderá causar no rendimento de grãos”.
Segundo a Aprosoja, 56% da área destinada ao milho foi semeada na janela ideal de plantio, enquanto 44%, restante da área, têm maior risco de enfrentar condições adversas, como estiagem e geada durante o seu desenvolvimento.
“Sempre que temos a semeadura de soja concentrada no fim de outubro e começo de novembro, consequentemente, temos más notícias para o milho, que acaba sendo semeado em uma janela que não é a ideal, já em meados de março”.
“Com isso e com as previsões pessimistas do clima, estamos apreensivos e estimando 2 milhões de hectares plantados com média de 75 sacas por hectare”, destaca Dobashi.
Fonte:CE